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Tarifaço ignorado? Por que as bolsas asiáticas subiram mesmo com novas tarifas de Trump

Política é considerada menos agressiva por analistas, com chances do presidente americano voltar atrás em suas decisões

Tarifas: mercados sobem mesmo com novas tarifas de Trump (Miguel Candela/Getty Images)

Tarifas: mercados sobem mesmo com novas tarifas de Trump (Miguel Candela/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 8 de julho de 2025 às 12h40.

Última atualização em 8 de julho de 2025 às 16h46.

Apesar das novas tarifas impostas por Donald Trump, os principais mercados afetados pela tributação parecem não ter se abalado. Pelo contrário, as bolsas da Ásia fecharam em alta e as da Europa também operam no terreno positivo. Teriam os investidores ignorados as medidas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos?

Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, explica que há um sentimento no mercado de que Trump possa retroceder na decisão das alíquotas. O que aponta para isso é o adiamento da implementação dos impostos de 9 de julho para 1º de agosto. “O mercado ainda não compra as alíquotas que ele declarou”, afirma.

Com um prazo maior, as negociações continuam, e os países também podem conseguir melhores condições. “Basicamente é uma política bem menos agressiva, dá tempo para os países negociarem, e tem sempre essa expectativa que ele vai voltar atrás nas decisões”, comenta Shahini.

As bolsas asiáticas fecharam em alta, impulsionadas por  essas expectativas de alívio nas tensões comerciais com os EUA. No Japão, o Nikkei 225 subiu 0,26%, apesar da cautela com as novas tarifas americanas sobre produtos japoneses. Na Coreia do Sul, o Kospi teve forte alta de 1,81%, com destaque para ações de tecnologia e exportação.

O Hang Seng, em Hong Kong, teve alta de 1,09%, apoiado por setores imobiliário e tecnológico. Na China continental, o Xangai Composto subiu 0,70%, enquanto o Shenzhen Composto teve ganho de 1,35%, refletindo o otimismo com uma possível reabertura do diálogo com Washington.

“De qualquer forma, creio que uma coisa está bem clara: não será uma repetição de furacão que passou por Wall Street pelo final de março e começo de abril, principalmente porque, antes, vários foram pegos de surpresa, algo que tende a não acontecer mais”, comenta Leonardo Neves, analista da Constância Investimentos.

Para ele, hoje – junto com revisões positivas de expectativas ao S&P 500 por parte de grandes bancos, como o Goldman Sachs –, investidores irão conseguir “processar” melhor a enxurrada de informações e perceber, portanto, que a postura radical de Trump tem mais o intuito de chamar outros países à mesa de negociações, dando poder de barganha aos EUA.

Quais países foram taxados?

Nesta segunda-feira, 7, Trump anunciou, por meio da Truth Social, a taxação de 14 países. Espera-se que o republicano entre em contato com mais países a partir de terça-feira, 8, com propostas de tarifas unilaterais. Os países taxados até então foram:

  • Japão, Coreia do Sul, Malásia, Tunísia e Cazaquistão com tarifa de 25%;
  • África do Sul e Bósnia com 30%;
  • Indonésia com 32%
  • Bangladesh e Sérvia com 35%
  • Tailândia e Camboja com 36%
  • Laos e Mianmar com 40%

As cartas publicadas na rede social estabelecem que eventuais tarifas retaliatórias impostas por outros países serão acrescidas às tarifas atualmente em vigor nos Estados Unidos. Também prevê a possibilidade de revisão dessas tarifas, caso sejam removidas barreiras tarifárias e não tarifárias que dificultem o acesso ao mercado americano.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, anunciou que o presidente Donald Trump vai assinar uma ordem executiva postergando a retomada dessas tarifas de 9 de julho para 1º de agosto, prorrogando o prazo anteriormente previsto.

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