Satya Nadella (Microsoft), Jensen Huang (Nvidia) e Mark Zuckerberg (Meta) (Montagem EXAME/Getty Images)
Repórter de Mercados
Publicado em 13 de julho de 2025 às 06h00.
O fenômeno das “Sete Magníficas” — que inclui Nvidia, Microsoft, Meta Platforms, Amazon, Alphabet, Apple e Tesla — tem sido um verdadeiro divisor de águas para a economia global.
Em termos relativos, segundo levantamento da consultoria Elos Ayta, as gigantes ganharam US$ 2,06 trilhões, do período que vai de 31 de dezembro do ano passado até o último dia 10 de julho. O valor é quase três vezes maior do que a de todas as empresas listadas na B3, que passou de US$ 623 bilhões para US$ 779 bilhões no mesmo período.Isso mostra que, embora o mercado de ações brasileiro tenha mostrado sinais de recuperação, ele continua muito atrás das gigantes globais. Mas não significa que os brasileiros não podem surfar na onda de valorização das gigantes da tecnologia lá fora. Ao investidor daqui, já é possível investir em big techs por meio da própria ação ou mesmo pelas BDRs — que são títulos que permitem ao investidor negociar, do seu home broker no Brasil, ativos correspondentes a ações de empresas negociadas no exterior.
Uma simulação feita pela Avenue, a pedido da EXAME, mostra o quanto o brasileiro teria ganhado com as Sete Magníficas em um período de cinco anos. Nessa situação hipotética, o investidor colocou US$ 5 em cada uma das ações, totalizando US$ 35,00 em junho de 2020. À época, a cotação do dólar não estava muito diferente da de hoje e o câmbio da simulação no período do investimento é de R$ 5,37.
Ao final de junho de 2025, o investimento teria gerado um retorno de 373% em dólar e de 370%, dado que a cotação da moeda americana ao final do período estava em R$ 5,43.
Isso significa os US$ 35 do investidor em 2020 — ou R$ 156,45 — viraram US$ 165,46 dólares, ou R$ 898,78.A responsável principal por esse aumento é a Nvidia. Em cinco anos, as ações da companhia valorizaram quase 1.700%. Quem investiu US$ 5 em 2020, tem hoje quase US$ 90. Em reais, segundo as respectivas cotações de cada ano, quem investiu R$ 26,8 em 2020 hoje tem R$ 487,2, numa valorização de 1.716%.
A segunda colocada no ranking foi a Tesla, que subiu 431% no período. Quem investiu US$ 5 em 2020, hoje tem cerca de US$ 26,5. Em reais, considerando as cotações de cada ano, quem investiu R$ 26,8 em 2020 agora possui R$ 144,1, numa valorização de 437%.
A Microsoft registrou uma valorização de 172% nos últimos cinco anos. Quem investiu US$ 5 em 2020, tem hoje aproximadamente US$ 13,6. Em reais, considerando a valorização do câmbio, quem investiu R$ 26,8 em 2020, hoje tem R$ 73,9, numa valorização de 175%.
As ações da Amazon tiveram uma valorização mais modesta de 78% nos últimos cinco anos. Quem investiu US$ 5 em 2020, hoje tem cerca de US$ 8,9. Em reais, com as cotações de cada ano, quem investiu R$ 26,8 em 2020, hoje possui R$ 48,2, numa valorização de 80%.
A Meta apresentou uma valorização de 218% nos últimos cinco anos. Quem investiu US$ 5 em 2020, tem hoje cerca de US$ 15,9. Em reais, com as cotações de cada ano, quem investiu R$ 26,8 em 2020, agora tem R$ 86,4, numa valorização de 222%.
O Google, por sua vez, teve uma valorização de 148% nos últimos cinco anos. Quem investiu US$ 5 em 2020, tem hoje cerca de US$ 12,4. Em reais, considerando as cotações de cada ano, quem investiu R$ 26,8 em 2020, hoje tem R$ 67,3, numa valorização de 151%.
As ações da Apple subiram 155% nos últimos cinco anos. Quem investiu US$ 5 em 2020, hoje tem cerca de US$ 12,8. Em reais, considerando as cotações de cada ano, quem investiu R$ 26,8 em 2020, hoje possui R$ 69,3, numa valorização de 158%.
