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'Succession' na Berkshire? O mistério por trás do substituto do nº 2 de Warren Buffett

Quem deve substituir Ajit Jain quando ele estiver pronto para renunciar? Observadores da Berkshire têm algumas ideias

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 3 de junho de 2025 às 06h13.

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Com o anúncio de Warren Buffett sobre a nomeação de Greg Abel como seu sucessor na liderança da Berkshire Hathaway, a atenção dos analistas agora se volta para outra questão: quem será o próximo a assumir o lugar de Ajit Jain, vice-presidente de operações da companhia?

Por quase 40 anos, Jain foi a mente responsável pela força do setor de seguros da Berkshire. Os resultados gerados por ele foram fundamentais para que Buffett expandisse o conglomerado e fortalecesse sua carteira de investimentos.

Especialista em avaliação de riscos, Jain estruturou apólices que protegem desde o edifício mais alto de Chicago contra ataques terroristas até a Pepsi, evitando que tenha que pagar um prêmio de rifa de US$ 1 bilhão, além de seguros para times de beisebol contra lesões de jogadores famosos como Alex Rodriguez. Durante sua gestão, ele gerou bilhões em receitas para a empresa.

Buffett chegou a afirmar que "até a criptonita repercute em Ajit". Atualmente com 73 anos, Jain apresentou no ano passado ao conselho da Berkshire uma lista com possíveis sucessores. Quem assumir seu cargo irá comandar uma operação em transformação, diante da chegada de novos concorrentes e com o segmento de seguros de automóveis como principal fonte de receita da empresa nos últimos anos.

Buffett e Jain não comentaram o assunto ainda, e a Berkshire não divulgou os nomes indicados na lista. No entanto, especialistas do setor, consultados pelo jornal Wall Street Journal, sugerem alguns candidatos.

Quem são os possíveis candidatos para substituir Ajit Jain na Berkshire Hathaway?

Joe Brandon, CEO da Alleghany

Brandon, de 66 anos, retornou à Berkshire após a aquisição da Alleghany em 2022, um conglomerado com atuação em seguros, produção de aço e brinquedos de pelúcia da marca Squishmallow. Buffett comentou que Brandon "entende tanto da Berkshire quanto de seguros" no momento da compra.

Ele comandou a General Re por sete anos, empresa importante de resseguros da Berkshire, até renunciar em 2008 após pressões federais motivadas por condenações por fraude envolvendo outros executivos da General Re. Brandon não foi acusado.

Todd Combs, CEO da Geico

Com 54 anos, Combs acumula dois cargos: dirige a Geico e auxilia na gestão de parte dos investimentos da Berkshire. Nos cinco anos liderando a terceira maior seguradora de automóveis dos EUA por volume de prêmios, ele modernizou a tecnologia da empresa e melhorou os resultados financeiros. Buffett classificou essa evolução como "espetacular".

Combs possui histórico consistente de rentabilidade e perfil discreto, semelhante ao de Buffett. Entre 2005 e 2010, quando gerenciava um fundo de hedge, obteve retorno líquido de 34%, enquanto o índice S&P 500 cresceu 1,15%. A ponto de sua imagem ser pouco conhecida quando assumiu o cargo na Berkshire.

Apesar disso, sua experiência em riscos incomuns e complexos é limitada, e alguns analistas acreditam que sua atuação em gestão de investimentos pode aumentar após a aposentadoria de Buffett.

Peter Eastwood, CEO da Berkshire Hathaway Specialty Insurance

Há mais de uma década, Eastwood, de 58 anos, deixou a AIG para criar do zero a Berkshire Hathaway Specialty Insurance (BHSI), focada em seguros comerciais de responsabilidade civil. A empresa foi lançada em 2013, registrou lucro em 15 meses e acumulou reservas superiores a US$ 15 bilhões, segundo fontes próximas.

Buffett considerou a contratação de Eastwood um acerto, e a BHSI hoje possui escritórios na América do Norte, Europa, Ásia e Austrália. No entanto, o porte da empresa ainda é menor em comparação a outras subsidiárias do setor, como a National Indemnity Company e a General Re.

Kara Raiguel, CEO da General Re

Raiguel, 52 anos, considerada por Jain sua "arma secreta", tem trajetória longa na Berkshire. Trabalhou diretamente com Jain por mais de uma década na área de resseguros em Stamford, Connecticut, participando da análise de grandes apostas da empresa.

Desde que assumiu a General Re em 2016, as reservas da companhia cresceram. Em novembro, a agência de classificação A.M. Best destacou medidas "significativas" tomadas pela empresa para ajustar preços aos riscos assumidos.

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