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Cinco dicas não óbvias para você lucrar mais com seu negócio

Fazer dívidas, fugir de investidores e não focar no cliente podem parecer contrassenso, mas são o caminho mais fácil para impulsionar sua empresa

Estratégias de negócios: fora do convencional (Stock.xchng)

Estratégias de negócios: fora do convencional (Stock.xchng)

Publicado em 23 de abril de 2025 às 11h06.

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Com mais de 20 anos de dedicação aos negócios, criei e investi em mais de 50 empresas, desde startups revolucionárias até projetos imobiliários que, juntos, alcançaram um valuation superior a 1 bilhão de reais.

Cresci entre São Paulo e o interior da Bahia, uma cidade chamada Feira de Santana, construindo minha carreira do zero. Fui pioneiro ao lançar uma das primeiras software houses do país, fundei a App2Sales, a plataforma que democratizou a criação de aplicativos sem precisar de programação.

Em 2017, lancei uma ferramenta de automação que rapidamente se consolidou como a maior startup SaaS do Brasil, com 1,2 milhão de usuários ativos em apenas três anos.

Com base em vivências pessoais e resultados concretos, convido você a conhecer essas cinco dicas de estratégias não óbvias, que podem impulsionar sua empresa para patamares de lucro e inovação que vão muito além do convencional.

1 – Faça dívida

A primeira dica contraintuitiva, mas fundamental, é justamente a de fazer dívida. Muitos empresários têm a concepção de que todos os pagamentos devem ser feitos à vista, acreditando que só assim se mantém o controle total do caixa. No entanto, essa mentalidade pode limitar o crescimento e a capacidade de aproveitar grandes oportunidades de negócio. Por que utilizar a dívida a seu favor?

Alavancagem para grandes investimentos

Grandes operações exigem um aporte significativo de capital. Ao entender e dominar o sistema financeiro brasileiro, é possível usar a dívida como ferramenta de alavancagem para adquirir ativos, expandir operações ou comprar empresas. Isso permite que você não esgote seu caixa e, ao mesmo tempo, aproveite oportunidades que, de outra forma, ficariam fora do seu alcance.

Condições favoráveis do mercado

Em determinadas circunstâncias, o ambiente financeiro oferece taxas de juros baixas e incentivos estatais ou federais que tornam o endividamento uma opção vantajosa. Se bem estruturada, a operação pode ter um custo de capital inferior ao retorno gerado pelo novo investimento.

Sinergia operacional e melhoria de valuation

Imagine adquirir uma empresa que já possui um fluxo de caixa consistente. Se você é eficiente na gestão operacional e consegue cortar custos, o próprio dinheiro gerado por essa empresa pode cobrir as parcelas da dívida. Além disso, a incorporação desse novo negócio pode elevar o valuation do seu empreendimento principal, ampliando seu valor de mercado e sua capacidade de competir. Para isso, é preciso fazer um planejamento financeiro rigoroso: Antes de assumir qualquer compromisso, faça uma análise detalhada do fluxo de caixa e projete cenários que considerem a capacidade de pagamento da dívida e fazer uma gestão eficaz dos custos.

2 – Não tenha investidores

Baseado na minha vivência de criar diversas startups e negócios, e também de atuar do outro lado da mesa como investidor, aprendi que, nos estágios iniciais, a autonomia e a agilidade são fundamentais para capturar fatias de mercado.

Antes de pensar em captar recursos de fundos ou investidores profissionais, reflita: no começo, você precisa estar livre para arriscar e reagir rapidamente às mudanças do mercado. Se você aceita dinheiro externo desde o início, corre o risco de se tornar um funcionário da sua própria empresa, preso a um plano preestabelecido, com a obrigação de apresentar indicadores e reportar resultados constantemente.

Essa dinâmica pode desviar seu foco do que realmente importa: o produto e as vendas. Em quase todos os meus empreendimentos, optei pelo bootstrap, forçando a empresa a ser lucrativa com recursos próprios. Claro, se o capital for barato, como aqueles provenientes de bancos, fundos perdidos ou linhas de crédito para empresários, ele pode ser captado logo no início para acelerar os resultados.

