Nvidia: empresa divulga resultados nesta quarta-feira, 19 (ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / Colaborador/Getty Images)
Repórter
Publicado em 19 de novembro de 2025 às 05h31.
Avaliada em mais de US$ 4 trilhões, a Nvidia (NVDA), empresa mais valiosa do mundo, divulga resultados nesta quarta-feira, 19 — e todos os olhos do mercado estão atentos. A divulgação acontece pouco tempo depois de o SoftBank (SFTBY) liquidar sua participação e do capitalista de risco Peter Thiel vender todos os papéis da companhia. No rastro desses acontecimentos, vem a dúvida: a bolha da inteligência artificial (IA) existe? E, se resposta for positiva, vai estourar?
É isso que os investidores esperam que o balanço da Nvidia responda. A expectativa é alta. O risco também.
Segundo estimativas da Visible Alpha, empresa de dados financeiros, a Nvidia deve reportar lucro ajustado de US$ 1,26 por ação e receita recorde de US$ 55,4 bilhões — salto de 60% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Se os resultados decepcionarem, o impacto poderá atingir o restante das empresas de IA e até o mercado como um todo. Isso porque a Nvidia se tornou símbolo do movimento de investimentos em inteligência artificial, que tem elevado a dívida das empresas de tecnologia, enquanto investidores se perguntam: os retornos vão mesmo compensar o capital investido?
No ano, ações da Nvidia acumulam alta de 31%, apesar da queda de quase 10% desde o pico de US$ 212 registrado em outubro, que tornou a empresa a primeira a atingir US$ 5 trilhões em valor de mercado.
Entre os papéis das chamadas “Magníficas Sete” (Apple, Amazon, Alphabet, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla), a maioria recuou nos últimos cinco dias, assim como o índice Nasdaq Composite. Investidores esperam que o desempenho da Nvidia possa reverter esse movimento.
Apesar do otimismo generalizado — 12 dos 13 analistas que cobrem a companhia recomendam compra — há sinais de cautela. Em três dos últimos quatro trimestres, mesmo com resultados recordes, a ação caiu após os balanços.
O medo de uma bolha cresceu com alertas de líderes do setor e a saída de grandes investidores. Além do SoftBank e de Thiel, o investidor Michael Burry também apostou contra a Nvidia, e alegou que grandes empresas de nuvem estariam inflando artificialmente os balanços ao estender a vida útil de chips da companhia.
Para sustentar seu valor, a Nvidia precisa manter margens saudáveis mesmo com a complexidade crescente de seus produtos. A expectativa é que a margem bruta ajustada caia quase dois pontos percentuais, para 73,6%, enquanto o lucro líquido deve atingir US$ 29,54 bilhões — alta de 53% no ano.
Há dúvidas também sobre como a empresa vai equilibrar investimentos, como os US$ 100 bilhões comprometidos com a OpenAI, e os US$ 5 bilhões aplicados na Intel (INTC), diante do caixa de US$ 11,6 bilhões reportado em julho.
Mesmo com a desaceleração no crescimento, a demanda por chips da Nvidia segue elevada, especialmente entre gigantes como Microsoft, que investem bilhões em data centers para IA. O CEO Jensen Huang afirmou em outubro que a companhia já tem US$ 500 bilhões em encomendas até 2026.
A fabricante enfrenta gargalos logísticos, como capacidade de empacotamento da TSMC, e desafios com exportações para a China, onde não pode vender seus chips mais avançados. Huang afirmou que não há negociações ativas para adaptar o chip Blackwell ao mercado chinês.
Por ora, o velho ditado de Wall Street de que “uma ação não faz um mercado” parece não se aplicar. Para o gestor Neil Azous, em entrevista à Reuters, “a Nvidia tem poder de movimentar o mercado inteiro”.