Reformas: governo Lula anuncia linha de crédito para financiar melhorias em imóveis do 'Minha Casa, Minha Vida' (Boonchai wedmakawand/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 13 de outubro de 2025 às 14h47.
A linha de crédito para reformas de moradias anunciada na semana passada pelo governo junto com a nova regra para financiamento de imóveis trouxe condições diferenciadas para quem tem renda bruta familiar de até R$ 9.600. Os juros foram fixados em 1,17%, para quem ganha até R$ 3.200 mil, e em 1,95% para rendas acima desse valor, até o teto estabelecido. Mas será que, mesmo com todas essas facilidades, esse é um empréstimo que cabe no seu bolso?
As regras para os financiamentos trouxeram alguns limites. O crédito contratado é de no máximo de R$ 30 mil — e de, no mínimo, R$ 5 mil. A parcela do empréstimo não pode passar de 25% da renda bruta mensal familiar. E o prazo do financiamento vai de 24 vezes a 60 meses.
A pedido da EXAME, o planejador financeiro Raphael Carneiro simulou a contratação do empréstimo nas diferentes faixas de renda e em diferentes cenários, pela tabela SAC (de parcelas fixas) e price (com juros sobre o saldo devedor que vão diminuindo com o tempo).
'É a maior reforma do sistema de crédito da história', diz Haddad sobre política de financiamentoNa prática, respeitando as regras do programa, as parcelas podem variar entre R$ 213,88, para o empréstimo de R$ 5 mil na faixa 1, e R$ 1.907,05, na contratação de R$ 30 mil pela faixa 2.
Vale lembrar que a reforma de um imóvel inclui a compra de materiais de construção, contratação de mão de obra, além da elaboração de projetos técnicos, em alguns casos, e serviços de orientação e acompanhamento das obras.
Como o valor da prestação será limitado a 25% da renda familiar, uma pessoa com a renda bruta de R$ 3,2 mil (Faixa Melhoria 1) poderá pagar uma parcela máxima de R$ 800 por mês, contando com os juros de 1,17%.
No caso da modalidade SAC, ao solicitar o financiamento mínimo de R$ 5 mil, a um prazo de 24 vezes (dois anos) a parcela ficaria em R$ 338. Ao solicitar esse mesmo valor em 60 vezes (cinco anos), a parcela ficaria em R$ 213,88.
Pelas regras do programa, não é possível adquirir um empréstimo de R$ 30 mil na Faixa 1 por essa modalidade. No empréstimo com esse valor, em 24 vezes, a parcela ficaria em R$ 1.673,05. Já em 60 vezes, o valor da parcela, a um juro de 1,17%, ficaria em R$ 923,05.
Ambos os montantes são acima do limite de R$ 800 — e o mesmo acontece na tabela Price.
Pela tabela Price, nos empréstimos de R$ 5 mil divididos em 24 vezes, a parcela inicial ficaria em R$ 240,16. Já em 60 vezes, fica em R$ 116,44.
Para financiamento de R$ 30 mil a parcela de 60 vezes fica em R$ 698,67 — o que viabiliza a contratação do crédito. Entretanto, a parcela em 24 vezes fica em R$ 1.440,95 e estoura o limite de 25% da renda mensal.
“O que não podemos esquecer é do cuidado de quem vai pegar o empréstimo. Não é somente ter a possibilidade e precisar ou querer fazer uma obra. É preciso avaliar se tem condições de arcar com as parcelas para não comprometer um orçamento que geralmente é bem apertado”, destaca Carneiro.
Seguindo a mesma lógica, um beneficiário que se encontra na Faixa Melhoria 2, ou seja, que tem renda bruta entre R$ 3.200,01 e R$ 9,6 mil, conseguirá um juro de 1,95%. Ao calcular o valor máximo de 25% que a parcela pode comprometer, o valor mensal não pode ultrapassar os R$ 2,4 mil para o teto de R$ 9,6 mil.
Caso a pessoa solicite, na modalidade SAC, o valor mínimo de R$ 5 mil e parcele em 24 vezes, o valor inicial ficaria em R$ 377,88. Esse mesmo valor em 60 vezes geraria uma parcela de R$ 252,88.
Na situação em que o beneficiário solicitou o financiamento do teto, de R$ 30 mil, com juros também de 1,95%, para 24 vezes, a parcela ficaria em R$ 1.907,05. Caso a pessoa precisasse em 60 vezes, a parcela ficaria menor, em R$ 1.157,05.
Já na tabela Price, o empréstimo de R$ 5 mil, para uma renda de R$ 9,6 mil, ficaria R$ 262,86 em 24 vezes. Em 60 vezes, esse valor seria de R$ 142,10. Para R$ 30 mil, em 24 vezes, a parcela sairia R$ 1.577,16, enquanto em 60 vezes ficaria R$ 852,65.
Em todos os casos, para quem ganha R$ 9,6 mil, as parcelas cabem dentro da fatia máxima que é permitido pagar, em R$ 2,4 mil.