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Os avanços do Pix: do pagamento sem internet ao fim do cartão de crédito

Para o economista e professor da Saint Paul, Mauricio Godoi, o pix vai revolucionar o futuro do sistema bancário

Os avanços do Pix: do pagamento sem internet ao fim do cartão de crédito

Os avanços do Pix: do pagamento sem internet ao fim do cartão de crédito

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 16 de maio de 2025 às 07h13.

Última atualização em 16 de maio de 2025 às 09h45.

O Pix promete revolucionar o sistema bancário brasileiro em 2025. O sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central entra em uma nova fase com inovações como o Pix Garantido, o Pix Automático, o Pix por Aproximação e o Pix Offline. A promessa dos novos formatos é substituir o cartão de crédito, reduzir custos para empresas e ampliar o acesso financeiro em regiões remotas.  

Maurício Godoi, economista e professor da Saint Paul Escola de Negócios, participou do desenvolvimento de parte dessas inovações quando integrou comissões técnicas no Senado e acompanhou de perto o avanço do Pix desde sua criação.  

O professor explica o que muda para o consumidor, como o Pix vai transformar o mercado de crédito e por que a concorrência entre bancos e fintechs deve se intensificar nos próximos meses. 

Leia a entrevista de Godoi a Exame: 

 

EXAME – Como será o pix offline? Já tem previsão de lançamento? 

Godoi– São quatro formas de transações sem internet: reconhecimento facial ou biometria com senha, Bluetooth, NFC (aproximação) e QR Code estático. Elas funcionam mesmo quando o usuário ou o estabelecimento estão offline. O caminho é a implementação do Pix por aproximação e depois o Pix offline. A primeira etapa do modelo de aproximação é com o NFC ou Bluetooth; a segunda é a aproximação efetiva com saldo criptografado; e por fim o Pix offline. O Banco Central lançou em fevereiro o Pix por aproximação, e está previsto que esse modelo Pix funcione em 100% das máquinas até setembro. O BC também está realizando alguns testes em relação a parte de regularização jurídica e a previsão é que o Pix Offline seja lançado em novembro. 

 

EXAME – Quais são as vantagens do Pix offline?  

Godoi – Imagina um corredor que resolve parar na padaria, que possui internet, para comprar pão, mas está sem cartão e sem telefone. Com o pix offline, será possível pagar via reconhecimento facial, biometria ou digitando a chave Pix. Assim que o corredor tiver internet de novo o banco desconta da conta dele. Além da praticidade e evitar roubo de celular, as pessoas que vivem em lugares remotos, sem acesso a à tecnologia, vão conseguir usar o Pix. Para aumentar ainda mais a segurança, o consumidor pode estabelecer um limite de R$ 200, por exemplo, antes de sair de casa sem o celular. É modesto, simples e inovador. 

 

EXAME – Quais são as dificuldades de implementar o pix por aproximação e o offline? 

Godoi– Ainda há desafios de compatibilidade com os bancos, que estão estruturando tecnologias novas. A implementação desses sistemas ocorre aos poucos. Lembra que no início do Pix grandes instituições financeiras ficaram offline dois a três dias, mas as fintechs nadaram de braçada na tecnologia. Mas por outro lado bancos tradicionais investem mais em segurança.  

 

EXAME – Qual será o primeiro grande impacto do pix offline para os bancos? 

Godi – A primeira preocupação é a contabilidade. Os bancos devem conseguir fazer todos os cruzamentos offline. Por exemplo, o viajante que ficou sem acesso à internet vai compensar esse dinheiro da sua conta em que momento? Os bancos devem mudar a instrução normativa. 

 

EXAME – E o Pix Garantido? Por que ele pode acabar com o cartão de crédito? 

Godoi– Ele substitui o crédito parcelado do cartão. O banco garante o pagamento ao lojista e o consumidor parcela diretamente com o banco. Com o Pix garantido, a concorrência entre instituições financeiras aumenta, já que bancos menores, que não tinham a bandeira de Visa ou Mastercard, vão poder participar do mercado de crédito. Qualquer fintech vai poder participar do mercado de crédito. Pode ser o fim do cartão, mas não do crédito, o pagamento será mais avançado com o Pix. Esse aumento de competividade entre os bancos, vai implicar em taxas menores ao consumidor. Dessa forma também acabam as “maquininhas” de cartão, um custo a menos para as empresas. O Pix garantido vai democratizar o acesso ao crédito. 

 

EXAME – Qual o impacto disso para o lojista? Haverá mudanças para o consumidor? 

Godoi – Enorme. Ele não precisa mais antecipar recebíveis com custo alto. Pode transferir diretamente seus créditos para fornecedores, pagar logística ou usar como garantia de crédito. Para o consumidor o pagamento continua igual. A mudança está no sistema por trás: mais eficiente, mais barato e mais competitivo. 

 

EXAME – E como vai funcionar o Pix Automático? 

Godoi– Esse modelo está previsto para 16 de junho e vai substituir boletos e débito automático. A pessoa poderá agendar pagamentos mensais, como escolas ou academias, com mais controle e menos custo. 

 

EXAME – Quais serão as vantagens do Pix Automático? 

Godoi– As empresas vão economizar em boleto e planejamento financeiro. Além disso, diminui o risco de inadimplência, é mais difícil do consumidor esquecer de pagar suas contas e não vai ficar com nome sujo no cartão, já que vai usar o Pix. 

  

 

Mauricio Godoi é professor Saint Paul Escola de Negócios e LIT. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, fez seu MBA em Derivativos pelo BMFBovespa, especialista em Crédito Imobiliário pela FAAP, graduado em Economia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Coordenador acadêmico de cursos MBA, pós graduação e extensão da FIA. 

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