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Tarifas fazem ações da Crocs despencarem quase 30%, o pior resultado desde 2020

Empresa enfrenta sua pior crise em meio à cautela dos consumidores e incertezas na política global

Para mitigar os efeitos, a Crocs está adotando uma série de medidas, incluindo um corte de custos de US$ 50 milhões (Victor J. Blue/Bloomberg)

Para mitigar os efeitos, a Crocs está adotando uma série de medidas, incluindo um corte de custos de US$ 50 milhões (Victor J. Blue/Bloomberg)

Publicado em 7 de agosto de 2025 às 19h25.

As ações da Crocs fecharam esta quinta-feira, 7, em queda de quase 30% após a fabricante norte-americana de calçados divulgar uma perspectiva negativa para o terceiro trimestre de 2025 e alertar para o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre sua produção.

A retração representa a pior desvalorização dos papéis desde o auge da pandemia de Covid-19, em março de 2020.

A empresa, conhecida por suas sandálias de borracha, anunciou que espera uma queda de 9% a 11% na receita do próximo trimestre, contrariando as estimativas dos analistas, que previam uma leve alta. O alerta acendeu o sinal vermelho em Wall Street e provocou forte movimento de venda.

Durante teleconferência com investidores, o CEO Andrew Rees atribuiu a retração às incertezas nas políticas comerciais internacionais e ao comportamento mais cauteloso dos consumidores diante dos aumentos de preços.

“Os consumidores estão reduzindo os gastos discricionários, e o tráfego nas lojas segue abaixo do esperado. Isso tem dificultado até mesmo reajustes de preços que poderiam amenizar o impacto das tarifas", afirmou o executivo.

Apesar de resultados sólidos no segundo trimestre — com lucro ajustado por ação de US$ 4,23 (acima da expectativa de US$ 4,00) e receita de US$ 1,15 bilhão — a Crocs optou por não divulgar uma projeção anual, diante do cenário incerto.

Tarifas e desaceleração do consumo

A empresa estima um impacto de aproximadamente 170 pontos-base em sua margem operacional devido às tarifas anunciadas e em vigor, sobretudo sobre importações de países asiáticos como China, Vietnã, Índia e Camboja — regiões onde a marca ainda concentra boa parte de sua produção.

Para mitigar os efeitos, a Crocs está adotando uma série de medidas, incluindo um corte de custos de US$ 50 milhões, redução de estoques e menor volume de promoções, com o objetivo de preservar a imagem premium da marca.

O movimento da Crocs segue tendência de outras gigantes do setor de vestuário e calçados, como Steve Madden e Lululemon, que também relataram prejuízos com as tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Além das pressões econômicas, a Crocs também enfrenta desafios culturais: escolas em diferentes estados norte-americanos vêm restringindo o uso dos calçados, alegando questões de segurança e adequação, o que desafia a popularidade do produto entre adolescentes — um dos seus principais públicos.

Com o tombo de hoje, as ações da empresa acumulam queda de quase 40% nos últimos 12 meses.

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