Redator
Publicado em 31 de julho de 2025 às 05h46.
Mesmo com a redução das taxas impostas pelos Estados Unidos diante do acordo firmado com a União Europeia, montadoras alemãs ainda enfrentam dificuldades com a pressão tarifária de Donald Trump e as mudanças nos hábitos dos consumidores da categoria, como uma menor adesão ao carro elétrico.
A Mercedes-Benz reclamou em comunicado da concorrência "desafiadora", especialmente na China, e de mudanças nos modelos que impactam o faturamento da empresa. No segundo trimestre, a montadora de carros de luxo reportou uma queda de 10% na receita, para € 33,1 bilhões (equivalente a US$ 38,82 bilhões). Já seu lucro líquido despencou quase 70%, para € 957 milhões (US$ 1,1 bilhão) no trimestre.
“Um ambiente de mercado dinâmico, políticas tarifárias voláteis, concorrência desafiadora, especialmente na China, e mudanças iminentes nos modelos impactaram as receitas”, afirmou a Mercedes em comunicado.
A empresa reduziu sua projeção para 2025, com o faturamento previsto para ficar "significativamente abaixo do nível do ano anterior". Na teleconferência com analistas, o CFO da Mercedes, Harald Wilhelm, disse que o impacto das tarifas estava na casa dos "milhões de três dígitos". Ele apontou que o pior ainda pode estar por vir no segundo semestre deste ano.
A Porsche não vive situação muito melhor. A montadora sediada em Stuttgart reportou queda de 6,7% em seu faturamento para o primeiro semestre do ano, para € 18,2 bilhões. A empresa disse que seu balanço foi impactado por "despesas extraordinárias", incluindo € 400 milhões com custos em tarifas.
A montadora projetou que seu retorno sobre as vendas no ano cairá para uma faixa de 5% a 7% este ano, abaixo dos 14,1% registrados em 2024. Da mesma forma, a projeção de receita também deve recuar para uma faixa de € 37 bilhões a € 38 bilhões (US$ 42,8 bilhões a US$ 43,9 bilhões), abaixo dos € 40,1 bilhões (US$ 46,35 bilhões) do ano anterior.
Embora o acordo preliminar entre EUA e UE reduzisse a alíquota tarifária para 15% para os produtos importados da Europa, isso ainda representa um custo significativo para as montadoras alemãs. A alíquota tarifária anterior era de apenas 2,5%, o que significa que os clientes pagarão pelo aumento dos custos.
As marcas europeias ainda enfrentam a mudança nas preferências dos consumidores na China, o maior mercado automotivo do mundo. Neste momento, há uma preconização por montadoras nacional no país, como a BYD.
Já nos Estados Unidos, o grande desafio é a desaceleração no movimento de adoção de veículos elétricos. Tanto Mercedes como Porsche apostaram fortemente na tendência de transição energética nos últimos anos, quando os EUA eram governados pelo democrata Joe Biden. Enquanto a Mercedes tem rejeitado pedidos de veículos elétricos no país, a Porsche está lidando com altos estoques de seu modelo Taycan, o que significa em descontos (e perdas) nas concessionárias.