Novo território: mudança começa ao se abrir para ambientes fora do padrão. (Getty Images)
Colunista
Publicado em 7 de julho de 2025 às 14h00.
Em um mundo que valoriza velocidade e controle, falar sobre “explorar novos territórios” soa quase poético. Mas a verdade é que esse é um dos movimentos mais estratégicos que um profissional — ou uma empresa — pode fazer.
Mudar não é simplesmente desejar algo diferente. É criar condições para que o novo tenha espaço para emergir. E isso começa quando nos permitimos habitar territórios onde não temos todas as respostas.
Mudar o território muda a forma de pensar
Se você sempre começa o dia resolvendo os mesmos problemas com os mesmos métodos, dificilmente vai gerar algo novo. A mudança de território — seja um novo formato de reunião, um jeito diferente de tomar decisões ou até a busca por conversas fora do seu círculo — muda o repertório. E, quando o repertório muda, o pensamento muda. É nesse momento que a transformação começa a se tornar inevitável.
Há um paradigma silencioso que raramente é discutido: assim como nas escolas raramente ensinamos crianças e adolescentes a pensar com mentalidade empreendedora — avaliando riscos, buscando soluções criativas, assumindo pequenas iniciativas —, também nas empresas falhamos em desenvolver a capacidade de perceber a necessidade de mudança e agir com autonomia.
Quase sempre, a mudança acontece por urgência. É top-down, reativa, muitas vezes dolorosa. Por quê? Porque a maioria das pessoas não foi treinada para observar sinais sutis, antecipar tendências ou criar movimento antes da pressão externa.
Essa ausência de sensibilidade para o novo é um sintoma direto de ambientes que premiam o conformismo e o piloto automático. E é por isso que criar uma cultura de “exploração de novos territórios” precisa deixar de ser algo opcional — e passar a ser um eixo estratégico de desenvolvimento individual e coletivo.
A futurista April Rinne, em artigo publicado na Harvard Business Review, propõe quatro práticas fundamentais para preparar organizações (e pessoas) para lidar com mudanças constantes. Essas ideias ampliam a noção de que explorar novos territórios é muito mais do que um experimento: é um compromisso com o desenvolvimento contínuo. (Leia o artigo completo aqui).
Quer um exemplo prático? Um gestor que resolve abrir espaço na reunião semanal para ouvir o que está funcionando e o que não está — sem filtros — está acessando um novo território de escuta. A partir disso, pode descobrir gargalos invisíveis e oportunidades de inovação antes subestimadas.
Ou um profissional que decide experimentar um novo método de priorização pessoal. Parece pouco? Não é. Isso pode reconfigurar sua relação com o tempo e, consequentemente, com os resultados que entrega.
Minha provocação é simples: se você quer mudar algo relevante na sua vida ou no seu trabalho, olhe primeiro para os territórios que habita todos os dias. São eles que moldam suas decisões, seus pensamentos, sua forma de agir.
Talvez não seja sobre dar um salto, mas sobre dar um passo para o lado — para um lugar que você ainda não explorou. Porque é nesse novo espaço que sua próxima versão já está esperando por você.