5 anos | jun/20 (US$) | jun/25 (US$) | Rentabilidade 5 anos (US$) | jun/20 (R$) | jun/25 (R$) | Rentabilidade 5 anos (R$) |
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7 Magníficas | 35,00 | 179,76 | 414% | 187,82 | 976,50 | 420% |
Nvidia | 5,00 | 89,70 | 1.694% | 26,83 | 487,27 | 1.716% |
Tesla | 5,00 | 26,53 | 431% | 26,83 | 144,10 | 437% |
Microsoft | 5,00 | 13,60 | 172% | 26,83 | 73,89 | 175% |
Amazon | 5,00 | 8,88 | 78% | 26,83 | 48,23 | 80% |
Meta | 5,00 | 15,91 | 218% | 26,83 | 86,44 | 222% |
5,00 | 12,39 | 148% | 26,83 | 67,30 | 151% | |
Apple | 5,00 | 12,75 | 155% | 26,83 | 69,26 | 158% |
USD/BRL | 5,37 | 5,43 | 1,2% | 5,37 | 5,43 | 1,2% |
Caso você queira ter acesso ao mercado internacional sem que seja preciso abrir uma conta no exterior, realizar remessas de câmbio e lidar com a burocracia de mercados internacionais, uma boa opção são os Brazilian Depositary Receipts (BDRs). Desde 2020, eles estão disponíveis para pessoa física na B3. São os títulos que permitem ao investidor negociar, do Brasil, ativos correspondentes a ações de empresas negociadas no exterior, sejam elas estrangeiras ou nacionais.
Em cinco anos, desde 2020, os BDRs movimentaram R$ 17 bilhões, segundo levantamento da Quantum Finance a pedido da EXAME. Parece um número grande, mas esse é o volume de negociações do mercado acionário brasileiro em um dia, por exemplo. Isso ocorre porque a liquidez do BDR pode ser bastante reduzida, ou seja, nem sempre o ativo está disponível para uma operação.
“Isso significa que uma pessoa que investe via BDRs pode ter dificuldade para negociar esse ativo por uma ausência de contraparte, podendo realizar prejuízos como consequência”, explica Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad.
Em 2020, os BDRs da Nvidia (NVDC34) poderiam ser comprados a R$ 1 — hoje, estão cotadas a quase R$ 18.
Apesar de menores, nos últimos 5 anos, as valorizações das ações da Microsoft e Meta também foram significativas. No Brasil, as ADRs das companhias (sob os tickers MSFT34 e M1TA34) eram cotadas, em julho de 2020, a R$ 45,6 e R$ 44,8, respectivamente. Atualmente, o preço delas são de R$ 112,4 e R$ 143,6.
Já as ADRs da Tesla (TSLA34), que estavam em torno de R$ 13 em julho 2020, agora são cotadas a cerca de R$ 54.
Quanto a Apple, Alphabet e Amazon, no Brasil, as ADRs das companhias (sob os tickers AAPL34, GOGL34, AMZO34) eram cotadas, em julho de 2020, a R$ 23,7, R$ 32,04 e R$ 38, respectivamente. Atualmente, os preços delas são de US$ 55,8, US$ 80 e R$ 59,5.
Os Brazilian Depositary Receipts são certificados emitidos por bancos brasileiros que representam ações de empresas estrangeiras, permitindo aos investidores locais acesso a papéis internacionais sem precisar operar diretamente no mercado estrangeiro. Embora não sejam ações propriamente ditas, os BDRs possibilitam ganhos com valorização do ativo e distribuição de dividendos.
Além disso, outra vantagem é a possibilidade de se beneficiar da valorização do dólar frente ao real, uma vez que a cotação do BDR é calculada em reais, mas reflete o valor do ativo no mercado internacional.
Esses papéis são negociados na B3, o que facilita o acesso de investidores brasileiros sem a necessidade de lidar com questões complexas de tributação internacional ou remessas de dinheiro para o exterior. Até o final de 2020, o acesso aos BDRs era restrito a investidores qualificados, ou seja, com mais de R$ 1 milhão investidos. De lá para cá, a possibilidade de investir em BDRs foi ampliada para o público geral.
Para investir em BDRs, basta realizar a operação como se fosse a compra de ações tradicionais na B3.
Depende. Entre as características dos BDRs, está o fato de o ativo possibilitar ao investidor o acesso ao mercado internacional sem que seja preciso abrir uma conta no exterior, realizar remessas de câmbio e lidar com a burocracia de mercados internacionais.
Porém, vale lembrar que o número de BDRs disponíveis na B3 é bem menor do que a variedade de ações negociadas nas bolsas estrangeiras, como a Nasdaq e a NYSE. Além disso, o investidor não tem a posse direta da ação, apenas do recibo, estando sujeito a taxas de administração e custodia específicas para estes títulos.
Pensando em liquidez, o mercado americano de renda variável é significativamente maior do que o brasileiro, o que geralmente resulta em maior facilidade de negociação de ações estrangeiras.