Inteligência Artificial na música: tecnologia já está presente em um terço das novas faixas lançadas. (Freepik/Divulgação)
General Manager para a América Latina da Deezer.
Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 10h00.
A música vive talvez a maior transformação desde o surgimento do streaming. A inteligência artificial (IA) deixou de ser promessa futura e passou a moldar o presente da indústria, da criação ao consumo. Todos os dias, mais de 150 mil novas músicas são publicadas nas plataformas, e mais de um terço delas já nasce criada por IA. O avanço tecnológico altera a forma como os ouvintes descobrem conteúdos e se relacionam com os artistas e coloca em pauta um elemento central para o futuro do setor: transparência.
A Inteligência Artificial desperta curiosidade, mas também levanta dúvidas. Na pesquisa global realizada pelo Instituto IPSOS, com mais de 9 mil pessoas em oito países, 97% dos entrevistados não conseguiram distinguir uma música feita por IA de uma feita por humanos.
No Brasil, os dados mostram um público ainda mais curioso e conectado: 65% dos brasileiros se dizem entusiasmados com o tema e 76% já ouviram faixas criadas por IA por curiosidade.
Mas o mesmo público que abraça a inovação também cobra clareza: 73% querem transparência para saber quando uma música foi gerada por IA. O recado é claro: os fãs não rejeitam a tecnologia. Rejeitam a falta de transparência.
Quando a disrupção bate à sua porta, você tem duas escolhas: ignorar ou agir. No caso da Inteligência Artificial, a indústria da música não teve tempo para pensar — o impacto chegou antes do consenso.
Enquanto muitos ainda debatem os riscos e benefícios, algumas empresas decidiram antecipar o movimento e buscar um equilíbrio entre inovação e responsabilidade.
Foi o que fez a Deezer.
Diante do avanço acelerado da IA, a empresa optou por sair na frente, criando uma tecnologia capaz de detectar e rotular músicas geradas por inteligência artificial — uma forma de garantir transparência para os fãs e proteger o ecossistema contra fraudes e manipulações. Com cerca de 150 mil novas faixas recebidas por dia, sendo 34% já criadas por IA, agir deixou de ser uma opção: tornou-se uma obrigação.
Ao mesmo tempo, a Deezer tem usado as ferramentas de IA para hiperpersonalizar a experiência dos fãs, criando novas formas de descoberta musical e conexão emocional com a música.
Estamos diante de uma revolução comparável ao próprio surgimento do streaming, só que muito mais veloz. Em momentos assim, o pior movimento é a inércia. A diferença entre as empresas que sobrevivem e as que lideram a mudança está na rapidez com que transformam a incerteza em estratégia. Usar a IA a favor do negócio é entender que tecnologia e criatividade podem coexistir, desde que haja governança, propósito e coragem para agir antes dos outros.
O interesse dos brasileiros pela IA é maior do que se imagina. Somos curiosos, conectados e dispostos a testar novas experiências musicais. A transparência é o que define a confiança: 73% dos brasileiros querem saber quando estão ouvindo uma música criada por IA. A verdadeira disrupção não está na tecnologia, mas em como ela é usada para gerar valor de forma ética, criativa e humana.
Se existe uma mensagem clara dessa pesquisa, é que os fãs querem transparência. Eles não rejeitam a Inteligência Artificial, só querem saber o que estão ouvindo. Essa é a nova base de confiança entre plataformas, artistas e público. Num mercado em transformação, a transparência passa a ser o verdadeiro diferencial competitivo.