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Gigante chinesa de delivery, Meituan chega ao Brasil com investimento de R$ 5,6 bilhões

Keeta, marca internacional da Meituan, lançará serviços de entrega de comida no Brasil nos próximos meses, intensificando a disputa no mercado de delivery

Keeta: novo serviço de delivery da Meituan será lançado no Brasil com um investimento de R$ 5,6 bilhões (Barcroft Media / Colaborador/Getty Images)

Keeta: novo serviço de delivery da Meituan será lançado no Brasil com um investimento de R$ 5,6 bilhões (Barcroft Media / Colaborador/Getty Images)

Juliana Pio
Juliana Pio

Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais

Publicado em 11 de maio de 2025 às 19h19.

Última atualização em 11 de maio de 2025 às 20h45.

A chinesa Meituan, especializada em delivery de refeições e tecnologia para o varejo, confirmou o lançamento do Keeta, seu serviço de entrega de comida no Brasil. A operação receberá um investimento de R$ 5,6 bilhões ao longo dos próximos cinco anos para apoiar a expansão da empresa no país.

A novidade será anunciada nesta segunda-feira, 12, durante uma cerimônia de assinatura em Pequim, com a presença de Wang Xing, CEO da Meituan, e do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. A empresa, no entanto, não informou uma data para a estreia no Brasil, limitando-se a dizer que a operação deve começar “nos próximos meses”.

"Estamos ansiosos para trazer o Keeta ao Brasil, com o objetivo de melhorar a experiência dos consumidores, impulsionar o crescimento dos restaurantes parceiros e gerar mais oportunidades para os entregadores parceiros em todo o país", diz o CEO da Meituan, em nota.

O anúncio ocorre menos de um mês após a chinesa Didi, controladora da 99, informar que investirá R$ 1 bilhão para expandir sua operação de logística no Brasil e retomar o 99Food — serviço de entrega de refeições encerrado em 2023 — agora com taxa zero para restaurantes.

Na última semana, a colombiana Rappi, que seguia com presença tímida, também prometeu zerar as taxas cobradas de restaurantes e investir R$ 1,4 bilhão no Brasil nos próximos três anos, conforme reportou a EXAME.

A chegada da Meituan intensifica a disputa no mercado brasileiro de delivery, dominado pelo iFood, que detém cerca de 80% do setor e ainda opera com taxas entre 25% e 35%. A empresa, controlada pela holandesa Prosus, realizou recentemente um reajuste de 15,3% na taxa mínima paga aos entregadores, abaixo da reivindicação da categoria.

Lançada em 2022 em Hong Kong, a marca internacional da Meituan, Keeta, oferece serviços de entrega de alimentos na região e expandiu para o mercado da Arábia Saudita no ano passado, conquistando clientes com entregas rápidas e preços competitivos. O sucesso, segundo a companhia, é reflexo de mais de 15 anos de experiência operacional e investimentos em tecnologia.

No Brasil, a Meituan possui registro de marca desde 2020, mas foi apenas nos últimos dois anos que os rumores sobre sua chegada ganharam força. “O país é um grande mercado, com potencial ainda maior. É um privilégio contribuir para seu crescimento econômico e ampliar as opções dos brasileiros”, afirma o CEO. “Estamos felizes em trazer nossa experiência e tecnologia, beneficiando os usuários, assim como fizemos na Ásia e no Oriente Médio.”

Na China, onde compete com marcas como Ele.me, do grupo Alibaba, e Douyin, versão chinesa do TikTok, a Meituan conta com 770 milhões de usuários ativos. Em 2024, a empresa registrou uma média de 98 milhões de entregas diárias de pedidos feitos online. Para comparação, o iFood celebrou, em 2024, 100 milhões de entregas mensais.

Wang Xing diz que, ao investir no Brasil, espera impactar positivamente tanto os usuários quanto a indústria, impulsionando a inovação e elevando a qualidade do serviço na região. Listada na Bolsa de Valores de Hong Kong desde 2018, a Meituan registrou uma receita de US$ 46,65 bilhões em 2024. Com cerca de 200 milhões de usuários na China, o aplicativo da empresa detém 70% do market share no país.

Fundada em 2010, a Meituan oferece, por meio de seu app, uma ampla gama de serviços, incluindo entrega de alimentos, mercado, medicamentos, venda de ingressos para cinema e shows, e reservas de viagens, entre outros. No entanto, o foco principal da empresa é o delivery — tanto que seu slogan é "ajudar as pessoas a comer melhor e viver melhor"

A entrega expressa, modelo adotado pela Meituan e por sua concorrente Alibaba, tem se consolidado como um dos pilares da logística no gigante asiático, como mostrou a EXAME. Entre as principais inovações está o uso de drones para entregas, que têm contribuído para a redução de custos para comerciantes, o aumento de receitas e a melhora na experiência do consumidor.

O mercado de delivery no Brasil e a chegada da Meituan

O mercado de delivery no Brasil é dominado pelo iFood, que realiza cerca de 120 milhões de pedidos mensais. No entanto, o setor tem visto movimentações importantes, como a do Rappi, que anunciou um investimento de R$ 1,4 bilhão e a isenção de taxas para restaurantes por três anos, com o objetivo de ampliar sua participação e oferecer preços mais competitivos aos consumidores.

O modelo adotado pela Rappi, chamado full service, assume toda a cadeia logística - desde a intermediação até a entrega - e visa transformar a vertical de restaurantes em porta de entrada para outros serviços do aplicativo, como supermercado, farmácia e serviço ultrarrápido Turbo, que representam 80% do faturamento da empresa no Brasil. A estratégia inclui expansão para cerca de 300 cidades, ampliando significativamente sua presença (hoje atua em 50 localidades).

Além do Rappi, outras empresas como a 99Food e aiqfome, do Magalu, também investem no mercado brasileiro, que cresce impulsionado pela digitalização, mudanças nos hábitos de consumo e inovação tecnológica, incluindo inteligência artificial e novos formatos como dark kitchens.

O setor de delivery de comida deve movimentar US$ 21,18 bilhões até o fim de 2025, podendo alcançar US$ 27,81 bilhões em 2029, com uma taxa de crescimento anual de 7,05%, segundo dados do Statista.

Nesse cenário competitivo, a chegada da Meituan ao Brasil pode marcar uma nova etapa, com o uso de tecnologia e logística avançada. Ainda não está claro, contudo, como os R$ 5,6 bilhões serão aplicados. A expectativa é que a maior parte vá para subsídios a restaurantes e consumidores, além de marketing.

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