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Tarifas de Trump poderiam derrubar ações da Embraer (EMBR3) em 30%, diz JPMorgan

Fabricante de aeronaves se tornou um dos principais termômetros das consequências das eventuais tarifas americanas sobre o mercado brasileiro

Embraer: com o aumento das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, companhia tem se tornado um termômetro das consequências das tarifas norte-americanas sobre o mercado brasileiro (Leandro Fonseca/Exame)

Embraer: com o aumento das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, companhia tem se tornado um termômetro das consequências das tarifas norte-americanas sobre o mercado brasileiro (Leandro Fonseca/Exame)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 14 de julho de 2025 às 14h14.

Última atualização em 14 de julho de 2025 às 14h31.

Com o aumento das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, a Embraer (EMBR3) tem se tornado um termômetro das consequências das tarifas americanas sobre o mercado brasileiro. O impacto no preço das ações já começa a ser sentido, e analistas projetam um cenário de queda adicional.

Caso a tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil seja efetivamente aplicada, as ações da Embraer poderiam cair cerca de 30%, segundo novo relatório do JPMorgan.

Para calcular o efeito, analistas do banco consideraram o preço atual das ações da Embraer, de US$ 53,92 por ADR (ou R$ 74,30 por ação), que, segundo estimativas, já embute uma tarifa implícita de 20%. Ou seja, o mercado parece já ter precificado uma parte do efeito das tarifas sobre os resultados da empresa.

A expectativa é de que, caso a tarifa seja aumentada para 50%, o impacto sobre o lucro da companhia seja ainda mais severo.

“Extrapolando o impacto de uma tarifa de 10% para 50%, estimamos um obstáculo de US$ 338 milhões, o que representaria uma redução de cerca de 41% no Ebit anualizado”, afirmam os analistas. Isso significa que, caso a tarifa seja de fato aumentada para esse patamar, as ações da Embraer poderiam cair cerca de 30% adicionais, para refletir plenamente o impacto sobre os resultados da empresa.

As ações da Embraer já apresentaram queda de 10% desde o fechamento de 8 de julho, antes do anúncio de novas tarifas. Nesse mesmo período, o Ibovespa teve queda de apenas 2%.

Segundo o JPMorgan, a volatilidade imediata das ações deve continuar, em razão tanto das incertezas comerciais quanto de potenciais revisões nos contratos da Azul, que devem impactar os resultados do segundo trimestre de 2025 da Embraer. A empresa divulgará seus resultados no dia 5 de agosto, antes da abertura do mercado, o que também pode gerar movimentos intensos no preço das ações.

Uma pesquisa conduzida pelo banco com gestores mostra que os investidores internacionais estão mais céticos quanto à implementação completa das tarifas de 50%, uma vez que há um histórico de negociações intensas entre os EUA e outros países, como o México e o Canadá, que até agora não resultaram em tarifas tão severas.

No entanto, o cenário interno é bem diferente, com investidores locais mais preocupados com a possível continuidade das tarifas e suas implicações para as perspectivas da Embraer.

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