Nesses casos, o dinheiro tem um custo baixo e serve como um impulso estratégico, sem comprometer sua autonomia, pois não há sócios com exigências de report ou interferência diária. Quando a empresa cresce, se torna reconhecida e possui um fluxo de caixa robusto, é o momento ideal para atrair investidores ou captar recursos de fundos que estejam alinhados com seu produto e tese, trazendo o tão desejado smart money.

Nesse estágio, a diluição é menor e o capital captado pode ser exponencialmente maior, possibilitando até mesmo um micro-exit: parte do dinheiro reforça o caixa para reinvestimentos e outra parte beneficia o fundador.

Em resumo, mantenha sua independência e preserve a liberdade para inovar e ajustar estratégias rapidamente. Use o endividamento ou fontes de capital barato no início para acelerar seu crescimento e só recorra a investidores externos quando o seu negócio já tiver demonstrado sua força e potencial no mercado.

Essa abordagem permite que você escolha parceiros que, além de capital, tragam expertise e acesso a novas oportunidades, potencializando ainda mais o sucesso do seu empreendimento.

3 – Incentive o erro

Eu sempre acreditei que, no Brasil, o erro é visto de forma negativa, como algo que deve ser evitado a todo custo. No entanto, ao longo da minha trajetória empreendedora, tanto criando empresas quanto atuando globalmente, aprendi que o verdadeiro diferencial competitivo está em aprender com os erros.

Essa mentalidade, tão valorizada no Vale do Silício, me ensinou que cada falha bem analisada é um trampolim para novas conquistas. Quando enfrento um erro, minha primeira atitude é identificar o que não funcionou e desenvolver novas hipóteses para evitar que o mesmo problema se repita.

Por exemplo, se uma campanha de marketing não atinge os resultados esperados, eu a encaro como uma oportunidade para ajustar a estratégia, entender melhor meu público e otimizar os investimentos futuros. Essa abordagem me permitiu transformar desafios em oportunidades de melhoria contínua.

Uma prática que considero fundamental é o compartilhamento do aprendizado. Sempre que identifico e corrijo um erro, repasso essa experiência para todas as unidades e equipes com as quais trabalho ao redor do mundo.

Esse intercâmbio cria uma rede global de conhecimento, evitando que os mesmos erros se repitam e fortalecendo a capacidade de adaptação de toda a organização. Alguns exemplos práticos da minha jornada:

Recrutamento

Já contratei pessoas por afinidade ou indicação, mas, com o tempo, percebi que isso nem sempre garantia o encaixe ideal na cultura que eu desejava construir. Hoje, uso essas lições para aprimorar meu processo seletivo, priorizando critérios que realmente impactam o desempenho e a sinergia da equipe.

Investimentos em marketing

Investi, em algumas ocasiões, em campanhas sem um planejamento estratégico robusto. Ao reconhecer esses erros, redirecionei os esforços para estratégias mais alinhadas ao perfil do meu público, melhorando o retorno sobre cada real investido.

Processos internos

Implementações de novos sistemas que não funcionaram como esperado me ensinaram a importância de treinar a equipe e repensar os processos, aumentando a eficiência operacional. Aprender com os erros não só me permitiu evitá-los no futuro, como também reduziu falhas operacionais extremamente custosas.

4 - Não foque no cliente

Durante minha trajetória, percebi que concentrar esforços somente no cliente muitas vezes limita a visão para competir apenas por funcionalidades ou preços. O verdadeiro diferencial está em entender toda a cadeia produtiva do setor e construir um ecossistema que resolva os problemas em todas as etapas, do fornecedor ao consumidor final.

Quando você adota essa abordagem, não só cria um diferencial competitivo, como também gera novas fontes de receita, melhora a previsibilidade do caixa e aumenta o LTV (Lifetime Value).

