EBITDA veio muito abaixo das expectativas do mercado, por conta de preços piores para aço e minério e custos mais pressionados (Kiko Ferrite/EXAME)
Repórter de mercados
Publicado em 25 de julho de 2025 às 11h52.
Última atualização em 25 de julho de 2025 às 11h53.
A Usiminas (USIM5) está entre as maiores perdas do Ibovespa nesta sexta-feira, 25, após divulgar resultados do segundo trimestre que frustraram as expectativas do mercado. Por volta das 11h30, as ações da companhia caíam 2,80%, sendo negociadas a R$4,18.
O EBITDA da companhia, de R$ 408 milhões, 44% menor que o do trimestre anterior, ficou 11% abaixo das expectativas já conservadoras do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame), e 15% abaixo das projeções da XP, principalmente devido à queda nos preços tanto do aço quanto do minério de ferro, e uma dinâmica de custos mais pressionada do que o esperado. O desempenho fraco foi particularmente notável na divisão de aço, enquanto a divisão de mineração apresentou resultados dentro das previsões.
A receita líquida da Usiminas foi de R$6,62 bilhões, uma queda de 3% em comparação com o trimestre anterior, mas com um crescimento de 4% em relação ao mesmo período de 2024. Um dado positivo foi o lucro líquido de R$128 milhões, revertendo o prejuízo de R$99,7 milhões no mesmo período de 2024. No entanto, o lucro teve uma queda de 62% na comparação com o trimestre anterior.
A margem EBITDA ajustada teve uma redução de 4,5 pontos percentuais, passando de 11% no primeiro trimestre para 6%, embora tenha registrado um crescimento anual de 2,3 pontos percentuais.
Um dos pontos positivos destacados pelos analistas do BTG, Leonardo Correa e Marcelo Arazi, foi o fluxo de caixa livre (FCF) gerado pela Usiminas, de R$281 milhões. Esse desempenho foi impulsionado principalmente por um ganho não recorrente de R$454 milhões com capital de giro, o que ajudou a reduzir a alavancagem para 0,5x, comparado a 0,7x no trimestre anterior.
Além disso, a Usiminas revisou sua previsão de capex para 2025, com estimativas de R$1,2 bilhão a R$1,4 bilhão, uma redução de R$200 milhões em relação à faixa anterior. A empresa também aprovou um investimento de R$1,7 bilhão para a modernização e reconstrução parcial da Planta de Coque 2 no usina de Ipatinga, com desembolsos previstos para os próximos anos, sendo R$80 milhões esperados para 2026.
A Usiminas divulgou uma perspectiva ligeiramente mais positiva para o terceiro trimestre, especialmente para as margens de aço, que devem se beneficiar de uma melhora nos custos por tonelada, apesar de um ambiente de preços enfraquecido no setor. A XP prevê que o setor de siderurgia terá estabilidade nos volumes de embarque e redução de custos devido à melhora de eficiência e menores preços de insumos. Para o segmento de mineração, a expectativa é de redução nos volumes de produção, embora em linha com o plano de vendas anual, com os preços do minério de ferro ajudando na comparação trimestral.
Apesar das perspectivas para o terceiro trimestre, os analistas do BTG mantêm uma postura cautelosa em relação à Usiminas. A empresa segue enfrentando dificuldades devido à sobrecapacidade global e à presença significativa de aço importado no Brasil, fatores que limitam sua capacidade de recuperação de preços. O BTG manteve sua recomendação neutra para as ações da companhia, com um preço-alvo de R$7.
A XP compartilha preocupações similares e observa que, com volumes menores na mineração e custos mais altos no segundo trimestre, o cenário pode se tornar ainda mais desafiador, especialmente se os preços do minério de ferro não se mantiverem.