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Prata supera US$ 53 pela 1ª vez: o que está por trás da alta do metal?

Com estoques em baixa e forte demanda, preço do metal atingiu patamar inédito

Prata: cotação à vista bateu recorde de US$ 53,55 nesta terça-feira, antes de recuar novamente (asbe/iStock/Getty Images)

Prata: cotação à vista bateu recorde de US$ 53,55 nesta terça-feira, antes de recuar novamente (asbe/iStock/Getty Images)

Publicado em 14 de outubro de 2025 às 11h59.

A cotação da prata atingiu um novo recorde nesta terça-feira, 14, ao tocar US$ 53,55 por onça no mercado de Londres — superando a máxima anterior de janeiro de 1980. Após o pico, os preços à vista recuaram 3,4%, mas seguem em patamar elevado.

A disparada ocorre em meio a um aperto de liquidez no mercado londrino, com estoques reduzidos e forte demanda global, segundo informações da Bloomberg.

A diferença entre os preços em Londres e Nova York, que chegou a atingir US$ 3 por onça na semana passada, caiu para cerca de US$ 1 após o início do transporte de barras de prata por via aérea transatlântica — um método caro, normalmente reservado ao ouro. O movimento tem ajudado a reduzir o prêmio cobrado no mercado europeu, mas a oferta continua restrita.

As taxas de arrendamento da prata em Londres, que refletem o custo anualizado de empréstimo do metal, dispararam para mais de 30% na sexta-feira passada e permaneciam em torno de 14% nesta terça-feira.

O aperto foi intensificado pela forte demanda da Índia e pelos fluxos para fundos de índice lastreados em prata, além de temores de novas tarifas nos Estados Unidos.

Por que a prata disparou

O rali da prata vem superando o do ouro ao longo de 2025. Até meados de outubro, os preços acumulavam alta de 70% em Londres, ante 55% do ouro.

O movimento ocorre em um cenário de instabilidade geopolítica e monetária global, marcado pela guerra da Rússia na Ucrânia e por políticas econômicas pouco convencionais do governo Trump, o que tem levado investidores e bancos centrais a buscar ativos de proteção.

Segundo a Bloomberg, o rali dos metais preciosos também é sustentado por compras de bancos centrais, cortes de juros nos EUA e tensões comerciais recorrentes entre Washington e Pequim.

Diferentemente do ouro, a prata também possui ampla aplicação industrial, sendo usada em painéis solares, veículos elétricos, baterias e dispositivos médicos, além de joias e moedas.

Essa combinação de demanda financeira e industrial tem acentuado a pressão sobre os estoques globais, que estão nos níveis mais baixos em anos.

Segundo a Bloomberg, os estoques em cofres da London Bullion Market Association caíram cerca de um terço desde 2021.

A demanda global vem superando a produção de minas há quatro anos consecutivos, enquanto novas fontes de oferta enfrentam desafios regulatórios e ambientais em países como México, Peru e China — os maiores produtores mundiais.

O risco de tarifas sobre metais estratégicos nos EUA ampliou a volatilidade do mercado. Embora a prata tenha ficado de fora das medidas anunciadas em abril, a possibilidade de novas sanções elevou a demanda especulativa e reforçou o aperto de oferta.

Enquanto isso, o ouro segue em alta, cotado a US$ 4.106,35 por onça em Londres, após ter atingido US$ 4.179,70 mais cedo.

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