Ao mapear a jornada completa do mercado, você identifica pontos de melhoria que beneficiam todos os envolvidos. Vou usar como exemplo, a experiência da startup na qual sou investidor, a VOGUER, uma “airbnb” de aluguel de barcos, que conecta o dono de barco, com a pessoa que quer usá-lo, através de um aplicativo disponível na AppStore e Google Play.

Do dono do barco

Estabelecemos parcerias que garantem um volume mínimo de locações, proporcionando previsibilidade e melhores condições financeiras para os proprietários.

Parcerias Locais

Firmamos acordos com empresas de aluguel de barcos, garantindo a ocupação das datas e otimizando a utilização dos ativos.

Experiência do usuário

Garantimos que o barco esteja sempre em perfeitas condições por meio de seguros e manutenção preventiva, o que gera confiança e fidelização.

Parcerias com instituições de luxo

Trabalhamos com marcas renomadas que agregam valor à experiência, inclusive ajudando na captação de financiamentos diferenciados.

Receitas adicionais

Ao resolvermos toda essa cadeia, não ficamos restritos apenas à receita do aluguel dos barcos. Implementamos um plano de assinatura e desenvolvemos outras soluções que surgem naturalmente ao se tornar líder de mercado. Essa estratégia não só gera previsibilidade de caixa, como também aumenta o LTV e cria oportunidades para melhores negócios.

5 – Não faça benchmark com seus concorrentes nem com o mercado

Quando comecei a empreender, acreditava que o caminho do sucesso era comparar cada passo com os concorrentes para fazer algo melhor, com um diferencial claro. No entanto, descobri que usar empresas do seu próprio segmento como referência pode limitar seu potencial e criar um teto para o crescimento.

Ao adotar esse mindset, você acaba reproduzindo os mesmos números e práticas que já são padrão no mercado, sem enxergar além do óbvio. Em vez de se prender ao que é comum no seu setor, eu busco inspiração em empresas líderes globais, que revolucionaram seus segmentos com inovações surpreendentes. Analiso desde a forma como elas desenvolvem produtos e gerenciam a distribuição até a maneira de conduzir processos contábeis e operacionais.

Essa abordagem me permite entender o que as torna diferentes e como posso adaptar esses modelos ao meu mercado, criando um diferencial competitivo robusto. Ao explorar mercados que não são o meu, encontro lições que vão muito além do produto ou serviço que ofereço. Por exemplo:

Experiência e comunidade

Um hotel pode aprender com o League of Legends, que cria experiências tão envolventes que transforma jogadores em fãs apaixonados.

Aumento do ticket médio

Eu observo como o McDonald's, cuja essência está ligada ao mercado imobiliário, consegue elevar o ticket médio por meio de estratégias de marketing e operações bem estruturadas.

Engajamento e fidelidade

Empresas como a Starbucks vão além do café, elas funcionam quase como um banco não regulado, onde os clientes acumulam recompensas que os fidelizam à marca.

Exclusividade e valor de marca

A Rolex, com suas longas listas de espera, demonstra como criar uma aura de exclusividade pode aumentar drasticamente o valor percebido de um produto. Ao sair da zona de conforto e expandir meu olhar para outros mercados, consigo desenvolver um plano de implementação para anos, trazendo inovações que meus concorrentes nem imaginam.

Em resumo, ao adotar essas cinco dicas não óbvias você se posiciona para inovar e liderar de maneira sustentável. Essas estratégias me permitiram transformar desafios em oportunidades, ampliar receitas e criar um modelo de negócio diferenciado, que vai muito além da simples competição por preços ou funcionalidades.

Ao pensar de forma holística e aprender com os melhores de diversos setores, você não só aumenta seu potencial de lucro, como também constrói uma base sólida para enfrentar os desafios do mercado de forma única e assertiva. Se você está pronto para dar um salto de qualidade, repense o tradicional, questione o óbvio e prepare-se para colher os frutos de uma gestão mais audaciosa e inovadora. Afinal, é na combinação de ousadia e aprendizado contínuo que reside o verdadeiro caminho para lucrar mais.

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