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Adidas fecha parceria com o COB e será a nova fornecedora de uniformes olímpicos

Marca alemã substituirá a Riachuelo e a chinesa Peak como fornecedora do Time Brasil nos Jogos Olímpicos de 2026, com contrato válido até Los Angeles 2028

André Svartman, CMO da Adidas no Brasil (Divulgação)

André Svartman, CMO da Adidas no Brasil (Divulgação)

Juliana Pio
Juliana Pio

Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais

Publicado em 13 de maio de 2025 às 09h21.

Última atualização em 13 de maio de 2025 às 10h12.

A Adidas será a nova fornecedora de material esportivo do Comitê Olímpico do Brasil (COB) a partir de 2026. A parceria é válida para as nove missões do ciclo olímpico rumo a Los Angeles 2028.

O anúncio foi feito na noite desta segunda-feira, 12, durante o Adidas Brand Day, evento que reuniu parceiros e franqueados no Esporte Clube Sírio, em São Paulo, e contou com a presença do presidente do COB, Marco La Porta. A marca alemã volta a vestir a delegação brasileira após mais de quatro décadas — a última vez foi nos Jogos de Los Angeles, em 1984.

O novo contrato, cujo valor não foi divulgado, inclui o fornecimento de roupas para as cerimônias de abertura e encerramento, os momentos de pódio, além de todo o vestuário dos atletas na Vila Olímpica, em viagens e treinamentos. A estreia dos uniformes será nos Jogos Olímpicos de Inverno de Milano Cortina, em fevereiro de 2026.

Com a mudança, a Adidas assume o lugar da Riachuelo e da chinesa Peak, alvos de críticas nas redes sociais pelos uniformes usados pelos atletas nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Internautas compararam negativamente as peças com as de outros países, o que gerou debates sobre a escolha de fornecedores para representar o país em um evento de grande visibilidade global.

Segundo o COB, a nova parceria é estratégica para fortalecer a marca Time Brasil. A entidade destaca o pioneirismo do novo fornecedor no Movimento Olímpico e espera ampliar a visibilidade da delegação com coleções criativas, ativações e venda de produtos, além de estreitar a conexão com os valores olímpicos e os fãs.

Para André Svartman, CMO da Adidas no Brasil, a iniciativa vai além do fornecimento de uniformes para atletas e se apresenta como uma oportunidade de engajamento com o público. "É muito mais do que Olimpíada, é sobre estar com o esporte brasileiro. Queremos estar perto dos brasileiros nesse processo de entender que somos verde e amarelo, somos time Brasil", afirma à EXAME. “Temos dezenas de parcerias com NOCs — comitês olímpicos nacionais, em tradução livre — ao redor do mundo. Sabemos como fazer isso”, complementa.

A marca também aposta na visibilidade do Time Brasil, que hoje tem o comitê olímpico com o maior número de seguidores no Instagram e o segundo em presença digital no mundo. O acordo prevê ainda o desenvolvimento de uma coleção exclusiva de produtos licenciados e uma série de ações planejadas para a torcida brasileira.

O time de atletas patrocinados pela Adidas já inclui nomes de destaque do esporte olímpico brasileiro, como Rebeca Andrade (ginástica), Beatriz Souza (judô), Alison dos Santos (atletismo), Raicca Ventura, Felipe Gustavo e Gui Khury (skate). Também fazem parte da lista Thaísa Daher, Pri Daroit, Kisy Nascimento, Tifanny, Douglas Souza e Darlan Souza, das seleções feminina e masculina de voleibol, além de ídolos como o ginasta Arthur Zanetti, campeão olímpico.

A produção dos uniformes do COB ainda não teve local definido, mas a marca não descarta o Brasil. A decisão dependerá da tecnologia necessária para cada item. “Temos hubs de produção no mundo todo. Pode ser aqui ou fora. O que for mais eficiente será adotado”, explica Svartman.

Produção local em expansão

O Brasil já representa uma fatia relevante da produção global da Adidas, conforme o executivo, e deve crescer nos próximos anos. A fabricação acontece principalmente no Nordeste e no Sul, em estados como Bahia, Ceará, Paraná e Rio Grande do Sul, em parceria com fornecedores locais.

O foco está em categorias como calçados e vestuário de treino, além de produtos voltados ao running. “O Brasil sempre foi forte na produção de calçados e certos tipos de roupas. Temos uma produção bastante robusta, ainda não majoritária, mas já bem representativa. E pretendemos aumentar o quanto for possível”, diz Svartman.

Um dos exemplos é o tênis Adizero Drive RC, desenvolvido no país e hoje exportado para mercados como a China. Outro destaque é o modelo Samba, carro-chefe da linha lifestyle da Adidas, que já está sendo fabricado nacionalmente. “Faz todo sentido a gente produzir localmente produtos que aqui são excelentes”, afirma o CMO.

Diante da instabilidade econômica global, o executivo afirma que a empresa acompanha os impactos de medidas como o aumento das tarifas comerciais impostas pelo governo dos Estados Unidos — que tendem a encarecer os produtos no mercado americano —, mas que ainda não há decisão sobre repassar esse custo ao consumidor.

“É algo que estamos monitorando, mas não temos nenhuma definição no momento”, diz. “Acreditamos que o esporte e o lifestyle continuam sendo caminhos relevantes mesmo em tempos difíceis”, complementa.

A estratégia de marketing da Adidas em 2025 se apoia em três grandes pilares: o esporte, o lifestyle e a conexão com as comunidades. A empresa quer se consolidar como uma marca democrática, presente no cotidiano do brasileiro em diferentes contextos, do trabalho à prática esportiva.

“Nosso grande objetivo é fazer com que o brasileiro perceba a Adidas como marca para todos os momentos”, diz o CMO. Isso se traduz em produtos com diferentes faixas de preço, canais variados de distribuição — do e-commerce ao varejo físico — e ações com atletas e influenciadores de diferentes áreas, como MC Livinho, Emicida e Pabllo Vittar.

A conexão com as comunidades, sejam elas esportivas ou culturais, continua sendo um eixo central. “Estar junto de quem nos representa é uma das nossas estratégias para estar conectado com o esporte e com a cultura.”

A marca também reforça sua aposta na execução no ponto de venda, com investimentos na relação com parceiros varejistas e franqueados. “A única estratégia que o cliente vê é a execução. Estar junto com eles, seja em lojas nossas ou dos revendedores, é um dos pilares mais importantes que vai continuar levando a gente”, finaliza.

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