Freelancer
Publicado em 28 de julho de 2025 às 06h39.
O retorno da febre das “meme stocks” na semana passada reacendeu um dilema entre investidores profissionais: entrar na empolgação dos traders de varejo ou enxergar o movimento como mais um sinal de alerta de que o mercado está inflado e próximo de uma correção?
A nova onda elevou papéis como os da Opendoor Technologies e da Kohl’s Corp., que devolveram parte dos ganhos ao longo da semana, mas ainda operam nos maiores patamares em meses. Enquanto isso, os índices S&P 500 e Nasdaq 100 seguem em máximas históricas, após recuperarem as perdas provocadas pelos anúncios tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo dados da Autoridade Reguladora da Indústria Financeira dos EUA (Finra), o volume de dívida tomada por investidores para comprar ações na bolsa de Nova York - conhecido como margin debt - ultrapassou os níveis da bolha das empresas de tecnologia, atingindo um novo recorde. Isso reforça os sinais de que o apetite por risco voltou com força.
Apesar do entusiasmo, uma reportagem da Bloomberg revelou que já há indícios de esgotamento. A recente disparada das “meme stocks” perdeu força em poucos dias, e o Bitcoin, outro símbolo clássico da especulação, recuou após atingir recordes. De acordo com o site, algumas mesas de operação de Wall Street passaram a sugerir que clientes comprem proteções descontadas contra possíveis perdas.
“Estou vendo tudo isso e começando a recuar um pouco”, afirmou Eric Diton, presidente da Wealth Alliance. “Sou otimista no longo prazo, mas cauteloso no curto. Acho que estamos atrasados para algum tipo de correção, por conta do excesso de especulação”, relatou.
Para lidar com a volatilidade, alguns analistas têm feito paralelos com janeiro de 2021, quando ações como GameStop e AMC tomaram o noticiário financeiro. Naquela época, traders de varejo impulsionados por cheques de estímulo e tempo livre em casa coordenavam operações via redes sociais.
O rali de 2021 veio após um ano forte para os mercados e impulsionou ainda mais os índices - o S&P 500 subiu 27% naquele ano. Entretanto, logo no ano seguinte, o índice caiu 19%, registrando sua pior performance anual desde a crise financeira global.
“Todo esse otimismo e apetite por risco costumam durar até que parem de durar, então é notoriamente difícil prever quando isso acontece”, afirmou Victor Haghani, diretor de investimentos da Elm Wealth. “Sabemos que estamos no meio disso, mas não sabemos se estamos perto do fim. É uma questão de quando, não de se, o mercado voltará a um nível mais sensato.”