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R$ 30 bi por mês às bets: por que as apostas esportivas não são uma forma de investimento

A preocupação com o endividamento da população tem criado discussões na esfera pública. Nesta terça, Virgínia Fonseca compareceu à CPI das Bets

Bets: as apostas têm uma forte relação com a sorte, sem qualquer garantia de retorno. (FreePik / Inteligência artificial)

Bets: as apostas têm uma forte relação com a sorte, sem qualquer garantia de retorno. (FreePik / Inteligência artificial)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 13 de maio de 2025 às 14h01.

Com a crescente popularidade das apostas online, a preocupação com o endividamento da população tem criado discussões na esfera pública. Nesta terça-feira, 13, Virginia Fonseca, dona da marca WePink, compareceu à CPI das Bets para depor como testemunha. Ela foi questionada pelos senadores sobre os contratos e os trabalhos de influenciadores para promover casas de apostas e jogos de azar online.

Antes de iniciar a sessão, Soraya Thronicke afirmou que a CPI investiga também a suspeita de que esses influenciadores ganhavam comissão em cima da perda dos apostadores. Em resposta, Virginia disse que segue as recomendações do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) sobre o tema, e que nunca disse aos seguidores que as pessoas deveriam apostar para “fazer o dinheiro da vida”.

De janeiro a março, os apostadores destinaram até R$ 30 bilhões por mês às bets, segundo o secretário-executivo do Banco Central (BC), Rogério Lucca.

No ano passado, quando o mercado ainda não estava regulado, o banco havia estimado em torno de R$ 20 bilhões por mês o fluxo gasto com apostas eletrônicas. Com a atualização dos dados após a regulação, que entrou em vigor em 1º de janeiro, o BC concluiu que o valor ficou maior, entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões.

Um estudo realizado no início do ano pela Creditas Benefícios mostrou que, entre profissionais de RH e pessoas em cargos de liderança, 56% relataram que uma parcela dos funcionários enxerga as bets como uma estratégia válida de investimento. Tanto que metade dos entrevistados disseram que alguns colaboradores pretendem apostar com o dinheiro que recebem das férias e do 13º salário.

Bet é considerada investimento?

A própria definição de investimento é a alocação de um recurso que, após um período, vai trazer uma remuneração. As bets, no entanto, têm uma forte relação com a sorte, sem qualquer garantia de retorno.

“Apesar de ações e ativos de renda variável também não terem garantias fixas de retorno, eles já passaram por vários testes no mercado, com classificações de riscos envolvendo estes investimentos. Já sobre a sorte não temos este mesmo controle”, explicou o educador financeiro Guilherme Casagrande à época que a pesquisa da Creditas Benefícios foi divulgada.

Não à toa, as bets entraram na mira dos bancos recentemente.

O Nubank, por exemplo, identifica chaves Pix usadas frequentemente por casas de apostas e, antes de completar a transação do cliente, sugere que dinheiro seja guardado em vez de usado para aposta. "Que tal guardar esse dinheiro? Alguns desses jogos são legalizados no Brasil, porém não há garantias de ganho. Guardando esse dinheiro ao invés de apostar, você tem a certeza de que ele vai render sem preocupação", diz a mensagem.

O Bradesco também entrou na luta contra a desinformação sobre bets. "Apostas não garantem retorno financeiro e o dinheiro pode ser totalmente perdido. Cuide de sua saúde financeira e procure opções mais seguras para valorizar o seu dinheiro", afirma o banco em mensagem a quem digita uma chave Pix suspeita no aplicativo.

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