Marketing

Só 22% faturam: por que a maioria dos influencers ainda não ganha com conteúdo?

Pesquisa da Favikon, em parceria com a People2Biz, analisou os 200 maiores influenciadores do Brasil em cinco redes sociais para traçar o cenário da creator economy no país

Virginia Fonseca lidera o ranking de engajamento no Instagram no estudo da Favikon e People2Biz, destacando-se pelo uso estratégico de Reels, lives e promoções para impulsionar a monetização (Instagram/Reprodução)

Virginia Fonseca lidera o ranking de engajamento no Instagram no estudo da Favikon e People2Biz, destacando-se pelo uso estratégico de Reels, lives e promoções para impulsionar a monetização (Instagram/Reprodução)

Juliana Pio
Juliana Pio

Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais

Publicado em 29 de maio de 2025 às 14h07.

Última atualização em 29 de maio de 2025 às 14h10.

Tudo sobreInfluenciadores
Saiba mais

Apenas 22% dos 200 maiores influenciadores brasileiros monetizam conteúdos em 2025. O dado é de um estudo da Favikon, plataforma global de marketing de influência baseada em inteligência artificial, em parceria com a People2Biz, agência especializada em marketing pessoal, B2B influencer marketing e marketing de comunidade.

A pesquisa analisou os principais criadores de conteúdo no Instagram, YouTube, X, TikTok e LinkedIn. Segundo o levantamento, mesmo entre os que já faturam, há a necessidade de diversificar fontes de receita, como venda de produtos próprios, cursos ou participação em programas de afiliados.

De acordo com o estudo, os 200 principais influenciadores acumulam, juntos, 1,3 bilhão de seguidores nas cinco plataformas analisadas. A diversificação de fontes de receita elevou os ganhos anuais da elite do setor para uma faixa entre US$ 8,3 milhões e US$ 10,9 milhões.

Esse cenário tornou o mercado atrativo até mesmo para investimentos de private equity. Segundo a pesquisa, o crescimento médio da audiência dos influenciadores brasileiros é de 2,96% ao mês, o que demonstra uma tendência contínua de expansão.

Os dados indicam que os influenciadores já ultrapassam as cinco maiores redes de TV do Brasil em alcance combinado e apresentam níveis de engajamento de quatro a seis vezes maiores.

Além disso, 85% dos principais criadores nacionais são multiplataforma, com presença em três ou mais redes sociais. Apenas 3% atuam exclusivamente em uma única plataforma.

“Em nosso levantamento, em vez de perseguir a contagem de seguidores, focamos no que realmente impulsiona o ROI (retorno sobre investimento): conteúdo nativo da plataforma, sinais de engajamento e alavancas de monetização. Resumindo, este não é um concurso de popularidade — é um manual para quem quer levar o marketing de criadores a sério no Brasil”, diz Jeremy Boissinot, CEO da Favikon.

Principais influencers do Brasil

A pesquisa consolidou um ranking geral dos Top 10 influenciadores brasileiros, considerando não só o número de seguidores, mas também engajamento, evidências de monetização e amostras de postagens de mais de cinco mil peças de conteúdo. Veja a seguir:

  • 1. Neymar: ícone global do futebol, mantém um alcance diário superior a 40 milhões de pessoas por meio de uma estratégia de republicações no Instagram, TikTok e X;
  • 2. Virginia Fonseca: empresária com grande foco em conteúdo sobre estilo de vida;
  • 3. Zé Felipe: cantor que expõe bastidores para envolver os fãs;
  • 4. Cleyton da Silva (Spider Slack): criador de conteúdo de comédia, combinando vídeos curtos com conteúdo aprofundado;
  • 5. Lucas Rangel: influencer que aposta em formatos de desafios virais e esquetes seriadas;
  • 6. Hytalo Santos: influenciador que explora a paternidade e conteúdo familiar para se conectar com comunidades;
  • 7. Vinicius Júnior: outro ícone global do futebol, que mostra o dia a dia nos campos, bastidores e aborda discussões sociais;
  • 8. Emilly Vick: criadora de conteúdo que traz brincadeiras virais e vídeos de desafios;
  • 9. Camilla Pudim: creator com foco em desafios e tutoriais de maquiagem;
  • 10. Marcelo Vieira: ex-jogador de futebol e atual empresário que explora conteúdo pessoal e estilo de vida.

O estudo traz ainda um Top 10 de cada rede social analisada, com dados de mercado, perfil de atuação dos criadores, modelos de monetização, parcerias com marcas, padrões de crescimento e indicadores de audiência. A seguir, os três principais creators brasileiros em cada plataforma, conforme a análise:

Instagram

  • 1. Virginia Fonseca: usa reels, carrosséis e stories para se manter no feed. Altamente ativa em lives do Instagram, vendas e sorteios;
  • 2. Hytalo Santos: feed com uso consistente de vídeos verticais;
  • 3. Neymar: aproveita momentos importantes de partidas e colaborações com marcas para gerar picos de engajamento.

YouTube

  • 1. Heloisy Bello: estética alegre e voltada para crianças e famílias. Cria fidelidade por meio de uma narrativa centrada nos personagens;
  • 2. Bispo Bruno Leonardo: usa clipes curtos com teor emotivo e sessões de oração ao vivo para construir retenção;
    3. Giuliana Mafra: combina criatividade visual com narrativa envolvente. Thumbnails envolventes que aumentam a taxa de cliques.

