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Previ zera posição em BRF e alega 'risco incompatível' em fusão com Marfrig

Fundo de pensão do Banco do Brasil é um dos minoritários que acionou a CVM para que AGE sobre fusão entre frigoríficos fosse adiada

Previ embolsou R$ 1,9 bilhão com venda de participação na Marfrig (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Previ embolsou R$ 1,9 bilhão com venda de participação na Marfrig (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Repórter de negócios e finanças

Publicado em 14 de julho de 2025 às 15h46.

Última atualização em 14 de julho de 2025 às 15h49.

A Previ, fundo de pensão de funcionários do Banco do Brasil (BBAS3), zerou sua participação na BRF (BRFS3). O agora ex-acionista do frigorífico tinha posição na companhia há mais de três décadas. Embolsou R$ 1,9 bilhão pela fatia, que correspondia a menos de 5% do capital da BRF.

Foi atendendo a um pedido da Previ que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou que a assembleia geral extraordinária sobre a fusão com a Marfrig (MRFG3) fosse adiada pela segunda vez.

O fundo de pensão também acionou a Justiça junto com Alex Fontana, herdeiro da Sadia, para suspender a AGE. Os minoritários questionam a relação de troca de ações estabelecida na operação e querem saber como as empresas chegaram aos valores.

No comunicado sobre a decisão de zerar posição na BRF, a Previ afirma que a relação de troca proposta na fusão não reflete adequadamente o valor da BRF, o que poderia resultar em perdas para os acionistas minoritários e, consequentemente, para os associados.

"Ao antecipar-se à efetivação da fusão, a Previ protege o patrimônio dos participantes e reafirma seu compromisso com decisões técnicas, fundamentadas e alinhadas aos melhores interesses do Plano 1", afirmou.

Ainda de acordo com o texto, a Previ alega que a venda integral da posição em BRF ocorre em "um momento oportuno", citando o cenário macroeconômico internacional e "incertezas quanto ao futuro da empresa, após a incorporação pela Marfrig.

"A anunciada fusão entre a BRF e a Marfrig introduz um cenário de grande incerteza quanto à retomada de uma política de proventos consistente, uma prática que já não era uma realidade para os acionistas da BRF nos últimos anos", diz o comunicado.

"Analistas e investidores ponderam se a nova empresa, que nascerá da união, terá fôlego financeiro e uma política definida para manter uma remuneração regular aos seus acionistas, ou se a prioridade será a captura de sinergias e a gestão da dívida, adiando mais uma vez a expectativa de um fluxo de dividendos previsível", continua o texto.

Para a Previ, ainda que Marfrig se mostre uma pagadora de dividendos mais consistente nos últimos anos, "as dúvidas sobre governança, elevado endividamento e estrutura final da companhia combinada adicionam uma camada de risco incompatível com o perfil do Plano 1".

O montante de R$ 1,9 bilhão obtido com a venda da posição residual na BRF vai ser revertido em compras de títulos públicos federais de longo prazo, como NTN-B, "com taxa média de 7,45% até o momento", explica o comunicado.

A BRF anunciou em fato relevante, durante o fim de semana, que a Marfrig elevou sua participação na companhia para 58,87%. O frigorífico ainda não marcou uma nova data para a assembleia que vai tratar da fusão.

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