Em um mundo saturado de informações, o verdadeiro crescimento acontece quando deixamos de buscar novidades e começamos a aplicar o que já sabemos (Raphael Lopes)
CEO do A-Lab
Publicado em 18 de março de 2025 às 06h00.
Estava em Austin, no SXSW 2025, e uma coisa que vi se repetir por lá foi a resposta “nada muito novo” para a pergunta “e aí, o que está achando?”
Fiquei me perguntando “como entrar em contato com algo realmente novo, num mundo onde uma quantidade absurda de informação circula por uma quantidade absurda de meios?”
Você provavelmente já foi a uma palestra ou leu um livro e também pensou: “Nada de novo”, não é?
Isso geralmente acontece, porque o conhecimento essencial para o nosso crescimento já está amplamente acessível. O problema não está no conteúdo – está em como reagimos a ele.
Vivemos em uma era de hiperacesso à informação. O que antes era privilégio de poucos, hoje está disponível a um clique de distância. Palestras de eventos como o SXSW, cursos sobre inovação, livros de desenvolvimento pessoal – tudo isso está recheado de conceitos que, em sua essência, já foram ditos antes.
Quando falamos em conteúdos de desenvolvimento pessoal, então, nada, absolutamente nada do que é falado hoje já foi falado há milhares de anos por grandes filósofos, como Sêneca, Confúcio e Aristóteles.
O que penso é que confundimos novidade com transformação. Achamos que, para um aprendizado valer a pena, ele precisa ser revolucionário. Mas a questão não é o que você sabe, e sim o que você faz com isso.
Sempre que ouvimos algo que já conhecemos, nossa tendência é nos fecharmos. É como se nosso cérebro automaticamente invalidasse a informação. Ouvimos um conceito sobre disciplina e pensamos: “Ah, já sei que preciso ser disciplinado.” Mas saber não é suficiente. A pergunta real é: você está praticando isso?
Quando rejeitamos um aprendizado por já termos sido expostos a ele antes, perdemos uma grande oportunidade: a de refletir sobre nossa própria aplicação do conhecimento.
Seja sobre produtividade, liderança, criatividade ou qualquer outra habilidade, sempre há um gap entre o que sabemos e o que colocamos em prática. E é nesse espaço que a verdadeira evolução acontece.Aqui estava um exercício simples que adotei durante o SXSW e que mudou minha forma de absorver o conteúdo por lá: toda vez que ouvia algo que já conhecia, em vez de me fechar, fazia duas perguntas para mim mesmo:
Com essas duas perguntas simples, tenho transformado qualquer palestra, ou conversa em uma ferramenta de autoavaliação. O foco deixa de ser o que eu (acho) que já sei e passa a ser o que eu ainda não estou praticando.
A busca incessante por novidades pode ser uma forma de procrastinação disfarçada. Corremos atrás de mais informação porque isso nos dá a ilusão de progresso. Mas o verdadeiro crescimento não vem de consumir mais conteúdos e sim de aplicar melhor o que já conhecemos.
Experimente isso: da próxima vez que você ouvir algo familiar, resista à tentação de descartar essa informação. Em vez disso, pergunte-se: o quanto estou vivendo isso na prática? Muitas vezes, a resposta será um convite para agir, e não apenas para aprender.
da próxima vez que ouvir algo familiar, resista à tentação de descartar essa informação. Em vez disso, pergunte-se: o quanto estou vivendo isso na prática? Muitas vezes, a resposta será um convite para agir, e não apenas para aprender.
O que transforma a vida não é o que você sabe. É o que você faz com isso.