X

  • 1. Jair M. Bolsonaro: se beneficia do legado offline como ex-presidente e alianças globais de direita;
  • 2. Nikolas Ferreira: aproveita da forte visibilidade como deputado federal e tem uma base conservadora altamente engajada;
  • 3. Faby Jurídico Modern Family: utiliza do humor do seriado em questão para abordar cultura pop com ângulos sociais e legais.

TikTok

  • 1. Camilla Pudim: combina visuais de beleza marcante com humor relacionável — formato ideal para viralização;
  • 2. Nathalia Valente: posicionamento forte na moda com conteúdo inspirador, mas acessível;
  • 3. Ingrid Ohara: traz a credibilidade da mídia tradicional para as plataformas sociais.

LinkedIn

  • 1. Ricardo Amorim: autoridade de longa data em economia e palestrante altamente requisitado;
  • 2. Luciano Hang: forte transição da fama offline (proprietário da Havan) para a viralidade online. Opiniões polarizadas o ajudam a se manter visível e engajado;
  • 3. Carolina Martins: autoridade de nicho em RH e coaching de carreira, relevante para o alto índice de profissionais em busca de emprego na rede.

“O mercado de marketing de influência no Brasil passa por um momento de inflexão, saindo de um modelo amador e de volume para um ecossistema mais estratégico, profissional e especializado”, explica Luis Claudio Allan, CEO da People2Biz.

Segundo Allan, o LinkedIn é um exemplo de plataforma subestimada em termos de monetização: “Menos de 1% do conteúdo é patrocinado. Essas reflexões transformam como as marcas devem atuar, como as agências devem planejar campanhas e o perfil de quem será relevante no futuro da creator economy no país.”

Foco em múltiplas plataformas e formatos

O estudo também identificou que 30% dos criadores combinam Instagram, TikTok e YouTube, enquanto outros 11% focam apenas em Instagram e TikTok. Já a presença exclusiva em uma única plataforma é rara: apenas 3% dos influenciadores trabalham dessa forma.

Para Boissinot, a combinação de múltiplas plataformas representa um ponto de equilíbrio estratégico para o crescimento da audiência.

“Os criadores que estão presentes nessas três redes conseguem combinar alcance e direcionamento, atingindo taxas de crescimento próximas às de quem foca exclusivamente no YouTube. Essa estratégia bem calibrada tem se mostrado uma das mais eficazes para escalar audiência de forma sustentável e se manter competitivo no topo da creator economy", afirma Boissinot.

Entre os formatos, os Reels do Instagram lideram em engajamento, com média de 31,6% de interações por publicação. Os vídeos longos vêm em seguida, com 21,9%, mas apresentam desempenho mais consistente. Segundo a pesquisa, o dado indica que o público mantém interesse por conteúdos mais longos ou híbridos.

Os posts estáticos, como imagens e carrosséis, apresentam engajamento mais baixo, de 9,4%, mas continuam relevantes para fortalecer a presença da marca e comunicar mensagens educativas.

Os Shorts do YouTube registram os menores índices de crescimento, com média de 3,4%, o que sugere uma utilização mais estratégica desse formato, como porta de entrada para conteúdos mais aprofundados.

O estudo também aponta uma distribuição desigual no desempenho, com poucos posts elevando a média. O resultado reforça a importância de testar diferentes formatos.

A recomendação é investir em um mix estratégico: Reels pontuais, com potencial de viralização, e vídeos longos, que garantem engajamento constante.

Futuro é de parcerias integradas

Segundo a pesquisa, o que impulsionou o crescimento da creator economy no Brasil em 2025 foi a combinação entre vídeos curtos, vídeos longos e atuação multiplataforma.

A expectativa para os próximos anos é que as marcas abandonem colaborações em canais únicos e priorizem parcerias integradas em dois ou mais ecossistemas.

De acordo com Allan, da People2Biz, os criadores mais valiosos não são apenas virais, são confiáveis. "Criadores B2B no LinkedIn, educadores de nicho no YouTube e contadores de histórias familiares no Instagram geram resultados comerciais reais — geralmente com custos baixos e fama zero.” Isso, para o executivo, é uma valiosa lição para o setor, que não precisa se apoiar apenas nos grandes creators e deve também ter em mente os microinfluenciadores.

Na visão de Boissinot, da Favikon, os criadores de destaque hoje não são apenas bons diante das câmeras, são eficientes. "A estratégia dominante que vemos entre os perfis de rápido crescimento é gravar um vídeo vertical curto, adicionar uma legenda nativa, republicá-lo como um Reels do LinkedIn e, em seguida, transformar a transcrição em um carrossel de 3 slides. O que separa os melhores dos demais não é o tamanho do público ou o nicho, mas sim o fluxo de trabalho.”

A empresa destaca que as pontuações do estudo são estimativas baseadas em dados públicos e processadas por algoritmos. Segundo a plataforma, podem ocorrer variações em relação às métricas reais, devido a atualizações, diferenças nas fontes de dados e metodologias. "Por isso, recomenda-se que as informações sejam interpretadas como indicativas e não definitivas", diz o comunicado.

Acompanhe tudo sobre:Creator EconomyInfluenciadoresRedes sociaisestrategias-de-marketing

Mais de Marketing

Prêmio da Música Brasileira 2025 terá patrocínio de BTG Pactual, iFood e Ministério da Cultura

Conspiração anuncia Tereza Gonzalez como VP Internacional

CBF tem dinheiro, mas não tem o povo: por que os fãs estão descontentes com o futebol brasileiro?

Marcas transformam Dia do Hambúrguer em vitrine de estratégia e fidelização