Rede D'Or: Meta de 16 mil leitos operacionais até 2028 representaria crescimento médio anual de 6% no período (Fabio Rossi/Agência O Globo)
Repórter de mercados
Publicado em 3 de junho de 2025 às 14h22.
Última atualização em 3 de junho de 2025 às 15h07.
A Rede D’Or (RDOR3) atualizou seu plano de expansão e reduziu em 21% a projeção de novos leitos até 2028. A companhia agora estima entregar 3.203 leitos no período, ante os 4.036 previstos anteriormente.
A maior parte do ajuste está concentrada nos anos de 2025 (-407 leitos) e 2026 (-249 leitos). O movimento repercutiu negativamente no mercado: os papéis da empresa recuavam 3,92% às 13h48, liderando as baixas do Ibovespa.
Segundo a nova diretriz, 80% dos novos leitos virão de projetos brownfield, de expansão ou reforma de estruturas já existentes, frente aos 70% do plano anterior. O investimento por leito também foi revisto e deve ser R$ 100 mil menor, agora estimado em R$ 1,4 milhão por leito.
Para o Goldman Sachs, a revisão representa uma leve desaceleração do crescimento de longo prazo, mas o plano se torna mais conservador e menos arriscado (“de-risked”), especialmente após o realinhamento da Rede D’Or com operadoras de saúde que oferecem melhores condições comerciais.
“Esperávamos ajustes na nova versão do plano, o que é natural diante de reavaliações da demanda e dos desafios operacionais. No entanto, a redução de 21% foi significativa”, avaliaram os analistas do banco.
Mesmo assim, eles destacam que o impacto no lucro líquido projetado para 2025 e 2026 deve ser neutro, dado o menor capex e consequente redução nas despesas financeiras. O impacto no EBITDA também deve ser limitado no curto prazo.
Caso a Rede D’Or atinja a meta de 16 mil leitos operacionais até 2028, isso implicará um crescimento médio anual de 6% a partir da base atual de 13,1 mil leitos, aponta o banco.
No radar dos analistas também está a joint venture entre Rede D’Or e Bradesco Saúde, iniciada em 2024 com cinco hospitais — entre eles unidades em Guarulhos, Macaé e Alphaville. Alguns desses hospitais atingiram o ponto de equilíbrio em apenas dois meses, marcando um desempenho recorde para projetos greenfield.
Para o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame), a empresa adota uma postura mais cautelosa diante do elevado custo de capital no Brasil e do recente movimento de exclusões de rede por parte de algumas operadoras de saúde em regiões específicas. Ainda assim, o banco mantém uma visão positiva sobre o futuro da companhia.
“A Rede D’Or segue bem posicionada para liderar a consolidação do setor hospitalar privado no Brasil. Acreditamos que há potencial para dobrar de tamanho na próxima década, e não seria surpresa vermos uma revisão para cima no plano, conforme o cenário macro se torne mais claro e os projetos da joint venture avancem”, afirmaram os analistas.
O Itaú BBA também destaca a virada operacional da Bradesco Saúde, que tem contribuído para a melhora dos fundamentos da Rede D’Or. O banco estima que o Bradesco Saúde registre um resultado positivo de R$ 42 milhões com a parceria em 2025 e R$ 155 milhões em 2026.
A divisão de saúde do Bradesco registrou lucro de R$ 1,6 bilhão em 2024 — quase o dobro do ano anterior e uma margem projetada de 25% em 2025, bem acima dos 11% da divisão bancária.
O banco também ressalta a queda do índice de sinistralidade (MLR), que superou a média do setor, e o aumento da receita mesmo com perda de beneficiários, sustentado pelo crescimento do ticket médio.
No front das projeções, o Goldman Sachs manteve o preço-alvo das ações em R$ 41,00, o que representa um potencial de alta de 9,5% em relação ao fechamento anterior de R$ 37,44.
As estimativas do banco apontam para uma receita de R$ 55,8 bilhões em 2025, com EBITDA de R$ 10 bilhões. O lucro por ação esperado é de R$ 1,96, o que implica um múltiplo de 19,1 vezes o lucro projetado e um dividend yield de 1,7%.
O BTG, por sua vez, reafirmou a recomendação de compra para RDOR3 e manteve a ação como Top Pick do setor de saúde, com preço-alvo de R$ 44.