Líderes Extraordinários

CEO de guerra ou de paz?

Mais do que rótulos, são energias distintas que cada ciclo exige. Saber ler o ambiente — e ajustar sua atuação — é uma habilidade essencial para líderes em todos os níveis.

Liderança adaptável: entender o ciclo da empresa é vital para decisões e resultados assertivos.

Liderança adaptável: entender o ciclo da empresa é vital para decisões e resultados assertivos.

Duani Reis
Duani Reis

Colunista

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 15h00.

Quem lidera uma empresa precisa aprender a mudar de pele.
Não existe um único estilo que resolve tudo. Existe o estilo certo para o momento certo.

Há ciclos que pedem escuta, construção de consenso, desenvolvimento de time, reforço de cultura. São momentos em que o líder precisa descentralizar e deixar os outros crescerem.

Mas há também os ciclos de inflexão — em que o tempo é escasso, a margem de erro é pequena e a hesitação custa caro. Ali, o que o ambiente pede é foco, direção e coragem para tomar decisões que nem sempre agradam.

O investidor e autor Ben Horowitz popularizou essa tensão no livro The Hard Thing About Hard Things, ao cunhar os termos “CEO de guerra” e “CEO de paz”.
Dois estilos legítimos — e profundamente diferentes. Mas, na prática, nem toda empresa tem a liderança certa para o momento que vive.

Já vi organizações incentivando inovação quando ainda faltava rotina.
Lideranças estimulando diálogo quando o contexto exigia priorização.
Ambientes “em paz” quando o mercado já havia declarado guerra.
O descompasso entre o que a empresa vive e o que ela pratica é onde mora boa parte da ineficiência.

Essas incoerências não estão escritas  nem são faladas nas reuniões — mas podem ser sentidas. Estão nas prioridades não ditas, nas decisões que se arrastam, no desalinhamento entre discurso e prática.

É aí que entra o papel de quem observa.

Não apenas para apontar o problema, mas para ajudar a clarear o momento — e atuar com coerência em relação a ele.

Você não precisa estar no topo para fazer isso.

Na verdade, muitas transformações começam com quem está mais perto do problema — e tem coragem de propor o que o ambiente precisa, não o que é mais confortável.

Isso exige sensibilidade, contexto e maturidade para adaptar o próprio estilo.
Nem todo profissional se sente à vontade em ambientes mais duros.
Nem todos prosperam nos momentos mais abertos e lentos.

Mas quem lidera, em qualquer nível, precisa ser capaz de oscilar.

Liderança não é um estilo fixo. É a habilidade de se adaptar ao que o momento exige.

Pode ser clareza. Pode ser apoio. Pode ser coragem.
Pode ser a capacidade de dizer o que ninguém está dizendo.
Pode ser você sendo o agente de mudança que a empresa nem sabe que precisa.

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