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Como escolher um plano de previdência privada para sua idade e perfil

Modalidades PGBL e VGBL atendem diferentes necessidades fiscais, enquanto tributação varia conforme tempo de investimento e valor dos resgates

Investidores conservadores devem priorizar fundos de renda fixa, que oferecem maior proteção contra a inflação. (pinkomelet/Thinkstock)

Investidores conservadores devem priorizar fundos de renda fixa, que oferecem maior proteção contra a inflação. (pinkomelet/Thinkstock)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 10 de novembro de 2025 às 13h46.

Uma das principais dúvidas de quem está planejando a aposentadoria diz respeito à escolha do tipo de previdência privada mais adequada.

O investimento, que funciona como uma poupança de longo prazo para complementar o INSS, tem ganhado cada vez mais relevância devido ao cenário de incertezas.

Modalidades PGBL e VGBL

A escolha entre as duas modalidades disponíveis depende do perfil tributário do investidor. De um lado, está o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), que atende especificamente quem faz declaração completa do Imposto de Renda e contribui para o INSS.

Essa modalidade permite deduzir até 12% da renda bruta anual, reduzindo imediatamente a base de cálculo. Em contrapartida, o IR incidirá sobre o valor total no momento do resgate.

Já o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) funciona de maneira diferente. Embora não permita dedução fiscal inicial, o imposto incide apenas sobre os rendimentos obtidos. Por essa razão, se torna mais vantajoso para quem utiliza a declaração simplificada ou já esgotou o limite de 12% permitido no PGBL.

Vale destacar que muitos especialistas recomendam uma estratégia combinada: alocar cerca de 70% dos recursos em PGBL para maximizar as deduções fiscais, destinando os 30% restantes ao VGBL para aportes adicionais.

Tributação progressiva ou regressiva

Desde o início de 2024, uma mudança significativa tornou os planos mais flexíveis. Agora, é possível escolher o regime tributário no momento do resgate, não mais na contratação do plano. Essa alteração oferece maior adaptabilidade às circunstâncias financeiras futuras.

A tabela regressiva beneficia claramente os investimentos de longo prazo. Neste sistema, a alíquota diminui progressivamente conforme o tempo de permanência de cada aporte:

  • Até 2 anos: 35%
  • 2 a 4 anos: 30%
  • 4 a 6 anos: 25%
  • 6 a 8 anos: 20%
  • 8 a 10 anos: 15%
  • Mais de 10 anos: 10%

Por outro lado, a tabela progressiva segue as mesmas alíquotas aplicadas aos salários, variando de isenção total até 27,5%.

Essa opção se mostra mais vantajosa para resgates de valores baixos ou horizontes de investimento mais curtos, já que pode resultar em tributação menor nos primeiros anos.

Principais vantagens do investimento

Além dos benefícios fiscais já mencionados, a previdência privada oferece vantagens específicas que a diferencia de outros investimentos. Em primeiro lugar, destaca-se a sucessão patrimonial simplificada, já que os recursos são transferidos rapidamente aos beneficiários, sem passar por inventário, evitando custos e demoras do processo de partilha.

A flexibilidade é outro ponto, sendo possível começar com aportes mensais de apenas R$ 100, além de contar com portabilidade gratuita entre diferentes planos e instituições. Essa mobilidade permite que o investidor migre para opções mais vantajosas sem custos adicionais.

Além disso, o mecanismo funciona como uma disciplina de poupança forçada, incentivando a formação de reservas de longo prazo através de fundos diversificados que podem incluir renda fixa, multimercado e ações.

Desvantagens e custos envolvidos

Apesar dos benefícios, é importante considerar também os aspectos negativos antes da decisão. As taxas de administração variam consideravelmente, oscilando entre 0,3% e 3% ao ano, enquanto taxas de performance podem consumir 20% dos ganhos que excedem determinados benchmarks.

Outro fator limitante é a baixa liquidez para resgates antecipados. A tributação pode chegar a 35% nos primeiros dois anos, tornando o produto inadequado para necessidades de emergência ou objetivos de curto prazo.

Por fim, não se pode ignorar os riscos inerentes aos investimentos. Fundos mais arrojados, especialmente aqueles focados em ações, tem maior volatilidade e podem, em determinados períodos, até mesmo render abaixo da inflação.

Como escolher o plano ideal

Para tomar a decisão mais acertada, é preciso definir objetivos claros: o plano é para uma aposentadoria, uma formação de herança ou compra de um imóvel? Horizontes mais longos favorecem naturalmente a tributação regressiva.

Em seguida, é importante avaliar o perfil de risco pessoal. Investidores conservadores devem priorizar fundos de renda fixa, que oferecem maior proteção contra a inflação. Já perfis moderados podem optar por multimercados diversificados, enquanto os mais arrojados se beneficiam da exposição a ações, apesar da maior volatilidade.

A escolha entre PGBL e VGBL também deve considerar a forma de declaração do IR: o primeiro para quem faz a declaração completa, o segundo para a simplificada. Além disso, vale a pena comparar os regimes tributários através dos simuladores disponibilizados pelas próprias instituições.

Por fim, uma análise criteriosa dos fundos que estão disponíveis inclui verificar a rentabilidade histórica, o nível de diversificação e a reputação da gestora.

Dessa forma, convém evitar planos com taxa de carregamento, ainda comuns em grandes bancos, priorizando opções sem essa cobrança, mais frequentes em corretoras independentes.

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