Vale: Baixa exposição dos investidores domésticos, pessimistas com o minério de ferro e cautelosos quanto à capacidade de crescimento operacional (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Repórter de negócios e finanças
Publicado em 30 de julho de 2025 às 12h00.
Uma das empresas de maior peso do Ibovespa divulgará seus resultados nesta quinta-feira, 31, após o fechamento da bolsa. Na semana passada, a Vale (VALE3) deu um "cheiro" do que vem no balanço do segundo trimestre. Mas ainda que tenha reportado aumento na produção levemente acima dos cálculos dos analistas, a companhia deve apresentar queda nas principais linhas, ainda não reveladas: lucro, EBITDA e receita.
A prévia operacional mostrou que a empresa trabalhou com minério de ferro 13% mais barato do que um ano antes, num cenário em que a produção de aço na China, seu principal mercado, registra quedas contínuas. A forma como a Vale gerenciou seus custos nesse período vai fazer toda a diferença.
Esse, aliás, é um ponto sem consenso entre os analistas do sell side que acompanham a mineradora. O Santander, por exemplo, prevê uma queda no custo de produção e frete da mina até o porto (C1) para US$ 21 por tonelada, próximo do piso do guidance da companhia para 2025 (que está entre US$ 20,50 e US$ 22), "refletindo os esforços de eficiência da companhia e a maior produção sazonal".
A Genial, por sua vez, enxerga uma "pressão altista" que deverá levar o C1 para US$ 23,4. "Mesmo que os embarques de finos de minério de ferro tenham vindo próximo do que esperávamos, as vendas que adviriam de produção própria foram inferiores à nossa projeção, derivadas do avanço nos embarques de compras de terceiros", observam os analistas da corretora.
Levando em conta a participação de volumes de terceiros, o Itaú BBA espera por um aumento de U$ 1 dólar no C1 em relação ao primeiro trimestre, para US$ 25,7, "impactado pelo carrego de altos custos de produção do primeiro trimestre, enquanto é esperado que os custos de frete aumentem de forma sequencial".
Para os autores da prévia do balanço, o desafio da Vale vai ser ajustar os custos de produção em um cenário de oferta maior de minério, com preços mais baixos. No segundo trimestre, prevê o BBA, a receita líquida da mineradora deve cair 13% em relação a um ano atrás, para US$ 8,634 bilhões. A Genial, que aumentou suas previsões após os dados operacionais da semana passada, prevê uma cifra de US$ 9 bilhões.
As casas calculam que o Ebitda da Vale no segundo trimestre deve ficar entre US$ 3,1 bilhões (Bradesco BBI) e US$ 3,3 bilhões (Genial), o que representa uma queda de aproximadamente 20% em relação ao ano anterior.
Para o BBA, os menores preços realizados do minério de ferro e os custos mais altos deverão ofuscar os volumes maiores. "O desempenho consolidado poderia ser até pior, mas a divisão de negócio de metais básicos trará um acréscimo de rentabilidade", diz o relatório da Genial.
Para os analistas da casa, a combinação níquel e cobre deve somar US$ 727 milhões ao Ebitda, com aumento de embarques e custos mais arrefecidos no segmento de metais. A margem Ebitda, deve ficar entre 36% e 37%.
A última linha do balanço deve ser positiva, mas algo como 40% menor que a registrada um ano antes. Enquanto a Genial prevê lucro líquido de U$ 1,5 bilhão, BBA prevê uma cifra de US$ 1,69 bilhão e BBI, R$ 1,750 bilhão. O consenso do mercado, em reais, aponta para lucro líquido R$ 9,433 bilhões.