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Vale (VALE3) dispara, na contramão do Ibovespa, com minério a US$ 100: e investir, vale?

Companhia acompanha valorização do minério no exterior; siderúrgicas lideram altas do principal índice da bolsa

Os papéis da mineradora avançam 3,88% às 12h24 (horário de Brasília) (Washington Alves/Reuters)

Os papéis da mineradora avançam 3,88% às 12h24 (horário de Brasília) (Washington Alves/Reuters)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 2 de julho de 2025 às 13h06.

Última atualização em 2 de julho de 2025 às 14h02.

Na contramão do Ibovespa, as ações da Vale (VALE3) operam entre as maiores altas do índice de referência da bolsa brasileira nesta quarta-feira, 2. A mineradora também tem o maior giro da bolsa na manhã de hoje, movimentando mais de R$ 1,6 bilhão, em menos de 3 horas de pregão.

A alta coincide com a valorização do preço do minério de ferro no exterior, segundo diretor de análise na Zero Markets Brasil, Marcos Praça. Na bolsa chinesa de Dalian, a cotação subiu quase 1,7%, para US$ 100,78 por tonelada e ainda que o preço tenha praticamente zerado alta nos contratos futuros negociados em Singapura (onde o preço oscila na casa dos US$ 95), a Vale não perdeu força.

Às 12h40 (horário de Brasília), VALE3 subia mais de 4%.

A oferta global mais restrita de minério de qualidade pode estar dando suporte à Vale, na visão de João Abdouni, analista da Levante Inside Corp. "A Vale, como um player dominante, pode reequilibrar o mercado e sustentar as cotações entre US$ 95 e US$ 100 por tonelada”, disse. O minério mais caro melhora a percepção do mercado sobre margens e rentabilidade futura da companhia, o que justifica a reação positiva do mercado.

Outras mineradoras e empresas do setor de commodities ao redor do mundo também operam com forte valorização nesta quarta-feira. Freeport McMoran (cobre) subia 5%, Hudbay Minerals (cobre e ouro) e Albemarle (lítio) também avançavam cerca de 4%. Outros gigantes como Rio Tinto e BHP, comparáveis à Vale, subiam 1,9% e 2,7%, respectivamente.

"O movimento é impulsionado por uma 'rotação' de investidores, que estão saindo deixando ativos tecnológicos, após forte valorização em junho, e migrando para investimentos mais voltados para a economia real, como a mineração", disse um analista de commodities que pediu para não ter o nome citado na reportagem.

É hora de investir em VALE3?

O sentimento de momento, porém, não é unânime. Olhando para o longo prazo, analistas enxergam tendências diferentes para o preço do minério de ferro no mercado internacional, ponto-chave no desempenho da Vale.

Os analistas do Santander destacam a Vale como a Top Pick do setor de Siderurgia & Mineração, destacando sua preferência por minério de ferro em relação ao aço. A mineradora também apresenta um valuation atraente, com EV/Ebitda estimado para 2025 de 3,8 vezes, 26% abaixo da média do setor, e um dividend yield de 9,0%. O banco vê o preço do minério de ferro sustentado pela restrição de oferta, com desafios contínuos de suprimento e a falta de novos projetos, mantendo os preços acima de US$ 100 por tonelada a médio prazo.

O Itaú BBA, por sua vez, tem uma visão mais conservadora, projeta resultados estáveis para a mineradora e até acredita que pode haver uma queda nos preços realizados do minério de ferro. Os analistas da casa acreditam que o foco dos investidores será o equilíbrio entre uma possível redução de custos e novos aumentos nos volumes.

Siderúrgicas no topo do Ibovespa

As siderúrgicas lideram os ganhos do Ibovespa hoje, com destaque para a CSN (CSNA3). O papel subia quase 7% neste início de tarde, seguido por Usiminas (USIM5), com ganhos de quase 6%; Metalúrgica Gerdau (GOAU4) e Gerdau (GGBR4) aparecem em terceiro e quarto lugar, respectivamente, com ganhos de mais de 4%.

O desempenho das siderúrgicas na bolsa coincidem com a divulgação de dados sobre vendas de aço em maio. No Brasil, houve crescimento de 3,8% em bases anuais, com crescimento de 3,4% para o aço plano e 5,9% para os longos, segundo o Instituto Aço Brasil (IABr). No acumulado do ano, as vendas somaram 8,6 milhões de toneladas, com alta anual de 3,3% — aumento de 3,7% em aços planos e 4,5% nos longos.

As exportações de aço, por sua vez, cresceram 40,1% em maior na comparação com o mesmo mês em 2024.

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