Invest

Entrou, saiu: 4 em 10 brasileiros gastam tudo o que ganham em 36 horas

Não quer dizer que o brasileiro esbanja: muitas vezes falta dinheiro para pagar o essencial - o que leva à busca por crédito e ao endividamento

Gastos: pesquisa mostra que 42,2% brasileiros gastam tudo o que recebem em até 36 horas (Images By Tang Ming Tung/Getty Images)

Gastos: pesquisa mostra que 42,2% brasileiros gastam tudo o que recebem em até 36 horas (Images By Tang Ming Tung/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 28 de agosto de 2025 às 06h00.

Última atualização em 28 de agosto de 2025 às 07h08.

O 5º dia útil de cada mês é motivo de felicidade para muitos assalariados. Mas, depois que o dinheiro entra na conta, quanto tempo demora para o brasileiro gastar tudo? Segundo um estudo da fintech Klavi, 42,2% deles gastam tudo em 36 horas.

Também não é irrelevante o percentual de quem gasta tudo em 24 horas — 18,2%, quase um quinto dos brasileiros, não seguram o salário por um dia cheio.

E quem não gasta tudo, tende a deixar muito pouco. Depois de 36 horas, 56,3% dos assalariados tinham menos de R$ 100 na conta.

Na palma da sua mão — literalmente: pagamento com sensor que “lê” veias é testado no Brasil

Bruno Chan, CEO da Klavi, afirma que são inúmeros os motivos que levam os brasileiros a gastarem tudo o que ganham em questão de horas. “É difícil apontar um único vilão”, diz. Outros estudos da fintech comprovam não ser incomum as pessoas gastarem mais do que sua renda — ainda que seja para pagar pelo essencial.

“A pessoa aproveita logo o momento em que o salário cai para pagar todos os seus boletos. Esse é um exemplo em que a conta estar zerada rapidamente após cair o dinheiro significa, na verdade, um sinal de uma pessoa que honra seus compromissos com um orçamento justo.”

Inadimplência

Mas, para as pessoas que gastam tudo o que tem sem pagar as devidas contas, o resultado é a necessidade de produtos de crédito, como cheque especial e cartão.

Quem usa todo o dinheiro que recebe para pagar contas e, mesmo assim, não quitou tudo o que devia, acaba caindo no cheque especial ou recorrendo ao cartão de crédito. É um crédito mais caro que, se não for pago em dia, pode acabar em inadimplência.

Das 7,2 mil pessoas que o estudo acompanhou, todas tinham crédito em aberto, ou seja, estavam endividados. Quase metade, 49%, deviam valores acima de R$ 1.000,01; 24% tinham dívidas entre R$ 500,01 e R$ 1000; outros 24% deviam entre R$ 100,01 e R$ 500; e somente 3% tinham dívidas abaixo de R$ 100.

O Mapa da Inadimplência da Serasa mostra que 77,8 milhões de pessoas estão inadimplentes no Brasil.

Para Chan, a inadimplência é uma mistura de falta de educação financeira com alto custo de capital. Com a Selic a 15%, os juros dos empréstimos aumentam.

“No entanto, é importante separar o joio do trigo. Crédito é fundamental e é algo que faz a roda da economia girar, por isso o próprio governo incentiva e está criando cada vez mais ferramentas para uma análise responsável”, aponta Chan.

Entretanto, ele aponta ser necessária uma análise criteriosa na concessão do crédito.

“Com Open Finance, por exemplo, conseguimos identificar apostadores contumazes. Já observamos pessoas que comprometem mais de 50% de sua renda com bets, logo após solicitar crédito. Essas pessoas, muitas vezes, solicitam estão pedindo crédito de novo dali a 60 dias. Não deveriam ter crédito aprovado, mas muitas vezes sem o dado adequado isso ocorre.”

Nessa história toda, poupar fica para trás.

“Fazer um pé de meia é fundamental, mas infelizmente não é uma possibilidade para muitas pessoas. Acredito que podemos evoluir muito em relação à educação financeira. Temos, por exemplo, diversas plataformas de gestão financeira bem interessantes, identificando gastos supérfluos por meio do Open Finance e sugerindo proativamente melhorias.”

Acompanhe tudo sobre:PoupançaCartões de créditocredito-pessoalboleto-bancarioDívidas pessoaisInadimplência

Mais de Invest

Para CEO da Nvidia, crescimento no setor de IA deve continuar — e atingir trilhões nos próximos anos

Google cortou 35% dos gerentes de pequenas equipes em 2024

Bolsas globais operam mistas com balanço da Nvidia e dados da Europa no radar

Petróleo a US$ 50 - a previsão do Goldman Sachs que é má notícia para a Petrobras