Redatora
Publicado em 31 de julho de 2025 às 07h24.
A petroleira Shell divulgou nesta quinta-feira, 31, que teve um lucro líquido ajustado de US$ 4,26 bilhões no segundo trimestre, queda de 32% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar da retração, o resultado superou a expectativa média de analistas do mercado, de US$ 3,74 bilhões.
As ações da Shell subiam mais de 2% na Bolsa de Londres nesta manhã, impulsionadas pelo desempenho acima do esperado e pela manutenção do programa de recompra de ações, que somou US$ 3,5 bilhões no trimestre.
O recuo no lucro refletiu a queda nos preços do petróleo e do gás natural, além de uma performance mais fraca da área de trading de petróleo e gás, tradicionalmente uma das divisões mais lucrativas da companhia.
A própria Shell havia alertado no início de julho que os ganhos com negociações de petróleo e gás seriam “significativamente menores” do que no trimestre anterior.
A geração de caixa operacional atingiu US$ 12,3 bilhões entre abril e junho, bem acima da projeção de US$ 10,1 bilhões feita por analistas consultados pela Bloomberg.
Segundo a agência, a Shell tem colhido os frutos de uma estratégia focada em corte de custos e maior eficiência operacional. Desde 2022, a companhia já reduziu suas despesas estruturais em US$ 3,9 bilhões antes de impostos, sendo US$ 800 milhões somente no primeiro semestre de 2025.
A dívida líquida da empresa, por outro lado, cresceu de US$ 41,5 bilhões no primeiro trimestre para US$ 43,2 bilhões no segundo.
A Shell enfrentou um trimestre marcado por forte volatilidade nos mercados de energia, impactados pela escalada da guerra comercial promovida pelo presidente dos EUA, Donald Trump, pela decisão inesperada da Opep+ de acelerar o aumento na produção e pelo conflito no Oriente Médio. Os preços do petróleo encerraram o trimestre com queda de cerca de 10%.
Mesmo com a volatilidade, a Shell optou por adotar uma postura mais cautelosa, afirmou o CEO Wael Sawan. Segundo ele, os movimentos recentes de preços refletiram uma volatilidade especulativa, sem relação clara com fundamentos físicos de oferta e demanda
A Shell reafirmou sua previsão de investir entre US$ 20 bilhões e US$ 22 bilhões em 2025, destacando-se entre as gigantes do setor por manter os planos de capex mesmo em meio à instabilidade nos preços do petróleo. Em contraste, rivais como BP e Eni reduziram os investimentos no início do ano.
Ainda segundo a Bloomberg, os resultados da Shell reforçam a posição da companhia como a maior do setor de energia da Europa e vêm um mês após a empresa negar qualquer intenção de adquirir a rival britânica BP, encerrando rumores de uma possível fusão. Pelas regras do Reino Unido, a Shell fica impedida de fazer nova proposta pelos próximos seis meses.