Repórter de finanças
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 19h18.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central (BC), afirmou na tarde desta quarta-feira, 12, que a política monetária tem surtido efeito, "mas de uma maneira gradual e lenta”. Segundo ele, os dados vêm mostrando isso, o que é positivo. “Lento e gradual é bastante incômodo para o BC, mas, por outro lado, esse gradualismo também colabora para emagrecer o outro risco de cauda.”
Esse risco de cauda, explica Galípolo, era de que a taxa de juros em patamares elevados poderia levar a um declínio mais agudo da economia – mas os dados não vêm mostrando isso. Outro risco de cauda que diminuiu, segundo a autoridade, foi o ceticismo em relação à efetividade da política monetária em controlar a inflação. Ceticismo esse existente no começo do ano.
O presidente do BC também comentou sobre o investimento mais popular entre os brasileiros: a poupança. Para ele, essa questão precisa ser analisada de forma mais profunda. "A poupança é um produto apoiado na desinformação, um Robin Hood às avessas. Porque a pessoa que [guarda seu dinheiro na poupança] não tem informação, é a que não tem acesso a outras alternativas. Geralmente é uma pessoa que talvez não tenha tanto recurso. Você está sub-remunerando esse poupador para dar uma linha de crédito mais barata para alguém do outro lado, o que não necessariamente é o mais correto do ponto de vista de progressividade da política econômica", disse no evento da Bradesco Asset que a EXAME esteve presente.
Galípolo também comentou sobre a busca de pistas para o início de corte de juros. “Em nenhum momento na comunicação a gente está tentando dar qualquer tipo de sinal. Obviamente a gente entende para quem está no mercado e é obrigado a fazer posições e apostas sobre o que vai acontecer. Ou quando vai acontecer. Está tudo certo. Mas o BC não está dando sinais sobre qualquer tipo de movimentação futura, seja para aquilo que ele possa fazer ou que ele possa não fazer”, afirmou Galípolo.
A autoridade ainda disse que enxerga riscos elevados do ponto de vista da incerteza. “O que reforça essa postura mais cautelosa, mais dependente de dados, é que se a gente pegar todos esses cenários de choques de incerteza, a discrepância entre aquilo que se imaginou originalmente e o que está acontecendo, tem sido bastante alta. E é por isso que a gente não tem sinalizado sobre passos futuros, tem aguardado”, afirma