Braskem: Polo da companhia, em Camaçari, na Bahia (Paulo Fridman/Corbis /Getty Images)
Editora do EXAME IN
Publicado em 26 de maio de 2025 às 11h30.
A longa novela da Braskem (BRKM5) ganhou um plot twist: a Novonor (ex-Odebrecht) assinou um acordo de exclusividade para negociar uma proposta do fundo Petroquímica Verde FIP, ligado ao empresário Nelson Tanure, que pode levá-lo ao controle indireto da companhia.
A especulação, que começou na semana passada, foi confirmada em fato relevante neste fim de semana. A oferta prevê a compra da NSP Investimentos, veículo por meio do qual a Novonor detém sua fatia na Braskem.
Os papéis chegaram a disparar mais de 10% no começo do pregão desta segunda-feira, 26, antes de perder um pouco do fôlego. Por volta das 11h30, as ações avançavam cerca de 4%, ainda na maior alta do Ibovespa.
Apesar do alvoroço, analistas do BTG Pactual recomendam cautela. “Ainda há muitas incertezas em torno da transação: preço, governança e, principalmente, a posição da Petrobras”, escreveram Luiz Carvalho e Henrique Pérez em relatório.
A estatal, além de acionista relevante, é fornecedora essencial de insumos para a Braskem. O aceite ou não de Tanure como novo sócio no acordo de acionistas será determinante para viabilizar a operação. Também pesa a necessidade de renegociação com bancos credores que têm mais de R$ 15 bilhões em empréstimos lastreados em ações da petroquímica.
Outro ponto em aberto é o direito de tag along — cláusula que dá aos minoritários o direito de vender suas ações nas mesmas condições de um acionista controlador em caso de mudança de controle.
Segundo o BTG, caso a Novonor continue com uma fatia minoritária e Tanure apenas passe a integrar o bloco de controle atual, esse direito pode não ser acionado, frustrando expectativas do mercado por uma janela de liquidez.
Nesse sentido, o banco lembra que, mesmo com uma eventual mudança de controle, o desempenho operacional da Braskem continuará atrelado à dinâmica global da indústria petroquímica, em especial às margens de nafta.
Hoje, a empresa opera com baixa rentabilidade: o retorno sobre capital (RoIC) estimado para 2025 negativo, de 0,6%, devendo chegar a 3,6% em 2026. A dívida líquida também segue elevada, em US$ 8,9 bilhões.
Diante disso, o BTG manteve recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 14 — um potencial de alta de 26% sobre a cotação de fechamento da última sexta-feira, 23.
“O momento da proposta levanta dúvidas: com os papéis próximos das mínimas cíclicas e ainda lidando com passivos relevantes em Alagoas, pode não ser o melhor ponto de saída para a Novonor ou seus credores”, escreveram os analistas.
Os investidores ainda terão que aguardar as cenas dos próximos capítulos.