(Kiyoshi Ota/Bloomberg /Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 8 de maio de 2025 às 07h45.
A maior montadora do mundo está prestes a enfrentar um ano fiscal desafiador.
A Toyota anunciou, nesta quinta-feira, 8, uma projeção de queda de cerca de 20% no lucro operacional até março, pressionada por fatores como a valorização do iene e a adoção de tarifas sobre veículos e autopeças exportados para os Estados Unidos .
Segundo a companhia, os tributos aplicados entre abril e maio por determinação do presidente Donald Trump devem representar um prejuízo imediato de US$ 1,3 bilhão. A estimativa, porém, não contempla os meses seguintes — cenário que a montadora classifica como "altamente incerto".
O presidente da Toyota, Koji Sato, afirmou que o ambiente regulatório do setor automotivo global está em transformação constante.
A política tarifária do governo dos Estados Unidos, liderado por Trump, tem provocado instabilidade nas previsões de grandes fabricantes, que evitam fazer projeções de médio prazo . No início de abril, Washington impôs tarifas de 25% sobre veículos importados, estendendo-as para componentes automotivos logo depois.
As dificuldades enfrentadas pela Toyota expõem um dilema maior do Japão: o país, cujas exportações de automóveis são carro-chefe da balança comercial com os EUA, encontra barreiras para negociar isenções ou acordos mais vantajosos com a Casa Branca. Autoridades japonesas estimam que os custos diretos de um dos fabricantes locais tenham chegado a US$ 1 milhão por hora desde o início das tarifas .
Apesar do baque nos lucros, a Toyota ainda projeta crescimento nas vendas na América do Norte: um aumento de 237 mil veículos no período. Isso se deve ao fato de que a maior parte dos carros vendidos pela marca nos EUA já é fabricada localmente — apenas cerca de 500 mil unidades são exportadas do Japão anualmente.
O cenário é mais preocupante para empresas como Mazda, Subaru e Mitsubishi, que dependem majoritariamente das exportações. Honda e Nissan, segunda e terceira maiores montadoras do Japão, ainda não divulgaram seus resultados mais recentes, mas o mercado já espera impacto negativo.
Fora da Ásia, montadoras também estão revendo suas expectativas. A General Motors reduziu sua projeção de lucro para 2025 em mais de 20%, citando o aumento de custos provocado pelas tarifas. Na Europa, diversas empresas optaram por suspender suas previsões até que o cenário se estabilize.
Dada a importância da indústria automotiva para o país, o Banco Central do Japão revisou para baixo sua projeção de crescimento econômico, alertando para os riscos sistêmicos de uma guerra comercial prolongada. Com fábricas, fornecedores e empregos em jogo, o Japão busca saídas diplomáticas para evitar prejuízos maiores.