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Redução de investimentos não convence e ação da Petrobras cai 3%

Analistas avaliam que o corte de 'capex' foi modesto e pressão sobre dividendos continua

A Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou na noite de quinta-feira, 27, que foram aprovados investimentos de US$ 109 bilhões para o período entre 2026 e 2030 (Wagner Meier/Getty Images)

A Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou na noite de quinta-feira, 27, que foram aprovados investimentos de US$ 109 bilhões para o período entre 2026 e 2030 (Wagner Meier/Getty Images)

Publicado em 28 de novembro de 2025 às 14h31.

As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3 e PETR4) caem em torno de 3% nas negociações desta sexta-feira, 28. O mercado reage à atualização do Plano de Negócios e Gestão 2026-2030 da companhia.

Embora o investimento total previsto tenha sido reduzido para US$ 109 bilhões, o que representa uma queda de 1,8% em relação ao plano anterior, os analistas avaliam que o documento trouxe sinais de pressão financeira no curto prazo, especialmente diante de um cenário de petróleo mais barato no mercado internacional.

O corte no Capex foi considerado modesto, ao passo que a concentração de gastos nos próximos dois anos segue elevada, apontam análises dos grandes bancos.

Analistas apontam pressão de curto prazo

O BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) chamou o plano de "rigoroso" ao combinar uma curva de produção mais alta. O banco cita que são 2,5 milhões de barris por dia em 2026, ante 2,4 milhões na previsão anterior, com um nível de investimentos ainda elevado para os dois primeiros anos do ciclo.

Mas destaca que o Capex de 2026 ficou acima das expectativas do mercado, e o pico de gastos ocorrerá apenas em 2027, puxado por Búzios.

Segundo o BTG, isso reforça uma situação financeira "apertada", que tende a aumentar a alavancagem da companhia em um momento de pressão nos preços do petróleo.

"A empresa poderia se aproximar do teto de dívida bruta de US$ 75 bilhões considerado por sua política de dividendos", afirma a instituição.

O Bradesco BBI, por outro lado, pondera que a reação negativa do mercado já era esperada justamente porque os investidores se concentrariam nos elevados investimentos de curto prazo, mesmo com a redução marginal do Capex total no plano.

Já o Itaú BBA avalia que a proposta reforça fundamentos sólidos para o longo prazo, especialmente ao manter o foco em projetos de exploração e produção e ao sinalizar queda nos gastos que a empresa tem com arrendamento de equipamentos usados na operação.

O banco, porém, acredita que a companhia continua com pouca margem de manobra caso o petróleo do tipo Brent permaneça pressionado abaixo de US$ 60 por barril.

Esse cenário, segundo o banco, pode reduzir o rendimento de dividendos para um dígito e ampliar a distância entre fluxo de caixa livre e distribuições.

No mesmo sentido, o JPMorgan ressalta que cada queda de US$ 10 no preço do petróleo reduz o fluxo de caixa operacional da estatal em cerca de US$ 5 bilhões por ano e dá uma sinalização importante para o mercado, o que ajuda a dimensionar o impacto de eventuais choques de preço.

Plano reforça pré-sal e transição energética

Do lado operacional, o plano mantém o pré-sal como carro-chefe dos investimentos. Serão US$ 69,2 bilhões destinados à exploração e produção, com foco nos campos de Búzios, Mero e Atapu. A Petrobras também espera chegar a 2,7 milhões de barris por dia em 2028 e ampliar a oferta de gás natural já em 2026.

A companhia prevê ainda uma economia de US$ 12 bilhões em custos operacionais até 2030 e investimentos de US$ 13 bilhões em projetos de baixo carbono, incluindo diesel renovável, biocombustíveis e energia solar e eólica.

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