Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates: intervenção estatal e déficits fiscais ameaçam dólar e Fed (Dia Dipasupil/Getty Images)
Redatora
Publicado em 23 de setembro de 2025 às 15h26.
Última atualização em 23 de setembro de 2025 às 16h01.
O investidor Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, afirmou que Estados Unidos e Reino Unido enfrentam um período de riscos crescentes, marcado por tensões internas, desafios financeiros e disputas geopolíticas. De acordo com a Fortune, ele classifica o cenário atual como “tempos muito, muito sombrios”.
Sua análise se apoia em um estudo de 500 anos que identifica ciclos de aproximadamente 80 anos, moldados por cinco forças principais: dinheiro e dívida, conflitos internos, disputas geopolíticas, fenômenos naturais e avanços tecnológicos.
Apesar da perspectiva negativa, Dalio ressaltou que a preparação individual é fundamental. Para exemplificar, o bilionário disse em entrevista a um podcast que recorre a um provérbio chinês — “um coelho esperto tem três tocas” —, que simboliza a importância de manter alternativas de mobilidade geográfica e financeira diante de situações adversas.
Entre os conselhos, recomenda disciplina em ganhos, gastos e poupança, além de estratégias de investimento que aumentem a resiliência em cenários de incerteza. Ele também destaca a relevância de aprender com bons mentores e de priorizar trabalhos e relacionamentos significativos em vez de se concentrar apenas na remuneração.
Para Dalio, o progresso pessoal está ligado à capacidade de transformar dificuldades em aprendizado. “Dor mais reflexão é igual a progresso”, afirmou, relembrando que esse princípio foi determinante para o crescimento da Bridgewater, hoje considerada o maior fundo de hedge do mundo.
No caso do Reino Unido, Dalio apontou problemas estruturais relacionados ao endividamento público e à estagnação da produtividade, que se mantém praticamente inalterada há duas décadas.
Pesquisadores da Universidade de Cambridge e da London School of Economics classificaram o fenômeno como um “quebra-cabeça da produtividade”, já que o país apresentou o pior desempenho entre grandes economias após a crise financeira de 2008.
Nos Estados Unidos, o investidor destacou desafios semelhantes. O país enfrenta elevado nível de dívida, polarização política acentuada e aumento da desigualdade social — fatores que, em sua avaliação, pressionam a própria democracia.
Ele também chamou a atenção para o “conflito de grande potência” entre EUA e China, centrado na disputa tecnológica que pode definir a ordem mundial nas próximas décadas.
Ainda na entrevista, Dalio acrescentou que “o vencedor da guerra tecnológica vencerá todas as guerras”, citando como referência histórica o desenvolvimento das armas nucleares no século 20.