ETFs de Bitcoin: fundos atraem grandes investidores e impulsionam adoção institucional. (TERADAT SANTIVIVUT/Getty Images)
EXAME Solutions
Publicado em 17 de julho de 2025 às 15h20.
Em 2024, o mercado de criptoativos viveu um ponto de virada. A aprovação dos chamados ETFs de Bitcoin à vista (ou spot ETFs) — fundos que compram e mantêm exposição direta à criptomoeda por meio de custodiantes especializados — desencadeou um movimento significativo: o aumento expressivo da participação de investidores institucionais nesse ecossistema, como fundos de pensão, fundos soberanos e hedge funds.
Até então, o setor era dominado pelo varejo — pessoas físicas e investidores mais arrojados, acostumados a lidar com volatilidade. Agora, a entrada de players mais conservadores, com grandes volumes sob gestão e perfil de longo prazo, marca um novo estágio de maturidade para os ativos digitais.
Segundo Catherine Chen, líder global de VIP e Institucional da Binance, o interesse crescente de fundos conservadores mostra que o mercado cripto já não é mais visto como experimental, mas sim como parte das estratégias legítimas de diversificação e retorno.
“O lançamento dos ETFs de Bitcoin representou um momento crucial. Agora, fundos como pensões e soberanos passaram a considerar cripto como uma opção real de investimento dentro de seus mandatos”, diz.
ETFs (Exchange Traded Funds) são fundos de investimento negociados em bolsa, como se fossem ações. A grande diferença dos ETFs de Bitcoin lançados em 2024 é que eles são “spot” — ou seja, lastreados em bitcoins reais, comprados e custodiados em nome dos cotistas. Isso traz maior segurança e transparência, além de seguir estruturas regulatórias semelhantes às dos ativos tradicionais.
Segundo a Binance Research, em julho de 2025, os ETFs de Bitcoin já acumulavam mais de 938 mil BTC, o que equivale a aproximadamente US$ 63,3 bilhões — ou cerca de 5,2% de todo o suprimento de bitcoin em circulação.
Esse modelo de investimento regulado e familiar ao mundo financeiro tradicional facilitou a entrada de grandes instituições, que antes viam barreiras técnicas, regulatórias ou reputacionais no universo cripto.
“Com mais instituições entrando, ganhamos legitimidade, atraímos projetos sérios e aceleramos o crescimento do ecossistema”, afirma Chen.
A comparação com os ETFs de ouro ajuda a ilustrar o impacto: nos primeiros 12 meses, os ETFs de Bitcoin atraíram mais de US$ 18,9 bilhões em aportes líquidos — muito acima do US$ 1,5 bilhão captado pelos ETFs de ouro em seu primeiro ano.
Além disso, mais de 1,2 mil instituições já investem nesses fundos de BTC, segundo dados da SEC (U.S. Securities and Exchange Commission) coletados por meio dos formulários 13F. No caso dos ETFs de ouro, esse número foi de apenas 95 instituições no mesmo período.
Esses investidores vêm de diferentes perfis:
- fundos de pensão e soberanos, interessados em diversificação e proteção de longo prazo;
- hedge funds, que buscam retornos mais agressivos e estratégias de arbitragem;
- gestores de venture capital, atentos à infraestrutura tecnológica do setor.
A expansão do investimento institucional também ajuda a derrubar mitos antigos sobre o setor. Um dos mais recorrentes é o de que criptoativos seriam majoritariamente usados para atividades ilícitas. No entanto, estudos da Chainalysis indicam que uma porcentagem muito pequena das transações com cripto está relacionada a usos ilegais — com mais de 99% dos casos de lavagem de dinheiro ainda ocorrendo dentro do sistema financeiro tradicional.
“A transparência on-chain é uma das grandes forças deste mercado”, afirma Chen. “Tudo pode ser rastreado, auditado e verificado — algo que o sistema tradicional não entrega com tanta facilidade.”
Mesmo com avanços, a falta de padronização regulatória ainda é um obstáculo à adoção em escala global. Mercados como Estados Unidos e Reino Unido estão mais avançados, o que explica sua liderança na criação e comercialização de ETFs de cripto. Já em outras regiões, a ausência de regras claras inibe a entrada de fundos mais conservadores.
A movimentação dos grandes também tem reflexos positivos para quem investe com menos capital. A entrada de investidores institucionais traz liquidez, ajuda a reduzir a volatilidade de preços e fomenta o desenvolvimento de novos produtos e serviços financeiros — mais acessíveis, diversificados e seguros.
Outro efeito possível é a aceleração da tokenização de ativos reais — como ações, imóveis, commodities e até títulos públicos — que podem ser representados digitalmente na blockchain. Isso amplia as oportunidades de investimento e participação na economia digital para o público geral.
“O que vemos agora é uma transição de paradigma”, conclui Chen. “Os ativos digitais passam a ser encarados como parte da infraestrutura do mercado financeiro, e não como uma alternativa paralela.”
Como uma das maiores plataformas de ativos digitais do mundo, a Binance enxerga esse momento como estratégico para consolidar seu papel como ponte entre o universo cripto e o mercado financeiro tradicional.
Para a exchange, a nova fase do mercado cripto — agora validada pelos maiores fundos globais — representa não apenas um amadurecimento do setor, mas também uma oportunidade para o investidor comum participar de um ecossistema cada vez mais integrado, transparente e acessível.