BOLSA DE NOVA YORK: avanço da inteligência artificial mantém bolsas em alta, mas especialistas comparam movimento ao período pré-crise da bolha da internet.; / Spencer Platt/Getty Images
Redatora
Publicado em 4 de novembro de 2025 às 19h10.
Última atualização em 4 de novembro de 2025 às 19h12.
Grandes nomes do setor financeiro norte-americano, incluindo os CEOs do Morgan Stanley e do Goldman Sachs, alertaram que os mercados de ações podem enfrentar uma queda de até 15%, em meio a preocupações sobre o nível elevado das avaliações das empresas de tecnologia e o ritmo acelerado das bolsas dos Estados Unidos.
Durante a Cúpula Global de Investimentos de Líderes Financeiros, em Hong Kong, o presidente-executivo do Morgan Stanley, Ted Pick, avaliou que os mercados podem passar por uma correção de 10% a 15%, mesmo sem um gatilho macroeconômico específico. Ele observou que o atual ritmo de valorização das bolsas se assemelha a períodos de forte euforia, como o registrado na bolha da internet no fim dos anos 1990.
Na mesma linha, o CEO do Goldman Sachs, David Solomon, apontou que as empresas de tecnologia já operam com múltiplos elevados, ainda que esse cenário não se repita em todos os setores. Para ele, fases prolongadas de otimismo tendem a sustentar os mercados por algum tempo, mas choques inesperados podem rapidamente alterar o sentimento dos investidores e provocar quedas.
No pregão desta terça, Dow Jones caiu 0,53%, o S&P500 teve queda de 1,17% e a Nasdaq recuou 2,04%.O índice de volatilidade CBOE (VIX), conhecido como o “medidor do medo”, aproximou-se de seu pico em duas semanas.
O movimento foi agravado pela desvalorização das ações da Palantir Technologies, que caíram 7,94% após projeção de receita considerada aquém das expectativas, mesmo com previsão de alta trimestral. As gigantes de tecnologia também registraram perdas: Nvidia recuou 3,96%, Alphabet 2,13% e Microsoft 0,5%.
A forte valorização das ações ligadas à IA tem alimentado comparações com a bolha das empresas “ponto-com”. Estimativas do Citigroup indicam que os investimentos em infraestrutura de inteligência artificial podem ultrapassar US$ 2,8 trilhões até 2029, impulsionados pelas grandes empresas de tecnologia.
No entanto, investidores como Michael Burry — conhecido pela aposta contra o mercado imobiliário antes da crise de 2008 — alertam que “às vezes, vemos bolhas”, em referência ao atual entusiasmo com o setor.
Apesar dos alertas, parte dos analistas argumenta que o atual ciclo difere do observado nos anos 2000, uma vez que as companhias líderes do segmento apresentam lucros consistentes e modelos de negócio mais consolidados. Ainda assim, o ambiente de juros altos, tensões geopolíticas e incertezas fiscais segue como fonte de volatilidade.