Alix Earle: influenciadora participou de campanhas, virou sócia da Poppy e defende liberdade criativa para promover marcas (Divulgação)
Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais
Publicado em 18 de junho de 2025 às 05h50.
Última atualização em 18 de junho de 2025 às 06h35.
CANNES — Uma marca de refrigerantes pré-biótico rejeitada no 'Shark Tank', nos Estados Unidos, foi adquirida pela PepsiCo por US$ 2 bilhões cinco anos depois. O caso da Poppy foi tema de um painel no Cannes Lions 2025 nesta terça-feira, 17, e serviu como estudo sobre o impacto de criadores de conteúdo na construção e no crescimento de marcas, especialmente quando envolvidos também como investidores.
John Evans, apresentador do podcast CMO Nonsense e representante da consultoria System One, abriu o painel com dados sobre a eficácia do marketing de influência — setor que deve movimentar US$ 33 bilhões em 2025, ante US$ 10 bilhões há cinco anos. Gigantes globais, como a Unilever, já destinam até 50% do orçamento de mídia às redes sociais.
“O conteúdo criado por influenciadores prende muito mais atenção do que a publicidade tradicional. Mas, para funcionar, a marca precisa aparecer de forma natural e no início do conteúdo — isso pode aumentar a consciência da marca em 2,3 vezes”, disse.
Evans conduziu a conversa com a influenciadora e investidora americana Alix Earle, que tem cerca de 7,1 milhões de seguidores só no TikTok e ajudou a impulsionar a Poppy. Ela também comentou a trajetória da fundadora da bebida, Alison Ellsworth.
A marca, originalmente chamada “Mother”, foi rejeitada pelos jurados do programa Shark Tank. Após o rebranding para Poppy, passou a investir no TikTok e em parcerias com criadores.
“O segredo foi mudar com a velocidade da cultura”, afirmou Ellsworth, em trecho reproduzido no painel. Ela defende que fundadores de marcas também devem se comportar como criadores.
Segundo o apresentador, a distribuição da marca cresceu com ações em eventos como o Super Bowl 2025 e o Coachella, além da entrada de criadores como investidores, caso de Alex Earl.
Alix Earle: influenciadora relatou que conheceu a Poppy ainda na faculdade, quando recebeu kits de divulgação (Reprodução/Instagram)
Alex relatou que conheceu a Poppy ainda na faculdade, quando recebeu kits de divulgação. O envolvimento aumentou quando foi convidada, junto com amigas, para uma ativação no Coachella. “Aquilo não parecia uma campanha. Estávamos apenas nos divertindo com o produto. E funcionou melhor do que muita ação que já fiz com roteiro”, disse.
A influenciadora passou a integrar o time de criadoras que promoviam a marca em eventos e conteúdos diversos — incluindo um comercial no Super Bowl. “Era um sonho meu desde sempre. Eu escrevia isso no meu diário, mas não fazia ideia de que aconteceria. Quando vi o resultado, chorei”, contou.
O comercial teve impacto imediato. “Durante o Super Bowl, eu estava com o celular na mão. A cada segundo, apareciam comentários e reações. Foi um pico de engajamento”, afirmou Alex. A partir daí, ela decidiu se tornar investidora. “Isso mudou tudo para mim. Não faria sentido promover concorrentes depois disso. Eu estava comprometida.”
Questionada sobre o modelo criador-investidor, Alex disse que acredita que será cada vez mais comum. “Mas só faz sentido quando há um alinhamento real. Quando o criador ama a marca de verdade. Senão, vira só um post pago”, afirmou.
Ela explicou que seu sucesso como criadora veio da autenticidade. “Passei três anos e meio postando todos os dias sem retorno. Quando parei de imitar outras pessoas e comecei a mostrar minha rotina real, as coisas começaram a funcionar”, contou. No auge, fazia de três a quatro vídeos por dia.
Entre os formatos que mais engajaram estão os vídeos do tipo Get Ready With Me (arrume-se comigo, na tradução) e histórias pessoais, como problema com acne. “As pessoas não querem só ver sua vida perfeita. Querem ver os altos e baixos”, explicou.
Alex também comentou que marcas ainda erram ao querer controlar todo o processo criativo. “Deixem o criador liderar. A gente sabe como falar com nosso público. Se o criador não ama o produto, não vai funcionar. Se ama, é só deixar fluir”, disse.
O apresentador reforçou que marcas precisam escolher criadores que já estão conectados ao produto. “A confiança do público é um ativo caro. Se for quebrada, não se recupera fácil”, observou.
Além da liberdade criativa, o painel abordou o papel da comunidade e do estudo de performance. “Eu assisto aos meus vídeos, vejo por que funcionaram, pergunto para amigos. Criador que não analisa o próprio conteúdo está perdendo tempo”, disse Alex.
Alison Ellsworth, segundo Evans, acredita que esse modelo de cocriação com criadores-investidores foi decisivo para o crescimento da Poppy.
“Fizemos parte da cultura. Não empurramos um produto. Convidamos as pessoas para construir a marca com a gente.”
No final do painel, Alex deixou um conselho para quem quer seguir seus passos. “Seja consistente, estude o que funciona, aceite os erros e não tenha medo de tentar algo novo. A autenticidade é a única coisa que não pode faltar.”
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