As bolsas americanas, que renovaram recordes na sessão anterior, tiveram nova alta nesta quarta-feira, 29.
No entanto, o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, levou os principais índices de Nova York a perderem a força. O motivo foi o tom mais cauteloso da autoridade, principalmente em relação ao corte de juros em dezembro.
O índice Dow Jones caiu 0,16%, aos 47.632,35 pontos, enquanto a Nasdaq subiu 0,55%, marcando 23.958,47 pontos. O S&P 500 fechou estável, aos 6.890,59 pontos.
Na véspera, os três principais índices renovaram suas máximas históricas de fechamento pelo terceiro pregão seguido. O índice Dow Jones subiu 0,34% e alcançou 47.706,37 pontos, assim como a Nasdaq, que subiu 0,80%, marcando 23.827,49. O movimento também foi seguido pelo S&P 500, que registrou alta de 0,23%, aos 6.890,886 pontos.
As apostas de que os fed funds cairão para a faixa de 3,50% a 3,75% em dezembro, medidas pela plataforma FedWatch, do CME Group, também recuaram fortemente, saindo de 84,1% para 68,5%, após as falas de Powell.
Discurso calibrado
O presidente do BC americano iniciou sua entrevista calibrando as expectativas de mais um corte de juros. Segundo a autoridade, uma decisão sobre dezembro "está longe de ser algo certo". “Redução de juros em dezembro não é certa; a política monetária não é pré-determinada”, afirmou. Ele ainda acrescentou que o corte de juros foi “uma medida de gestão de risco para aproximar a política monetária de uma postura neutra.”
Segundo analistas, suas declarações refletem a divisão interna entre dirigentes que defendem novos cortes e os que temem pressões inflacionárias persistentes. A decisão do corte de juros nesta quarta-feira não foi unânime.
Para Michael Rosen, da Angeles Investments, ouvido pela CNBC, o mercado tem sido otimista demais ao precificar cortes futuros, já que a inflação segue acima da meta e a política monetária ainda é relativamente frouxa.
Já Bruno Yamashita, analista de Alocação e Inteligência da Avenue, destacou que o tom incerto de Powell sobre a reunião de dezembro foi principal fator que abalou o sentimento do mercado, ao deixar em aberto a possibilidade de um corte ou manutenção da taxa de juros na próxima reunião.
Na visão de Claudia Moreno, economista do C6 Bank, a inflação elevada e a ausência de dados econômicos atualizados devido à paralisação do governo americano deveriam manter o Fed mais cauteloso. "Até o momento, a autoridade monetária continua demonstrando uma preocupação maior com o mercado de trabalho do que com a inflação e, por isso, o cenário mais provável é um corte de juros na próxima reunião".
No entanto, as falas do presidente do Fed indicam que um corte de juros em dezembro não está garantido, e que a decisão permanece em aberto.
Nvidia alcança US$ 5 trilhões
A Nvidia avançou 30,5% nesta quarta e atingiu valor de mercado superior a US$ 5 trilhões, tornando-se a primeira empresa americana a alcançar essa marca. As ações caminham para o quinto dia consecutivo de alta, impulsionadas pelo anúncio de novos acordos, incluindo a aquisição de uma participação de US$ 1 bilhão na Nokia.
O movimento também sustentou ganhos em outras fabricantes de chips, como Broadcom, AMD e Micron, que subiram mais de 2%.