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Raízen (RAIZ4): ação chega ao menor preço histórico após cair 58% no ano — o que esperar?

Companhia tem tentado simplificar sua estrutura para reduzir alavancagem em um cenário de juros elevados

Totem com o logo da Raízen, joint venture da Cosan com a Shell. (Raízen/Divulgação)

Totem com o logo da Raízen, joint venture da Cosan com a Shell. (Raízen/Divulgação)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 7 de outubro de 2025 às 18h09.

Última atualização em 7 de outubro de 2025 às 19h24.

As ações da Raízen (RAIZ4), joint venture entre a Cosan (CSAN3) e a holandesa Shell atingiram seu menor preço histórico nesta terça-feira, 7. O papel fechou a sessão em queda de 7,22%, a R$ 0,90, se consolidado no território das penny stocks.

No ano, até agora, RAIZ4 acumula queda de 57,87%. A situação financeira da companhia se deteriorou nos últimos anos, com um alto nível de endividamento em um cenário de juros elevados.

A dívida líquida da companhia chegou R$ 49 bilhões ao fim do segundo trimestre, elevando a alavancagem financeira, medida pela razão dívida líquida/Ebitda, de 3,2 vezes para 4,5 vezes. A piora nos indicadores, somada à possibilidade de um aumento de capital, vem acentuando a pressão sobre as ações desde então.

Nos últimos dias, os papéis da Raízen foram penalizados pela perspectiva de que os juros da economia vão demorar mais que o esperado para começar a cair.

Segundo o BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME), a flexibilização monetária deve começar apenas em janeiro de 2026, enquanto a XP Investimentos projeta o primeiro corte em março do mesmo ano. Ambas as casas estimam Selic em 12% ao ano no fim de 2026.

Para Gabriel Mollo, analista de investimentos da Daycoval Corretora, as declarações recentes do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçaram a percepção de que os juros permanecerão altos até o fim do primeiro trimestre de 2026 — o que dificulta a gestão da dívida da Raízen e pressiona as ações.

Da euforia à derrocada na bolsa

A companhia realizou IPO em agosto de 2021, em uma oferta pública inicial que movimentou R$ 6,9 bilhões, uma das maiores daquele ano. No prospecto, a empresa foi apresentada como uma plataforma integrada de energia renovável, com forte atuação em etanol, açúcar e distribuição de combustíveis.

Desde então, o desempenho das ações tem sido marcado por resultados voláteis e maior endividamento, em meio a um ambiente de juros altos e margens pressionadas no setor sucroenergético.

Com o fechamento desta terça, o papel acumula queda superior a 87,6% desde o IPO, quando foi precificado a R$ 7,40 por ação, refletindo a forte deterioração das expectativas do mercado em relação ao desempenho da companhia.

Caminho para solução

Recentemente, a Raízen anunciou a venda de ativos de geração distribuída, refletindo uma estratégia de foco em seu core business, com o objetivo de melhorar a eficiência operacional e fortalecer sua posição de mercado.

Também desfez a parceria com a Femsa na gestão da rede de mercados de conveniência Oxxo no Brasil.

Segundo o BTG, essa iniciativa acompanha uma tendência mais ampla no setor, em que empresas buscam otimizar estruturas e reduzir custos em um ambiente competitivo e dinâmico.

O relatório observa que a companhia continua a beneficiar-se de um fluxo de caixa robusto, permitindo investimentos em inovação e melhorias na infraestrutura. Contudo, o desligamento de usinas e a venda de cana podem gerar desafios no curto prazo, exigindo adaptação a um cenário de preços voláteis e tarifas elevadas.

O BTG ressalta que tais medidas, embora estratégicas, levantam dúvidas sobre o impacto na capacidade produtiva e nos resultados futuros. Entre os riscos apontados, estão a pressão das tarifas, a evolução das políticas públicas do agronegócio, a volatilidade de preços e os desafios logísticos, que precisam ser acompanhados de perto em um mercado em transformação.

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