Redatora
Publicado em 15 de julho de 2025 às 08h46.
O Wells Fargo divulgou nesta terça-feira, 15, que seu lucro líquido subiu 12% no segundo trimestre, impulsionado pela redução nas provisões para calotes. Ainda assim, as ações do banco recuaram no pré-mercado após a companhia revisar para baixo sua estimativa de faturamento com juros em 2025.
Entre abril e junho, o quarto maior banco dos Estados Unidos lucrou US$ 5,49 bilhões, ou US$ 1,60 por ação, acima dos US$ 4,91 bilhões (US$ 1,33 por ação) registrados no mesmo período do ano passado.
O resultado veio em meio a uma melhora da qualidade de crédito. O banco separou US$ 1,01 bilhão para cobrir perdas com empréstimos inadimplentes, abaixo dos US$ 1,24 bilhão de um ano atrás. As perdas efetivas com calotes caíram 23% na comparação anual.
Mesmo com os números positivos, o mercado reagiu com cautela. As ações do Wells Fargo (WFC.N) recuavam mais de 2% no pré-mercado às 8h36 (horário de Brasília), após fecharem em alta de 1,07% na véspera.
A queda é atribuída ao fato de o banco ter revisto sua projeção de faturamento com juros (ou NII, na sigla em inglês), que mede a diferença entre os juros cobrados em empréstimos e o custo dos depósitos. O banco agora estima que o NII fique em linha com os US$ 47,7 bilhões registrados em 2024, abandonando a expectativa anterior de alta entre 1% e 3%.
O crescimento modesto do NII no segundo trimestre — US$ 11,7 bilhões, ligeiramente abaixo da estimativa de US$ 11,8 bilhões — reforçou o ceticismo de analistas e investidores, já atentos à desaceleração do crédito em meio aos juros altos e à incerteza econômica gerada pelas novas tarifas comerciais do presidente Donald Trump.
Apesar disso, a receita não atrelada a juros surpreendeu positivamente, avançando 4% em um ano, para US$ 9,11 bilhões, com destaque para o salto de 8,6% nas taxas de banco de investimento.
O balanço marca um ponto de virada para o Wells Fargo. Em junho, o Federal Reserve retirou o limite de US$ 1,95 trilhão de ativos imposto ao banco desde 2018, como punição por escândalos anteriores.
Segundo o CEO Charlie Scharf, a remoção do teto abre espaço para uma nova fase de expansão. “Agora temos a oportunidade de crescer de maneiras que não eram possíveis enquanto o limite de ativos estava em vigor”, afirmou Scharf em comunicado divulgado nesta terça.
Com a restrição encerrada, o banco planeja reforçar as áreas de atacado, corporate banking, investimentos e trading, que estavam limitadas nos últimos anos.
Em abril, o conselho do banco aprovou um novo programa de recompra de ações de US$ 40 bilhões e, em julho, o Wells Fargo anunciou que pretende aumentar os dividendos do terceiro trimestre em 12,5%, para US$ 0,45 por ação, medida que ainda está sujeita à aprovação do conselho.
O banco deu início à temporada de balanços dos grandes bancos dos EUA, ao lado de JPMorgan e Citigroup, que também publicam seus resultados nesta terça-feira. Já o Goldman Sachs, o Bank of America e o Morgan Stanley irão divulgar seus números nesta quarta-feira.