A liquidação financeira está prevista para o dia 10 de junho (Washington Alves/Reuters)
Repórter de mercados
Publicado em 26 de maio de 2025 às 15h48.
Última atualização em 26 de maio de 2025 às 16h24.
A Vale (VALE3) anunciou a emissão de R$ 6 bilhões em debêntures de infraestrutura, com uma característica bastante peculiar: os títulos, que serão emitidos em três séries, terão desconto em relação aos títulos públicos.
Como se tratam de debêntures incentivadas, sobre as quais não incide imposto de renda (IR) sobre rendimentos para pessoas físicas, o rendimento líquido tende a ser superior ao dos títulos públicos equivalentes, que são tributados.
A emissão vai ser feita em três séries, de R$ 2 bilhões cada uma. A primeira, com vencimento em 15 de agosto de 2032, terá juros prefixados equivalentes ao Tesouro IPCA+ menos 0,50% ao ano. A segunda terá a mesma remuneração, mas com vencimento em 15 de agosto de 2035.
Com excessos no crédito, pessoa física virou o novo BNDES, diz gestorA terceira série, com vencimento em 12 anos, terá desconto um pouco menor em relação ao IPCA+, de 0,47%. Esses valores são indicativos e, na prática, a taxa efetiva pode ser menor caso haja demanda mais forte durante o período de bookbuilding, previsto para 6 de junho. Os juros serão pagos semestralmente, enquanto o valor principal será devolvido apenas no vencimento de cada série.
Normalmente, as empresas emitem títulos de dívida com um acréscimo em relação ao rendimento dos títulos públicos (CDI ou IPCA+), cujo montante depende do seu perfil de risco.
A Selic elevada e a forte demanda por títulos incentivados, isentos de IR, têm permitido que essas emissões saiam com prêmio bastante baixo ou até desconto em relação às dívidas soberanas. Em outubro do ano passado, a mineradora já tinha feito uma emissão também de R$ 6 bilhões com taxas abaixo do IPCA+.
Bacci, CFO da Vale: 'Não vejo grandes movimentos de M&A como prováveis'A emissão recebeu classificação AAA pela Moody’s, o que reflete a solidez de crédito da mineradora. Itaú BBA, XP, UBS BB, Bradesco BBI, BTG Pactual e Santander são os coordenadores da oferta.
Os recursos levantados serão direcionados a três projetos de investimento no setor ferroviário, considerados prioritários pelo Ministério dos Transportes nos termos da Lei n° 12.431/2011, voltada para o incentivo à infraestrutura com benefícios tributários.
A maior parte do montante tem como destino o projeto Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) com objetivo de construir 383 km de infraestrutura ferroviária na região.
O investimento total estimado é de R$ 9,9 bilhões, dos quais R$ 4,4 bilhões virão desta emissão. A construção, prevista para terminar em 2028, visa reduzir o custo logístico de exportações agrícolas e minerais e fomento à exploração de novas reservas.
A Vale investirá na renovação da frota de máquinas e locomotivas no projeto Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). O valor total será R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 911 milhões desta emissão. O intuito é melhorar a segurança e economia de até 6% de combustível com tecnologia de tração AC e motores mais eficientes. A conclusão do projeto está prevista para dezembro de 2029.
Já R$ 662 milhões da emissão serão alocados para o projeto Estrada de Ferro Carajás (EFC), previsto para terminar em dezembro de 2030. A companhia busca renovar e adquirir novas locomotivas adaptadas para o uso de 25% de biodiesel (B25).
Debêntures são títulos de dívidas emitidos por empresas que não são classificadas como instituições financeiras ou de crédito imobiliário. O valor aplicado é utilizado como um empréstimo do investidor para a organização.
Dessa forma, quem investe em debêntures se torna um credor da empresa em questão e recebe juros fixos ou variáveis ao final do período estimulado.
Ao comprar estes títulos, é como se o investidor adquirisse parte da dívida da empresa para si.
O processo para investir em debêntures é bastante simples e rápido.
O investidor deve ter uma conta ativa numa corretora de valores e dispor de saldo disponível para realizar a aplicação.
É possível fazer o investimento em debêntures através do site da corretora, sem a necessidade de sair de sua casa para começar a investir.
Outro ponto interessante é a possibilidade de tirar todas as suas dúvidas com os analistas da instituição. Assim, você não precisa realizar o investimento com insegurança sobre a aplicação escolhida.
Rendimento acima da média na Renda Fixa: os títulos de debêntures costumam ter bom rendimento, principalmente se estão acompanhados a um percentual de indicadores, com o CDI. Portanto, é possível conseguir bons resultados com este investimento.
Alguns títulos possuem isenção do Imposto de Renda: as debêntures incentivadas possuem a isenção de Imposto de Renda.
Diversificação de carteira: a diversificação da carteira é uma das melhores estratégias para quem deseja proteger o seu capital e ainda conseguir boa rentabilidade. Então, a debênture pode ser mais uma boa opção para diversificar sua carteira.
Sem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC): apesar de ser um investimento em renda, a debênture não possui a garantia do FGC. O investidor acaba ficando exposto a um maior risco de crédito.
Validade extensa dos títulos de dívidas: este tipo de investimento possui, de forma geral, prazos mais longos. Com isso, pode se tornar uma desvantagem para os investidores que possuem objetivos a curto e médio prazo.
Não serve como margem de garantia: diferente do que ocorre com outros ativos, não é possível utilizar as debêntures como margem de garantia para operações em day trade de ações ou contratos futuros.
Tanto o investimento em debêntures quanto em outras modalidades, o segredo do sucesso está sempre em manter uma estratégia de investimentos diversificada. Se você busca boas oportunidades, as debêntures podem oferecer possibilidades de resultados muito atrativos para compor sua carteira.
Investir em debêntures implica considerar diversos fatores, incluindo os custos e a tributação associados a esse tipo de investimento. Os custos podem variar de acordo com a instituição financeira escolhida para realizar a aplicação. Em alguns casos, bancos e corretoras podem cobrar comissões, como a taxa de intermediação ou corretagem, que se aplica a cada transação de compra ou venda de debêntures. Além disso, algumas instituições podem cobrar uma taxa de custódia, que visa cobrir os custos relacionados à guarda das debêntures em nome do investidor.
No entanto, o principal custo a ser considerado ao investir em debêntures é o Imposto de Renda. Esse tributo incide sobre os rendimentos e segue a tabela regressiva. De acordo com essa tabela, a alíquota inicia em 22,5% para aplicações de até seis meses, diminuindo para 15% em investimentos com prazo superior a dois anos. Essa estrutura de alíquotas é semelhante à utilizada na tributação de outros investimentos de renda fixa.
É importante observar que, se as debêntures forem classificadas como incentivadas, não há incidência de Imposto de Renda sobre os rendimentos, proporcionando um benefício fiscal aos investidores.
Como a debênture é um título de dívida emitido por uma empresa que precisa de recursos para financiar seus projetos e atividades, o principal risco desse investimento é o risco de crédito: ou seja, é a possibilidade de a companhia emissora não ter, na data de vencimento, o dinheiro para pagar de volta tanto o valor investido quanto o rendimento contratado.