OpenAI: empresa pode queimar caixa até 2029 (Justin Sullivan/Getty Images)
Repórter
Publicado em 21 de julho de 2025 às 07h27.
O banco de investimentos JPMorgan avaliou, pela primeira vez, uma empresa privada em seu serviço de análise de ações: a OpenAI. Em relatório publicado na sexta-feira, 19, os analistas destacam que a companhia, dona do ChatGPT, pode consumir até US$ 46 bilhões nos próximos quatro anos, diante da crescente competição por talentos e investimentos em pesquisa e novos produtos.
Apesar dos gastos elevados, a instituição considera esse nível de queima de caixa como "sustentável", já que a OpenAI captou US$ 57 bilhões desde 2022. Ainda assim, a rentabilidade não é esperada antes de 2029, o que poderá testar a paciência dos investidores diante do que o banco chamou de vibe spending — ou gastos impulsionados mais por otimismo do que por retorno financeiro imediato.
A disputa por engenheiros de IA se intensificou após o lançamento do laboratório de superinteligência da Meta. Segundo o relatório, sete dos dez primeiros contratados da Meta vieram da própria OpenAI, em acordos com valores superiores a US$ 100 milhões. Para o JPMorgan, esse cenário de guerra por talentos se tornou um dos principais fatores de pressão para os custos da empresa.
Os analistas apontam que a OpenAI mantém forte vantagem de pioneirismo, com mais de 500 milhões de usuários ativos semanais no aplicativo do ChatGPT. A empresa responde por cerca de 70% dos downloads de apps de IA em mercados onde atua, superando até mesmo o Google em países como a Índia.
Além de assinaturas e soluções corporativas, o relatório destaca o potencial de receita em hardware. A aquisição da startup de Jony Ive, por US$ 6,5 bilhões, abre caminho para o desenvolvimento de um dispositivo próprio da OpenAI, com efeitos de "ciclo virtuoso" sobre o uso de seus softwares.
Apesar das vantagens, o banco alerta para um risco crescente: a diferenciação técnica entre modelos de IA está diminuindo. Para o JPMorgan, a superioridade dos sistemas da OpenAI é uma "trincheira frágil", já que rivais conseguem alcançar avanços semelhantes em ritmo acelerado.
“Ter o melhor modelo de IA não é, por si só, um diferencial duradouro”, escreveram os analistas Brenda Duverce e Lula Sheena. Eles avaliam que a empresa precisa diversificar suas vantagens competitivas além da performance dos modelos.
Segundo o relatório, o mercado potencial da OpenAI pode ultrapassar US$ 700 bilhões até 2030, considerando receitas com agentes de IA, publicidade, assinaturas e dispositivos. Ainda assim, o sucesso dependerá da capacidade da empresa em converter sua base massiva de usuários em lucros — e em manter a liderança tecnológica frente a uma concorrência cada vez mais agressiva.