Redação Exame
Publicado em 30 de setembro de 2025 às 05h57.
As ações da Nvidia (NVDA) têm passado por uma trajetória de alta nos últimos meses. E, para Wall Street, para saber para onde as ações da big tech estão indo, o ideal é olhar para uma outra empresa: a OpenAI.
Na abertura do mercado de segunda-feira, 29, as ações da Nvidia subiram 2,8%, cotadas a US$ 183,24, após um pequeno avanço de 0,3% na última sexta-feira. O movimento segue a tendência observada em outras empresas ligadas à inteligência artificial (IA). Entre os fabricantes de chips, a Advanced Micro Devices (AMD) teve alta de 2,1%, enquanto a Broadcom (AVGO) subiu 0,8%.
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, afirmou em um podcast na semana passada que espera que a OpenAI se torne “a próxima empresa trilionária” no mercado de IA depois de investir US$ 100 bilhões na dona do ChatGPT.
E Ben Reitzes, analista da Melius Research, concorda. Para ele, segundo o Barron's, a OpenAI tem o potencial de ser a empresa mais importante em termos de gerar trilhões em valor com sua visão. Reitzes acredita que o maior desafio está em garantir que a OpenAI e outras empresas do setor tenham o poder computacional necessário para continuar impulsionando o desenvolvimento da IA.
E os investimentos não devem parar por aí.
Jensen Huang, da Nvidia (I-HWA CHENG/Getty Images)
O acordo entre a Nvidia e a OpenAI, segundo as empresas, visa fortalecer a posição da Nvidia como fornecedora principal de chips gráficos, essenciais para a infraestrutura de inteligência artificial. A transação ocorre em um momento estratégico para as duas companhias, que cada vez mais dominam o setor de IA.
O analista Matt Britzman, da Hargreaves Lansdown, destacou que, com o acordo, a Nvidia garante um papel crucial no desenvolvimento de data centers de IA.
Britzman calcula que, com cada gigawatt de capacidade de data center de IA valendo cerca de US$ 50 bilhões em receita, esse projeto pode gerar até US$ 500 bilhões no longo prazo, segundo a Reuters. A perspectiva é que o investimento na OpenAI seja altamente rentável para a Nvidia, e que consolide seus chips como a espinha dorsal da infraestrutura de IA.
Mas nem toda Wall Street viu o acordo com bons olhos. Stacy Rasgon, da Bernstein Research, alertou à Bloomberg que a transação pode refletir uma "economia circular", onde os investimentos entre as empresas se tornam excessivamente dependentes uma da outra, sem retorno financeiro efetivo.
Segundo a analista, o tamanho do investimento na OpenAI "parece superar todos os outros". Em nota ao mercado, ela afirmou que os US$ 100 bilhões "provavelmente intensificarão as preocupações mais do que vimos anteriormente e (talvez justificadamente) levantarão questões sobre a justificativa por trás dessa ação".
Para Rasgon, o investimento da Nvidia pode ser visto como um financiamento "auto-referencial", uma vez que as duas empresas já estão intimamente ligadas no ecossistema de IA.
Daniel O'Regan, da Mizuho Securities, também abordou o investimento de maneira crítica, sugerindo que, apesar de o sentimento no mercado ser geralmente positivo, existe a preocupação de que o acordo possa ser visto como um financiamento de fornecedor, em vez de um investimento estratégico robusto. No entanto, a transação foi amplamente positiva para as ações da Nvidia, que registraram um aumento de 2,61% no pré-mercado após o anúncio.