Invest

Verde Asset critica populismo e ‘terraplanismo econômico’ do governo

Uma das maiores gestoras do país critica medidas que considera eleitoreiras na gestão de Jair Bolsonaro e compara cenário atual ao do governo Dilma

Palácio do Planalto, em Brasília, sede da Presidência da República: governo Bolsonaro está cada vez mais parecido com o da ex-presidente Dilma, diz Verde Asset | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Palácio do Planalto, em Brasília, sede da Presidência da República: governo Bolsonaro está cada vez mais parecido com o da ex-presidente Dilma, diz Verde Asset | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 8 de fevereiro de 2022 às 20h32.

A alta da bolsa brasileira e a queda do dólar no início de 2022 estão tirando o foco do mercado do risco fiscal no país, que está tão alto agora quanto esteve nos momentos mais conturbados do governo de Dilma Rousseff. É o que afirma Daniel Leichsenring, economista-chefe da Verde Asset, na carta mensal da gestora aos cotistas.

A Verde – que tem cerca de 48 bilhões de reais sob gestão e é uma das gestoras mais prestigiadas e bem-sucedidas do país – critica o que chamou de “terraplanismo econômico” do atual governo.

“Quando o Presidente quer e o Ministro da Economia autoriza, não será o Congresso a instituição que evitará o abismo fiscal eleitoreiro. Curiosamente, com a volta do juro alto e a volta do investidor estrangeiro à bolsa brasileira, a reação natural do mercado a propostas deste calibre não está ocorrendo. O termômetro quebrou. Com dólar caindo e bolsa subindo no ano, não há amarras para atitudes ainda mais populistas”, afirma Leichsenring em trecho da carta.

Assista ao resumo da carta da Verde Asset em vídeo:

yt thumbnail

Entre as medidas criticadas na gestão do presidente Jair Bolsonaro estão a “destruição completa” do teto de gastos, que até o ano passado era a principal âncora fiscal do Brasil. Segundo a carta da Verde, em 2022 os erros continuam, simbolizados principalmente pela PEC dos Combustíveis, que pretende reduzir impostos sobre combustíveis e energia com o objetivo de segurar os preços artificialmente e reforçar a popularidade do presidente antes das eleições.

“A proposta de eliminar os impostos sobre os combustíveis é um desvario completo e não resiste a um minuto de considerações sobre sua qualidade ou conveniência. No mínimo, estaríamos falando de uma desoneração da ordem de 1% do PIB e, no máximo, de 3% do PIB”, aponta a carta.

Leichsenring aponta que o governo Bolsonaro chega ao fim de maneira praticamente indistinguível do governo Dilma do ponto de vista econômico e acrescenta que o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, se aproxima em atuação do ex-ministro da Fazenda da petista, “que gerou o maior desastre econômico de que se tem registro”.

O economista termina a carta afirmando que ainda há tempo para barrar a proposta econômica da atual gestão e encontrar uma alternativa "política viável" para o Brasil.

Em janeiro, o Fundo Verde, principal produto da casa, gerou retorno com base em três estratégias principais: posições tomadas em juros em economias desenvolvidas, ações e inflação implícita no Brasil. O Verde FIC FIM subiu 1,49% no mês passado, contra uma alta de 0,73% do CDI.

Acompanhe tudo sobre:AçõesDilma RousseffFundo VerdeGestores de fundosGoverno BolsonaroGoverno DilmaJair Bolsonaro

Mais de Invest

Após lançamento em Austin, Tesla mira Nevada para ampliar serviço de robotáxis

'Desquerida'? Ação da WEG toca mínima do ano após balanço e apaga ganhos recentes

Ibovespa fecha em alta com impulso de Petrobras e bancos

Tesla (TSLA) reporta a maior queda nas receitas trimestrais em mais de uma década