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Wall Street vê ações da Europa com maior vantagem sobre EUA em décadas

Com melhora no cenário econômico e trégua comercial, bancos como JPMorgan e UBS projetam desempenho superior para ações europeias, mas alertam para riscos no curto prazo

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 20 de maio de 2025 às 06h56.

Última atualização em 20 de maio de 2025 às 07h45.

Estrategistas de Wall Street apostam que as ações europeias terão o melhor desempenho relativo aos Estados Unidos em pelo menos duas décadas.

O índice Stoxx 600 deve encerrar o ano por volta de 554 pontos, segundo a média das projeções de 20 estrategistas ouvidos pela Bloomberg — o que representa uma alta de cerca de 1% em relação ao fechamento da última sexta-feira, 16.

JPMorgan Chase e Citigroup estão entre os mais otimistas com o mercado europeu em 2025.

O JPMorgan projeta o Stoxx 600 em 580 pontos até o fim do ano, enquanto o Citi prevê uma alta de 4%, para 570 pontos.

As estimativas refletem uma redução do pessimismo em relação aos lucros corporativos da região.

Elas também contrastam com as projeções das duas instituições para os EUA, que apontam queda no S&P 500 no segundo semestre.

A diferença entre as projeções dos dois bancos para Europa e Estados Unidos aponta para uma possível vantagem histórica das ações europeias em 2025. No cenário do JPMorgan, o Stoxx 600 superaria o S&P 500 em 25 pontos percentuais, o que seria o maior diferencial já registrado, segundo dados da Bloomberg. Já nas estimativas do Citi, o desempenho relativo seria o melhor desde 2005.

“Se já superamos o pico da incerteza sobre os lucros, isso pode preparar o terreno para mais ganhos e uma possível reavaliação dos múltiplos, especialmente entre os setores cíclicos mais penalizados”, disse Beata Manthey, do Citi, em entrevista à Bloomberg.

Incertezas no curto prazo

Ainda assim, analistas de grandes bancos alertam para obstáculos no curto prazo, como a incerteza em torno das tarifas globais e da baixa performance dos lucros corporativos.

No Société Générale, Roland Kaloyan mantém uma visão cautelosa e projeta o Stoxx 600 em 530 pontos até dezembro, uma queda de 3,5% em relação aos níveis atuais. “A incerteza em torno das tarifas complica ainda mais o cenário, já que muitas empresas evitam fornecer projeções claras, indicando que o impacto total dessas tarifas pode não estar refletido nas estimativas de lucro”, afirmou.

Kaloyan diz que só revisará sua estimativa se houver uma tendência mais sólida de crescimento dos lucros e uma redução dos riscos ligados a tarifas. Esses fatores têm impedido uma precificação mais otimista das ações europeias, mesmo em meio à expectativa de cortes de juros no bloco.

No UBS, o estrategista Gerry Fowler também aponta limites para o avanço do Stoxx 600. Apesar de reconhecer que os múltiplos já se expandiram com a perspectiva de crescimento econômico nos próximos dois anos, ele alerta que o momento ainda é de transição.

“Para ganhos adicionais, será preciso superar um período de incerteza no regime macroeconômico, que provavelmente manterá o crescimento do lucro por ação (EPS) estagnado ou levemente negativo neste ano”, afirma Fowler.

Emergentes voltam ao radar

Enquanto isso, os mercados emergentes voltaram ao radar dos grandes bancos. Na segunda-feira, 19, o JPMorgan elevou sua recomendação de compra para ações emergentes, citando a trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China e o enfraquecimento do dólar como principais catalisadores.

“A redução nas tensões comerciais elimina um dos principais obstáculos para as ações de emergentes”, afirmaram os analistas do JPMorgan, acrescentando que a fraqueza do dólar deve continuar beneficiando os mercados ao longo do segundo semestre.

O movimento do JPMorgan reforça a leitura já destacada por Michael Hartnett, estrategista-chefe do Bank of America, em relatório publicado na sexta-feira, 16. Para ele, os emergentes devem superar todas as outras classes de ativos em 2025, impulsionados justamente pela retomada da economia chinesa e por um dólar mais fraco.

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