Influenciadores: tamanho não significa retorno (FreePik / Inteligência artificial/Reprodução)
Estrategista de Comunicação
Publicado em 16 de junho de 2025 às 10h55.
Vira e mexe eu recebo uma mesma pergunta: “Como é ter muito seguidores na rede social?” E 100% das vezes eu respondo da mesma forma: “Ter muito seguidor na rede social é o mesmo que ser rico no Banco Imobiliário”.
Claro que é legal ser seguido por mais pessoas, aumentar a chamada “boca do funil de conversão”, a minha mensagem chegar a mais gente. Mas somente ser seguido por milhares (ou milhões) não paga conta alguma.
Essa é a minha visão. Agora, sinto que essa verdade parece ter emergido para as massas – o modelo que criou fortunas baseadas em números inflacionados está implodindo e, quem não percebeu isso ainda, lamento, vai quebrar.
Por mais de uma década, vivemos a maior ilusão coletiva da história do marketing: acreditamos que popularidade era sinônimo de poder. Marcas despejaram bilhões em perfis com milhões de seguidores, criadores mediram autoestima por curtidas e todo mundo acreditou (ou fingiu acreditar) que essa matemática fazia sentido.
Só que os dados não mentem. O alcance orgânico do Instagram despencou 18% em 2024 (Socialinsider). O YouTube reporta queda de 23% no tempo de visualização de conteúdo viral (YouTube Creator Report 2024). E o TikTok? A plataforma admite que apenas 3% dos vídeos “virais” geram conversão real para negócios (TikTok Business Intelligence, 2024).
Ou seja, você pode ter 10 milhões de seguidores e não conseguir vender 5 bonés. Aliás, caso tenha acesso, pergunte para qualquer “big influencer” quanto ele faturou (de verdade) no último trimestre e prepare-se para... silêncios constrangedores.
Sim, views e likes já não pagam mais as contas para a imensa maioria.
“Certo, Marc, então o que paga?” Influência real.
Conheço algumas dezenas de criadores com mais de 1 milhão de seguidores. Sem exagero. E posso te afirmar que não são nem dois nem dez que estão quebrados. Literalmente.
Muitos mais estão presos num ciclo infernal de produzir conteúdo 24/7 para manter números que não se convertem em dinheiro real: meninas e meninos, mulheres e homens que trabalham 14 horas por dia criando conteúdo e gastando até 15 mil reais por mês em produção para ver sobrar um ou dois salários-mínimos.
Influencers seguidíssimos que faturam menos que um vendedor de seguros ou corretores de imóveis.
Enquanto isso, um consultor financeiro especializado em um tema X e com 8 mil seguidores no LinkedIn fatura 40 mil reais por mês com cursos e consultorias. A diferença? Autoridade real versus popularidade vazia.
Uma nova elite está emergindo na influência, e ela não faz barulho: os especialistas de nicho. Gente que escolheu ser autoridade em algo específico, em vez de ser celebridade genérica. Especialistas que falam baixo e faturam alto.
Pense comigo: de um lado, você tem o Dr. Drauzio Varella. Do outro, um influencer fitness com 6 vezes mais seguidores. Um suplemento que acaba de chegar ao mercado está gerando dúvidas. Quem você consulta primeiro?
No B2B, os números corroboram o movimento: especialistas com 5 mil a 15 mil seguidores em nichos técnicos convertem 3,7 vezes mais que macroinfluenciadores em campanhas comerciais (HubSpot Influence Report, 2024).
Sim, as métricas mudaram. Likes importam, mas muito menos do que tempo de engajamento.
Importam menos do que profundidade de comentários (um comentário com insights reais vale mais que 1.000 emojis).
Importam menos do que taxa de conversão em relacionamentos (quantos seguidores seus viram clientes, parceiros ou colaboradores?)
E, claro, importam menos que autoridade peer-to-peer (quantas vezes outros especialistas citam seu trabalho?)
A fórmula para construir autoridade real não tem mistério, mas exige disciplina. Primeiro, seja específico no seu posicionamento. Invista em conhecimento real por meio de cursos, certificações e experiência prática. Crie conteúdo que genuinamente ensina. Finalmente, construa relacionamentos estratégicos com outros especialistas. Um endosso de autoridade reconhecida vale mais que 100 mil seguidores comprados.
O smart money já migrou de mãos e as empresas inteligentes vêm trocando macroinfluenciadores por especialistas.
Os resultados são incontestáveis. O Nubank, por exemplo, trocou uma campanha com influencers de lifestyle que custou 2 milhões de reais e converteu 0,3% por parcerias com especialistas em finanças que custaram 400 mil reais e converteram 4,7% (Case Study Nubank Marketing, 2024). O Magazine Luiza descobriu que campanhas com microinfluenciadores especializados em tecnologia geram 8x mais vendas que campanhas com macroinfluenciadores generalistas (Magalu Digital Report, 2024).
Audiência qualificada converte; audiência inflada gera só vaidade.
O LinkedIn virou a casa dos especialistas B2B e business influencers, o Substack explodiu com newsletters de nicho, o Discord e o Telegram abrigam comunidades fechadas onde conhecimento real vale mais que popularidade superficial.
Especialistas vendem conhecimento diretamente através de cursos, consultorias, produtos digitais e mentorias, criando múltiplas fontes de receita sustentáveis.
No ano passado, a creator economy movimentou US$ 104 bilhões e apenas 23% ficaram com macroinfluenciadores. O resto foi para especialistas, educadores e criadores de nicho.
Os influencers como nós conhecemos morreram no exato momento em que descobriram que 10 milhões de seguidores valem menos que 1.000 clientes reais.
O mercado perdeu a paciência para fama sem substância e descobriu que autoridade genuína gera resultados mensuráveis.
O presente pertence a quem entrega valor ao invés de views, constrói autoridade ao invés de popularidade, e resolve problemas reais ao invés de produzir entretenimento descartável.
A nova elite digital não faz barulho. Faz dinheiro.