Embraer alerta que tarifas de Trump podem elevar custo de aviões em US$ 9 milhões
Redatora
Publicado em 21 de julho de 2025 às 16h03.
A Embraer afirmou que companhias aéreas dos Estados Unidos podem pagar até US$ 9 milhões a mais por aeronave caso entre em vigor a tarifa de 50% sobre importações brasileiras, proposta por Donald Trump a partir de 1º de agosto. A medida também pode comprometer a aquisição de até US$ 20 bilhões em peças e equipamentos americanos pela empresa nos próximos cinco anos.
O presidente-executivo da companhia, Francisco Gomes Neto, disse que o aumento inviabilizaria vendas e poderia levar à interrupção da produção. “US$ 9 milhões por aeronave é muito, e não acreditamos que os clientes concordarão em pagar essa tarifa”, afirmou.
A Embraer é a terceira maior fabricante de aeronaves civis do mundo, atrás da Airbus e da Boeing. Os Estados Unidos são seu principal mercado: cerca de 70% dos jatos executivos são vendidos no país, e o modelo E175 é amplamente utilizado por companhias regionais como SkyWest e American Airlines, que somam pedidos firmes de mais de 160 unidades.
A empresa também tem presença industrial nos EUA, com montagem de jatos executivos Phenom em Melbourne, na Flórida. Apesar disso, o aumento tarifário afetaria o preço total dos aviões, inclusive os que incluem peças americanas.
De acordo com a Financial Times, analistas apontam que a dependência da Embraer do mercado norte-americano amplia o risco. No primeiro trimestre de 2025, 59% das receitas da empresa vieram da América do Norte. As ações da companhia caíram 7,75% na semana passada após o anúncio da possível tarifa.
A taxação também preocupam companhias aéreas norte-americanas, que não têm alternativas comparáveis no segmento de jatos regionais. A indústria aeroespacial teme o retorno de barreiras comerciais em um setor que, desde 1979, operou com isenções tarifárias, exceto por disputas pontuais.
Neto disse esperar que os governos do Brasil e dos EUA cheguem a um acordo e destacou que autoridades americanas “entendem a importância da Embraer para o país”. Até agora, o governo brasileiro não sinalizou recuo diante da medida, considerada por Brasília uma resposta política.