Invest

Tensões comerciais e ativos 'inflados': os temores do FMI para o mundo

Novo relatório mostra que o crescimento das instituições não bancárias e a valorização excessiva de ativos aumentam a vulnerabilidade dos mercados

FMI: novo relatório alerta que ativos altos podem ameaçar a estabilidade financeira mundial (Brendan Smialowski/AFP)

FMI: novo relatório alerta que ativos altos podem ameaçar a estabilidade financeira mundial (Brendan Smialowski/AFP)

Publicado em 22 de outubro de 2025 às 16h17.

Ativos financeiros supervalorizados representam um risco elevado para a estabilidade da economia mundial e criam um cenário de incerteza. Pelo menos é isso que aponta o novo relatório publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI)

O Relatório de Estabilidade Financeira Global, divulgado na última semana, diz que o crescimento do valor de ativos financeiros de instituições financeiras não bancárias pode gerar vulnerabilidade. 

“Nos últimos meses, os mercados globais pareceram calmos, apesar das incertezas contínuas que vão desde tensões comerciais até preocupações fiscais. No entanto, sob a superfície, estamos observando mudanças sutis e, se essas mudanças não forem cuidadosamente administradas, podem comprometer a resiliência do sistema financeiro”, disse Tobias Adrian, diretor do Departamento de Mercados Monetários e de Capitais do FMI.

Instituições financeiras não bancárias

Segundo o FMI, essa ameaça à estabilidade econômica acontece porque o mercado fica mais suscetível a correções bruscas, como quedas rápidas nos preços de ações e títulos - quando os valores estão tão elevados. 

As instituições financeiras não bancárias apresentam ganharam importância como formadoras de mercado, provedoras de liquidez e intermediárias em crédito privado, imóveis e mercados de criptoativos.

Diferentemente dos bancos, as instituições não bancárias, em sua maioria, operam sob uma regulação mais leve. Além disso, muitas fornecem divulgação limitada de seus ativos e liquidez, o que compromete a capacidade de identificação de vulnerabilidades. 

Por que o risco global aumentou? 

O diretor também afirma que, como as dívidas públicas estão crescendo, o mercado de títulos está cada vez mais pressionado. 

“Os preços dos ativos estão esticados e podem cair bruscamente. Por exemplo, mudanças nas expectativas dos investidores sobre a IA e seu impacto na economia podem levar a uma nova precificação das avaliações dos ativos. Atualmente, os investidores veem a IA como um motor de margens de lucro, mas isso pode mudar em algum momento”, diz Adrian.

Tobias Aldrian ainda explica que bancos e essas instituições estão cada vez mais conectados, o que pode espalhar o estresse: “essas vulnerabilidades podem não agir isoladamente. Elas podem se combinar, amplificando os riscos.”

Recomendações do FMI 

Para o FMI, a estabilidade financeira depende de políticas sólidas e instituições resilientes. Isso significa, para Aldrian, “garantir que as regulamentações acompanhem o papel crescente dos ativos não bancários e digitais”. 

Para os governos, o diretor recomenda que o momento é de reduzir riscos, manter a inflação sobre controle e preservar a independência dos bancos centrais. 

“Os governos devem reduzir déficits para aliviar pressões sobre os mercados de títulos, garantir a sustentabilidade da dívida e criar reservas. A supervisão e regulação adequadas do sistema financeiro também são fundamentais.”

Acompanhe tudo sobre:FMIbolsas-de-valoresMercado financeiro

Mais de Invest

Fim do rali? Ouro estende queda e se aproxima de US$ 4 mil

Brasileiro perdeu medo de dizer o quanto ganha, revela pesquisa

Amazon vai substituir mais de 500 mil empregos por robôs, diz jornal

Batalha de titãs: CEO da Warner resiste à investida bilionária da Paramount