Interface do Veo 3: nova ferramenta do Google que usa inteligência artificial para gerar vídeos a partir de texto, som e imagem em poucos segundos (TikTok/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 1 de julho de 2025 às 20h00.
*Por Leopoldo Jereissati
O anúncio do Veo 3, novo gerador de vídeo por inteligência artificial (IA) do Google, marca um ponto de inflexão na produção audiovisual. A capacidade de gerar vídeos de até 8 segundos, com som e imagem, a partir de uma simples descrição em texto, já está disponível para usuários dos planos Google AI Pro e Ultra. Pode parecer apenas uma evolução técnica, mas é muito mais que isso: é o início de uma nova etapa na criação em escala.
A projeção de que o mercado global de geradores de vídeo por IA saltará de US$ 534 milhões em 2024 para mais de US$ 2,5 bilhões até 2032 mostra a dimensão dessa transformação. Mas a pergunta que mais interessa às agências é: o que muda na prática?
Na All Set, onde operamos com squads in-house para marcas como Nestlé, Mercado Livre e AB InBev, já sentimos os primeiros impactos. A IA generativa, antes conceito, hoje é parte concreta da rotina criativa e de performance, onde velocidade, personalização e eficiência são exigidas, sem abrir mão de estratégia.
Prototipação rápida de ideias visuais, testes de linguagem e tom, moodboards dinâmicos, roteiros estruturados e agora simulações audiovisuais em tempo real: tudo isso se tornou acessível. O Veo 3 traz uma nova camada — a do tempo real. Em vez de explicar uma ideia, podemos mostrá-la em segundos. Isso transforma a relação com o cliente, acelera a aprovação e reorganiza o próprio processo criativo.
Mas essa evolução exige uma nova postura das agências.
Na All Set, entendemos que a IA não é um atalho, mas uma alavanca. Ela amplifica o trabalho humano, mas requer direção, curadoria e responsabilidade. O uso de vídeos sintéticos em campanhas traz novos dilemas: como garantir transparência com o consumidor? Como diferenciar o conteúdo “real” do “gerado”? Como evitar vieses e estereótipos reproduzidos por algoritmos?
Essas não são barreiras, são oportunidades. Estamos diante de uma democratização da criação. Nesta semana, em um evento para corretores em Rio Verde (GO), vi duas empresas locais já utilizando roteiros e filmes 3D impulsionados por IA para campanhas em redes sociais. O impacto é imediato — em percepção, performance e escala.
É exatamente aí que vejo valor no papel de empresas como a nossa: traduzir avanços técnicos em soluções criativas, éticas e orientadas a resultados.
Nosso desafio é tornar a operação do cliente mais eficiente e rever como monetizamos nosso trabalho, pois os modelos vigentes estão sob pressão e precisam evoluir.
Estamos apenas no começo dessa revolução.
O Veo 3 sinaliza que o vídeo, um dos formatos mais caros e complexos de produzir, está se tornando democrático, programável e escalável. Isso abre espaço para mais liberdade criativa, mais testes e mais inteligência adaptativa. Mas exige, mais do que nunca, visão crítica e liderança prática.
A IA vai substituir o profissional mediano e afetar quem não souber trabalhar com ela. As cartas abertas de CEOs globais já indicaram o caminho.
Sobreviverá quem se adaptar mais rápido, e dominar o uso da tecnologia com propósito.
*Por Leopoldo Jereissati, CEO e fundador da All Set Comunicação