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ROMO: A liberdade de não estar em todos os lugares

Não dá mais para performar sob o ritmo do FOMO (fear of missing out) e muito menos para liderar a partir dele

Dezembro chega com uma energia própria, meio fim de mundo, meio pressa, meio “preciso resolver tudo antes do ano acabar” (Anastassiya Bezhekeneva/Getty Images)

Dezembro chega com uma energia própria, meio fim de mundo, meio pressa, meio “preciso resolver tudo antes do ano acabar” (Anastassiya Bezhekeneva/Getty Images)

Carolina Cavenaghi
Carolina Cavenaghi

Cofundadora e CEO da Fin4she

Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 10h17.

Hoje é o primeiro dia de dezembro e eu aposto que não sou a única sentindo aquele cansaço típico do último mês do ano. Dezembro chega com uma energia própria, meio fim de mundo, meio pressa, meio “preciso resolver tudo antes do ano acabar”. Mas talvez não precise.

E é justamente por isso que quero trazer uma reflexão.

Outro dia, enquanto revisava minha agenda lotada e respondia mensagens que simplesmente não paravam de chegar, me peguei pensando: em que momento nos acostumamos a estar em tudo, o tempo todo?

Como se cada oportunidade perdida fosse um risco. Cada silêncio, uma ameaça. Cada pausa, um luxo.

Durante muitos anos, especialmente para mulheres em posições de liderança, crescemos condicionadas a acreditar que sucesso era sobre inevitáveis polaridades. Quem não está on, está off. Quem não aparece, desaparece. Quem não corre, fica para trás.

Mas, nos últimos tempos, algo mudou em mim, nas conversas que tenho com outras mulheres e no mercado como um todo. Uma nova palavra começou a aparecer com força: ROMO “relief of missing out”, o alívio de ficar de fora. E talvez essa seja uma das ideias mais libertadoras dos últimos anos.

ROMO não é desinteresse. Não é alienação. Muito menos descaso. ROMO é cura da atenção. É filtro. É protagonismo sobre onde colocamos nossa energia. É a consciência de que não precisamos estar em todo lugar, e que estar menos, quando feito com intenção, nos conecta muito mais com o que importa.

Venho refletindo muito sobre porque corremos tanto e porque sentimos a necessidade constante de encher nossas agendas. O que antes era visto como sinônimo de sucesso, hoje produz angústia e erosão da qualidade de vida. E percebo como esse padrão se estende às crianças. No meu caso, meus filhos: agendas igualmente cheias, escola integral, atividades para todos os lados, uma pressão de maximizar oportunidades.
Mas, afinal, quando foi que as crianças perderam o direito ao tempo livre? À possibilidade de simplesmente existir, brincar, não aprender tudo, não saber tudo, não performar o tempo inteiro?

Essa reflexão tem reforçado em mim a urgência de repensar o ritmo, o meu e o deles. E, de certa forma, tem me mostrado que dizer “não” é um dos maiores atos de autonomia e clareza que podemos ter.

ROMO, então, é escolher com intenção. É dizer “não” ao que só ocupa. É dizer “sim” ao que transforma. E isso, para mim, está completamente conectado à independência — emocional, mental e financeira. Quando decidimos onde estamos, onde investimos e com quem nos conectamos, nossa vida muda de lugar.

Nos últimos meses, tenho conversado com líderes brilhantes, de diferentes setores, e todas me dizem a mesma coisa: não dá mais para performar sob o ritmo do FOMO (fear of missing out) e muito menos para liderar a partir dele. Talvez por isso a nova geração esteja puxando essa virada cultural. Elas não querem estar em todos os lugares, mas nos lugares certos. Não querem correr até desmaiar, mas criar com propósito. Não querem trabalhar até perder a saúde, mas trabalhar com sentido.

Esse movimento é, para mim, um dos aprendizados mais poderosos do nosso tempo.

Ao longo da minha jornada e especialmente na construção da comunidade da Fin4She, aprendi que proteger o que importa é um ato profundo de liderança. Proteger suas ideias. Seu tempo. Seu dinheiro. Sua capacidade de criar conexões verdadeiras.

ROMO, nesse sentido, é quase um retorno à essência: quando você escolhe perder o que não faz sentido, cria espaço para tudo o que realmente importa florescer. Você ganha clareza. Ganha força. Ganha liberdade.

E liberdade sempre foi um valor inegociável para mim e uma base essencial para qualquer mulher que deseja protagonizar sua vida e sua carreira.

No fim das contas, talvez o ROMO seja exatamente isso: um movimento silencioso que nos devolve a chance de respirar, priorizar, criar e participar do que realmente tem impacto, não do que apenas ocupa.

Então, deixo aqui uma reflexão final: Do que você está disposta a abrir mão, para abrir espaço para o que realmente importa?

Porque, às vezes, perder de propósito é o maior ganho da sua vida.

Acompanhe tudo sobre:saude-mentalFesta de fim de ano

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