Redatora
Publicado em 26 de junho de 2025 às 07h50.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avalia anunciar com antecedência o nome de quem pretende indicar para comandar o Federal Reserve (Fed) a partir de 2026, informou o Wall Street Journal nesta quinta-feira, 26. A estratégia seria uma forma de esvaziar a autoridade de Jerome Powell, atual presidente do banco central americano, cujo mandato vai até maio do ano que vem.
Segundo fontes ouvidas pelo jornal, Trump tem considerado divulgar o nome de seu escolhido até setembro ou outubro, ou até mesmo ainda no verão americano, nas próximas semanas.
A intenção seria sinalizar ao mercado uma mudança iminente na política monetária do país, com foco em corte de juros, e reforçar a agenda econômica do governo. O movimento, no entanto, rompe com a tradição de anunciar o novo presidente do Fed apenas poucos meses antes do fim do mandato vigente.
Entre os nomes mais cotados estão Kevin Warsh, ex-diretor do Fed e conselheiro do ex-presidente George W. Bush; o atual diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett; e o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
Também estariam no radar o ex-presidente do Banco Mundial David Malpass e o atual diretor do Fed, Christopher Waller.
De acordo com o WSJ, Warsh já chegou a discutir com Trump a possibilidade de substituir Powell ainda antes do fim do mandato. Em uma apresentação privada a investidores neste mês, Warsh disse não se surpreender caso o presidente fizesse um anúncio antecipado.
Apesar disso, há receios dentro do próprio círculo de Trump sobre a lealdade futura de Warsh, que já expressou publicamente preocupação com juros muito baixos.
“Quando as taxas estão próximas de zero, isso leva a resultados econômicos muito ruins”, afirmou o ex-diretor em Boston. Ele também admitiu que, por dizer o que pensa, talvez não seja o perfil ideal caso o presidente esteja procurando alguém “fraco”.
Hassett, por sua vez, teria manifestado desinteresse pelo cargo, segundo o jornal. Já Bessent, visto como próximo de Wall Street e alinhado à agenda do governo, tem o apoio de aliados de Warsh e de seu mentor, o bilionário Stanley Druckenmiller. Bessent já declarou estar disposto a “fazer o que o presidente quiser”.
Outro nome citado por Trump é o de Christopher Waller, que vem defendendo publicamente o início de cortes de juros já na próxima reunião do Fed, marcada para o fim de julho. Sua posição pode favorecer o favoritismo, embora analistas considerem sua chance remota, já que ele é pouco próximo do presidente.
A tentativa de antecipar o anúncio do novo presidente do Fed representa uma mudança de estratégia da Casa Branca. O próprio Trump chegou a ameaçar demitir Powell em abril, mas recuou após reações negativas do mercado. Na última terça-feira, em coletiva durante a cúpula da Otan, Trump voltou a criticar Powell: “Ele sai em breve, felizmente, porque eu acho que ele é terrível”, disse.
Analistas veem riscos na tática de anunciar um sucessor com tanta antecedência. A figura do “presidente-sombra” poderia criar conflitos internos no Fed, gerar ruídos com o mercado e até colocar em risco a confirmação do nome no Senado, caso haja desgaste político.
Powell, por sua vez, tem evitado comentar o tema. Em depoimento ao Congresso nesta semana, ele afirmou: “Tudo o que quero neste fim de mandato é deixar a economia forte e a inflação sob controle para o meu sucessor. É só nisso que penso.”